segunda-feira, 19 de setembro de 2022

 


 

 

ENCANTOU-SE O “BISPO DE TAIPU”

Por Carlos Roberto de Miranda Gomes

 

         Nunca está só quem tem um livro para ler. INÁCIO MAGALHÃES DE SENA tinha muitos, muitos mesmos, sequer era possível saber a cor das paredes de sua modestíssima casa pois os livros iam até o teto.

         Dizia sempre, em suas conversas, que não conseguiria sobreviver sem os seus livros e por isso foi sufocado por eles.

         Nascido em Ceará-Mirim em 11 de dezembro do ano de 1938, completara seus 84 anos de existência e de andarilho por esse mundo afora. Conheceu Oropa, França e Bahia. Recebeu o título de Cidadão Natalense em 2015, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Cearamirinense de Letras Pedro Simões Neto – ACLA-PSN.

         Cristão devoto, escreveu poucos livros [Agora lábios meus, dizei e anunciai, Memórias Quase Líricas de um Vendedor de Cavaco Chinês e outros escritos, inclusive importantes pesquisas a serem publicadas], pois era um Menestrel divulgando a sua cultura de forma oral, com muita sapiência.

         Segundo Pedro Simões Neto, ele era sócio fundador da confraria dos “Amigos de Manoel Onofre Júnior, ex-presidente da turma de pensadores da Praça das Cocadas, diretor e animador do clube lítero-recreativo da Poty Livros.” Recentemente pertencia à Confraria do Café Avenida.

         Em que pese suas periódicas enfermidades, sempre se saía bem, mercê do costume de andar muito a pé, o que lhe deu muita vitamina “D” e um suporte muscular mais intenso para um homem de sua idade.

         Grande papo, com tiradas de prosa que mereciam ser anotadas para serem reproduzidas em conversas e debates. Chegou a gravar a sua vida em sucessivos áudios no UhatsApp, que merecem ser reunidos para se escrever sobre ele e assim ficar na imortalidade.

         Além dos livros, também os DVD’S e muito cinema, mais de 20.000 fitas até que virou filme, exibido no festival de gramado em 2015.

         Inácio voltou à Casa do Pai na madrugada deste domingo 18 de setembro, após um razoável período de internamento no Hospital do Coração onde não lhe faltou nada. Dizia nas mensagens que estava no céu.

         Sem ter uma família que cuidasse dele a contento, recebeu o apoio da grande quantidade de amigos e amigas, que logo se consternaram com a notícia de sua partida, em particular os seus anjos protetores Maria Emília e Rachel, esta que cuidou dele até os últimos instantes de sua existência.

         Os amigos lhe proporcionaram um velório digno e um sepultamento no cemitério de Ceará-Mirim, junto aos seus ancestrais, satisfazendo um pedido seu. Entidades e Instituições culturais publicaram notas de pesar: IHGRN, Conselho Estadual de Cultura, inúmeros grupos de whatsapp e privados.

MISSÃO CUMPRIDA NOBRE AMIGO.

         Muito breve reativaremos na Eternidade a nossa Confraria das Livrarias e Cafés da cidade de Natal para discussão dos problemas do Brasil, do Mundo e da Igreja. TCHAU!

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(*) Quadro que pintei da Igreja de Ceará-Mirim.

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