PARABÉNS AO IHGRN
Bruno Balbino Aires da Costa
Sócio efetivo do IHGRN
A “Casa da memória norte-rio-grandense” é a marca registrada do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Porém, o que o termo significa? Qual a sua relevância para a sociedade norte-rio-grandense nesses 118 anos de história?
Primeiramente, a imagem da Casa da Memória diz respeito ao seu comprometimento em preservar os milhares de documentos raros alusivos ao passado remoto e imediato do estado. Segundo, a mencionada alcunha justifica-se pelo seu interesse institucional em não deixar olvidar a memória histórica do estado.
Nesse sentido, a imagem da Casa da Memória tem um duplo sentido: o da memória arquivada e o da memória histórica. O IHGRN organizou uma memória arquivada por meio do ato de coligir e metodizar documentos referentes ao Rio Grande do Norte. Vale lembrar que o Instituto Histórico surgiu de uma necessidade política e territorial: reunir uma documentação que pudesse subsidiar a defesa do estado em relação à questão de limites territoriais com o Ceará na virada do século XIX e começo do XX. Nesse momento histórico, o Rio Grande do Norte não tinha uma instituição, como o Instituto do Ceará, que pudesse, concomitantemente, reunir uma documentação e a partir dela produzir e publicar um conjunto de textos acerca da questão de limites.
Foi da necessidade de fornecer documentos para a defesa jurídica na querela territorial com o Ceará que começou a veicular, entre os círculos letrados e políticos do estado, a ideia de criação de um instituto aos moldes do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB). Tal interesse foi concretizado em 29 de março de 1902 com a fundação do IHGRN.
Durante muito tempo, o Instituto tornou-se uma espécie de arquivo do estado, copiando e reunindo um conjunto de fontes concernentes ao passado do Rio Grande do Norte. Mas não foi só isso. O Instituto histórico produziu uma memória histórica para o estado, elaborando a partir dela uma articulação com a memória nacional.
O IHGRN foi a instituição que formulou as bases da identidade histórica do estado. No jogo complexo de diatribes pela naturalidade dos personagens históricos, como Felipe Camarão, e pelo interesse em evidenciar o papel proeminente de Frei Miguelinho na Revolução de 1817, os sócios do IHGRN mobilizaram-se para construir o panteão de heróis norte-rio-grandenses.
No começo do século XX, fazia-se necessário evidenciar a singularidade do estado no conjunto geral da nação. Era preciso assinalar o lugar do Rio Grande do Norte na construção da memória nacional. Dessa tarefa encarregou-se também o IHGRN. Em termos atuais, a agremiação continua priorizando a preservação da memória documental e reforça a memória histórica produzida pelos seus associados, desde os primeiros anos de sua existência.
O Instituto orgulha-se da herança memorial e preserva a imagem de que a agremiação é a Casa da Memória norte-rio-grandense.
É no âmbito da Casa onde há o refúgio tranquilo contra os perigos e as ameaças dos que estão fora. É nela também que se produz uma memória comprometida com os valores e os interesses dos que estão dentro dela, daqueles que orbitam no espaço privado do Instituto. É a Casa da Memória, porque efetivamente produziu-se e guardou-se, ao longo dos seus 118 anos, a memória norte-rio-grandense do perigo do esquecimento.
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