terça-feira, 11 de junho de 2019




VIAGEM INUSITADA

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

            Sem qualquer planejamento, minha família, preocupada com meu estado de saúde, decidiu proporcionar-me um breve fim de semana em João Pessoa, pois sabem que sempre tive simpatia pela Capital Tabajara.
            Aceitei a oferta pelo propósito de levar meu neto Carlos Victor para um conclave de design do qual haveria participação da amiga Marília, como de fato aconteceu, tudo devidamente cronometrado.
            Saímos – Ernesto, Rosa, eu e Victor no horário adequado e numa viagem confortável, sobretudo pela boa conservação da estrada e, ao passar nas cercanias de Emaús lembrei que ali repousa minha THEREZA e senti uma intuição das suas recomendações: cuidado, cuidado com o que vai comer.
            Uma parada “técnica” em Mamanguape, como costumava fazer quando eventualmente viajava com ela, um bom café e pé na estrada.
            Ainda não chegava nove horas e deixamos Victor em seu destino e lá estava Marília esperando na entrada do prédio. Depois rumamos ao centro da cidade e fomos visitar a Livraria do Luiz, a convite do amigo e escritor Irani Medeiros. Infelizmente ao indagar por ele me foi dito que ele avisou que teve uma viagem de emergência, mas deixou as devidas recomendações. De pronto fui recepcionado por vários intelectuais que formam uma interessante Confraria, aquela que tenho saudades em Natal desde que a Livraria Universitária fechou as suas portas.
            O local já me encantou posto que em um beco, sem acesso a qualquer veículo e o lugar está recheado de sebos e vendedores em bancas ao relento. O ambiente muito aconchegante, bem frequentado – dois lançamentos de livros anunciados, a presença da centenária irmã do General Bandeira, uma performance de um ator sobre um conto sobre passarinhos e assombrações.
            O meu principal parceiro naquele bom papo foi o escritor e cordelista Marco di Aurélio, que logo me passou boas informações e fez a minha apresentação, inclusive ao mais novo imortal da Academia Paraibana de Letras, o escritor Roberto Cavalcanti, que ali adentrou sob aplausos dos presentes. Um dos confrades tirava sequencialmente fotografias em flagrantes dos componentes da mesa, aproveitando seus descuidos e em posições gozadas que depois eram expostas aos risos dos presentes. Eu e Rosa compramos alguns livros e nos despedimos dos novos amigos, ficando de um breve retorno. Foi uma manhã que há muito não vivenciava num ambiente tão espontâneo.
            Almoçamos no Salutte e em seguida fomos para o descanso no Nord Luxxor, defronte do calçadão da orla marítima, que registro como bom hotel, calmo, bom atendimento, que nos trouxe comodidade suficiente para um fim de semana. Estranho é que os hotéis da região não têm redes e isso foi um tormento para mim, que sou um inveterado usuário desse apetrecho nordestino, cantado em verso e prosa.
            Passeios pela cidade que me deram a verdadeira dimensão do seu desenvolvimento e comprovaram alguns aspectos positivos dos quais sinto falta aqui na terrinha Natal – calçadões muito frequentados por banhistas, farofeiros, atletas, caminhantes, pedalantes – inclusive pessoas de idade avançada, sempre debaixo de árvores, o que, aliás, é outro ponto forte da capital paraibana, com grandes reservas  de mata nativa, equipamentos de exercício e lazer e duplas de policiais que garantem segurança, lanchonetes e bares que ficam abertos madrugada a dentro.
            Voltei a Natal inteiro, mas sem apagar a angústia da saudade de quem me acompanhava por todos os 56 anos de união. A vida continua ... a saudade também.






4 comentários:

  1. Feliz pela programação de vocês nessa agradabilíssima João Pessoa. Valeu as dicas! Anualmente vou a terrinha por ocasião do CONEPB, são dias felizes...

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  2. Fui surpreendido em conhecer um semelhante tão educado e culto. E ao trocarmos algumas palavras descobri dividirmos amigos em comum, tanto lá, em terras potiguares, como cá nas tabajaras. Fartei-me de um bom bate-papo. Espero um dia ter novamente a honra de encontrá-lo.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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