DATA
INESQUECÍVEL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Era
o DIA DOS NAMORADOS do ano de 1997, o relógio marcava em torno de 19 horas e
estava eu em plena exposição de uma aula de Direito Tributário no Curso de
Direito da UnP da Salgado Filho quando, inusitadamente, tive um aperto descomunal
no peito e senti que estava perdendo as forças por não poder respirar.
Encostei-me no quadro pois ficava numa parte mais elevada e fiquei em silêncio.
A sala estava repleta, posto que
reunidas duas turmas, haja vista que o professor do segundo horário informou
que não viria. O meu silêncio despertou burburinho e, uma aluna da primeira
fila – Daisy Leite, que fora enfermeira no passado, aproximou-se e verificou
meu pulso, chamando em seguida o aluno Soares (que também era professor da UnP,
creio que de Ciências Contábeis e ocupava a Secretaria de Tributação do Estado),
que me conduziu ao Papi imediatamente. Dali saí nos braços dos alunos e em 10
minutos esperava-me na entrada do hospital a Dra. Maria José Pacheco, com uma
maca e medicamento de emergência.
Recolhido à UTI, ao meu lado reconheci a
voz de Odeman, velho amigo dos carnavais do bloco Deliciosos na Folia, que
também estava sendo atendido. Fiz uma comunicação com ele apenas me
identificando enquanto a competente médica tomava as providências cabíveis, o
que atravessou todo o restante da noite e começo da madrugada.
A família avisada entrou em pânico,
afinal controlada graças a Dona Therezinha, minha saudosa esposa que, em sua
aparente fragilidade, foi mais uma vez a apaziguadora da situação. Pela
primeira vez dormi alguns dias longe dela.
Sinceramente, em nenhum momento temi
pela minha vida, mas preocupei-me pelo fato de que faltavam duas aulas para
concluir o semestre letivo. E aí? O assunto foi resolvido pelo aluno e, também
professor Soares, que ministrou as aulas e ninguém teve prejuízo.
Coincidentemente, dias antes
fui chamado ao gabinete do Governador Garibaldi Ales Filho, ao qual compareci
com o Conselheiro Nélio Dias e o Procurador Edgar Smith Filho e lá recebi o
convite para ser o Controlador-Geral de um novo órgão que ele criara – A Controladoria
Geral do Estado. Mentalmente reagi contra, mas a “pressão” da presença de dois amigos
importantes, responsáveis pela ideia, resolvi aceitar em razão do que o
Governador afirmara: ‘se você não aceitar eu não instalo a Controladoria’.
Assumiria no dia 13 de junho de 1997. Não o fiz por conta do infarte da
véspera, antes relatado. De certa forma achei que era um aviso e que o fato
faria caducar o ato de nomeação.
Ledo engano, antes de terminados os 30
dias da nomeação, foi esta renovada e eu não pude mais me furtar ao encargo.
Ontem, comemorei a data dos Namorados
levando flores para Thereza em sua morada terrena – O Morada da Paz. Travei
diálogo com ela, troquei ideias, chorei naturalmente e voltei com a sua
presença espiritual para o nosso quarto.
Deus esteve conosco, pois à noite, com
filhos e vizinhos, rezei um terço em honra de São Pedro, padroeiro da nossa
paróquia. Dormi na paz do Senhor.
Que maravilha ler algo tão singelo e cheio de amor! Obrigada por compartilhar! O Sr sabe o quanto eu os amo e admiro!
ResponderExcluirTio, Obrigada! Me identifico muito com as suas narrativas, reportam sentimentos afetivos delicados, cheios de ternura e simplicidade. Quanto ao episódio da Sala de Aula o senhor vem sempre batendo o martelo por uma "moratória"...vontade e desejo forte por tocar a Obra.
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