quinta-feira, 13 de junho de 2019


DATA INESQUECÍVEL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

            Era o DIA DOS NAMORADOS do ano de 1997, o relógio marcava em torno de 19 horas e estava eu em plena exposição de uma aula de Direito Tributário no Curso de Direito da UnP da Salgado Filho quando, inusitadamente, tive um aperto descomunal no peito e senti que estava perdendo as forças por não poder respirar. Encostei-me no quadro pois ficava numa parte mais elevada e fiquei em silêncio.
        A sala estava repleta, posto que reunidas duas turmas, haja vista que o professor do segundo horário informou que não viria. O meu silêncio despertou burburinho e, uma aluna da primeira fila – Daisy Leite, que fora enfermeira no passado, aproximou-se e verificou meu pulso, chamando em seguida o aluno Soares (que também era professor da UnP, creio que de Ciências Contábeis e ocupava a Secretaria de Tributação do Estado), que me conduziu ao Papi imediatamente. Dali saí nos braços dos alunos e em 10 minutos esperava-me na entrada do hospital a Dra. Maria José Pacheco, com uma maca e medicamento de emergência.
        Recolhido à UTI, ao meu lado reconheci a voz de Odeman, velho amigo dos carnavais do bloco Deliciosos na Folia, que também estava sendo atendido. Fiz uma comunicação com ele apenas me identificando enquanto a competente médica tomava as providências cabíveis, o que atravessou todo o restante da noite e começo da madrugada.
        A família avisada entrou em pânico, afinal controlada graças a Dona Therezinha, minha saudosa esposa que, em sua aparente fragilidade, foi mais uma vez a apaziguadora da situação. Pela primeira vez dormi alguns dias longe dela.
        Sinceramente, em nenhum momento temi pela minha vida, mas preocupei-me pelo fato de que faltavam duas aulas para concluir o semestre letivo. E aí? O assunto foi resolvido pelo aluno e, também professor Soares, que ministrou as aulas e ninguém teve prejuízo.
                Coincidentemente, dias antes fui chamado ao gabinete do Governador Garibaldi Ales Filho, ao qual compareci com o Conselheiro Nélio Dias e o Procurador Edgar Smith Filho e lá recebi o convite para ser o Controlador-Geral de um novo órgão que ele criara – A Controladoria Geral do Estado. Mentalmente reagi contra, mas a “pressão” da presença de dois amigos importantes, responsáveis pela ideia, resolvi aceitar em razão do que o Governador afirmara: ‘se você não aceitar eu não instalo a Controladoria’. Assumiria no dia 13 de junho de 1997. Não o fiz por conta do infarte da véspera, antes relatado. De certa forma achei que era um aviso e que o fato faria caducar o ato de nomeação.
        Ledo engano, antes de terminados os 30 dias da nomeação, foi esta renovada e eu não pude mais me furtar ao encargo.
        Ontem, comemorei a data dos Namorados levando flores para Thereza em sua morada terrena – O Morada da Paz. Travei diálogo com ela, troquei ideias, chorei naturalmente e voltei com a sua presença espiritual para o nosso quarto.
        Deus esteve conosco, pois à noite, com filhos e vizinhos, rezei um terço em honra de São Pedro, padroeiro da nossa paróquia. Dormi na paz do Senhor.
        

2 comentários:

  1. Que maravilha ler algo tão singelo e cheio de amor! Obrigada por compartilhar! O Sr sabe o quanto eu os amo e admiro!

    ResponderExcluir
  2. Tio, Obrigada! Me identifico muito com as suas narrativas, reportam sentimentos afetivos delicados, cheios de ternura e simplicidade. Quanto ao episódio da Sala de Aula o senhor vem sempre batendo o martelo por uma "moratória"...vontade e desejo forte por tocar a Obra.

    ResponderExcluir