REENCONTRO
ESPIRITUAL COM EVALDO GOUVEIA
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes
De
um encontro casual com o colega José Maria Rodrigues Bezerra, hoje com
domicílio em Fortaleza, comentei das minhas andanças pela capital Alencarina, a
primeira das quais em visita profissional, quando cumpri contrato com a PRE-9,
Ceará Rádio Clube (creio ser esse o nome) para apresentações artísticas em sua
programação.
Tinha
eu 11 anos e acabara de ganhar um concurso musical na Rádio Poti de Natal –
Programa Domingo Alegre, de Genar Wanderley, sagrando-me “Campeão Vic-Maltema
1950”.
Nessa
excursão, que durou 11 dias, tive a oportunidade de ser acompanhado pelo jovem
violonista de 22 anos conhecido por Evaldo Gouveia, que também fazia parte da
Orquestra do Maestro Mozart Brandão, com a qual gravei um disco.
No
caminhar da emissora para o Elcelsior Hotel, onde estava hospedado, juntamente
com o meu empresário Francisco Gomes de Sales trocávamos prosa sobre a vida
artística e Evaldo falava da criação de um trio (Nagô), inspirado no Trio
Irakitan de Natal, com o qual fiz uma gravação em fita, depois colocada em
acetato e que seria a primeira gravação da história do Trio potiguar, do qual
os seus integrantes nunca tomaram conhecimento, mas eu guardei e transformei em
CD, onde gravei em um lado e ele, o Trio, gravou na outra face.
Esse
assunto, por conhecimentos indiretos foi levado por José Maria até a Senhora
Liduina Lessa, viúva de Evaldo que, em carinhoso autógrafo me enviou um
exemplar do livro “O que me contou Evaldo Gouveia”, de autoria do escritor
cearense Ulysses Gaspar.
Voltei
ao passado, já distante, revi papéis de rádio e a primeira foto oficial do Trio
Nagô, oferecida a mim e logo passei a divagar pelo campo da espiritualidade e
relembrar a figura ímpar daquele pranteado cantor, cuja viagem final aconteceu
em maio de 2020 e então vieram à lembrança as suas canções, em especial as
compostas com Jair Amorim: Que queres tu de mim; Sentimental demais; Alguém
me disse; Tudo de mim; Brigas; Ave Maria dos Namorados; Ninguém chora por mim;
Somos iguais, O Conde; Bloco da Solidão; O Trovador e dezenas de outras,
gravadas pelos mais festejados artistas do Brasil.
Acompanhei
a sua carreira e tive a oportunidade de assisti-lo em canto solo no Projeto Seis e Meia, aqui em Natal, na
primeira década do século XXI. Não ousei procura-lo nos bastidores, por
absoluto acanhamento.
Nas
minhas reminiscências, descobri uma partitura musical dedicada a mim, da canção
“Que Linda Manhã”, da autoria de Luiz Assunção, que pediu para que eu gravasse.
Esse cidadão é considerado como detentor de grande atuação e influência no meio
artístico cearense e foi muito importante na carreira daquele cantor aqui
comentado.
Caso
eu tivesse continuado nos caminhos do rádio, certamente que muitos encontros pessoais
teriam acontecido com Evaldo. Contudo a minha saída da vida artística nos
colocou em polos diferentes, ficando apenas a boa lembrança e os encontros
espirituais ao ouvir as suas maravilhosas canções.
Nos
meus 82 anos de vida tive essa oportunidade de voltar ao passado e reviver
momentos de tanta felicidade. Obrigado Deus.
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