Desde a partida da minha THEREZINHA que resguardo todas as datas e momentos que ela, particularmente, tinha grande afeição. O DOMINGO DE RAMOS é uma delas, como data marcante e, posteriormente, como o momento do encantamento de Dona Rosa, sua mãe amada.
Hoje, após o café da manhã com alguns familiares, fui até Cotovelo para renovar as minhas lembranças e saudades. Enfim, aliviar o peso que o coração ainda guarda no recôndito da minha alma.
Assim, como homenagem ao DIA SANTO e em HOMENAGEM A ELA, transcrevo artigo de um clérigo católico Padre Tomaz Hughes SVD:
DOMINGO DE RAMOS - C (14/04/2019)
Bendito aquele que vem em nome do Senhor. (Lucas, 19, 29-40
* Como seria impossível fazer jus ao Evangelho da Paixão em uma reflexão tão curta, refletiremos sobre o Evangelho da procissão.
Quase não há comunidade católica no Brasil que não comemore hoje, com muita alegria, a entrada de Jesus em Jerusalém. São organizadas procissões, o povo abana ramos, se celebram encenações do evento. Pessoas que dificilmente pisam em uma igreja nos domingos comuns, hoje fazem questão de não perder a procissão. Porém, para não reduzirmos a comemoração a mero folclore, é importante estudar o que significava este evento para Jesus, e para o evangelista.
Quase não há comunidade católica no Brasil que não comemore hoje, com muita alegria, a entrada de Jesus em Jerusalém. São organizadas procissões, o povo abana ramos, se celebram encenações do evento. Pessoas que dificilmente pisam em uma igreja nos domingos comuns, hoje fazem questão de não perder a procissão. Porém, para não reduzirmos a comemoração a mero folclore, é importante estudar o que significava este evento para Jesus, e para o evangelista.
Dificulta o nosso entendimento da passagem a nossa pouca familiaridade com o Antigo Testamento. Cumpre relembrar um trecho do profeta Zacarias: “Dance de alegria, cidade de Sião; grite de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho duma jumenta... Anunciará a paz a todas as nações, e o seu domínio irá de mar a mar, do rio Eufrates até os confins da terra” (Zc 9, 9-10). Esse era um trecho muito importante na espiritualidade do grupo conhecido como “os pobres de Javé”, que esperavam a chegada do Messias libertador. Nesse grupo encontravam-se Maria e José, e os discípulos de Jesus. Foi dentro desta espiritualidade que Jesus foi criado. Zacarias traçava as características do messias - seria um rei, “justo e pobre”, não de guerra, mas de paz! Viria estabelecer uma sociedade diferente da sociedade opressora do tempo de Zacarias (e de Jesus, e de nós) - onde os poderosos e violentos oprimiam os pobres e pacíficos! Seria uma sociedade onde, entre outros elementos, a economia estaria a serviço da vida! Um rei jamais entraria numa cidade montado em um jumento - o animal do pobre camponês, mas num cavalo branco de raça! Jesus, fazendo a sua entrada assim, faz uma releitura de Zacarias, e se identificou com o rei pobre, da paz, da esperança dos pobres e oprimidos!
Por isso, muitas vezes perdemos totalmente o sentido da entrada de Jesus em Jerusalém. Celebramos o evento como se fosse a entrada de um Governante dos nossos tempos - com pompa, imponência, e demonstração de poder e força. Na verdade, houve uma procissão assim em Jerusalém no mesmo dia da entrada de Jesus – a entrada do Procurador romano, Pôncio Pilatos, chegando com toda a pompa de Cesaréia Marítima, com uns cinco mil soldados, para ostentar o poder repressor do Império. À tarde, pelo porta oriental, Jesus fez o contrário! Entrou como o servo de Javé, na simplicidade que é próprio de Deus e dos seus enviados. Chamamos o evento da “entrada triunfal de Jesus” - e realmente foi, mas como triunfo do Deus que se encarnou entre nós como o Servo Sofredor! Nada mais longe do sentido original desse evento do que manifestações de poderio e pompa, mesmo - ou especialmente - quando feitas em nome da Igreja e do Evangelho de Jesus! O poder e a pompa seduzem – devemos ficar eternamente gratos ao Papa Bento XVI pelo desapego que ele demonstrou em renunciar, pelo bem da Igreja. Uma atitude digna de um verdadeiro discípulo do Mestre do Domingo de Ramos!
O texto convida a todos nós a revermos as nossas atitudes. Seguimos Jesus - mas, será que é o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus rei dos pobres e humildes, o Jesus cumpridor da profecia de Zacarias? Ou inventamos um outro Jesus - poderoso nos moldes da nossa sociedade, com força, poder e prestígio, conforme o mundo entende esses termos? Essa semana foi o ponto culminante de toda a vida e missão de Jesus - das suas opções concretas em favor dos oprimidos, do seu desafio à religião oficial que escondia o verdadeiro rosto de Deus, das consequências políticas e econômicas da sua proposta de uma sociedade justa e igualitária, manifestação concreta da chegada do Reino de Deus. Tudo isso levou os poderosos, romanos e judeus, a tramarem a sua morte. É importante lembrar que a paixão e morte de Jesus foram consequência da sua vida - é impossível entender o que significa a Semana Santa sem ligá-la com o resto da vida de Jesus e com a sua proposta para a sociedade e para os seus seguidores. Jesus não morreu - foi morto porque incomodava, como continua a incomodar ainda hoje os que continuam com o sistema opressor que é a expressão do anti-Reino, mesmo quando disfarçado com discurso religioso, como se fazia no Templo.
Nos adverte um canto usado nas celebrações de hoje: “Eles queriam um grande rei, que fosse forte, dominador. E por isso não creram n’Ele e mataram o salvador!” Realmente acreditamos no rei dos pobres e oprimidos, ou só fazemos um folclore no Dia de Ramos, bonito, mas totalmente desvinculado da mensagem verídica e profunda do profeta Zacarias e do evangelho de hoje?
Por isso, muitas vezes perdemos totalmente o sentido da entrada de Jesus em Jerusalém. Celebramos o evento como se fosse a entrada de um Governante dos nossos tempos - com pompa, imponência, e demonstração de poder e força. Na verdade, houve uma procissão assim em Jerusalém no mesmo dia da entrada de Jesus – a entrada do Procurador romano, Pôncio Pilatos, chegando com toda a pompa de Cesaréia Marítima, com uns cinco mil soldados, para ostentar o poder repressor do Império. À tarde, pelo porta oriental, Jesus fez o contrário! Entrou como o servo de Javé, na simplicidade que é próprio de Deus e dos seus enviados. Chamamos o evento da “entrada triunfal de Jesus” - e realmente foi, mas como triunfo do Deus que se encarnou entre nós como o Servo Sofredor! Nada mais longe do sentido original desse evento do que manifestações de poderio e pompa, mesmo - ou especialmente - quando feitas em nome da Igreja e do Evangelho de Jesus! O poder e a pompa seduzem – devemos ficar eternamente gratos ao Papa Bento XVI pelo desapego que ele demonstrou em renunciar, pelo bem da Igreja. Uma atitude digna de um verdadeiro discípulo do Mestre do Domingo de Ramos!
O texto convida a todos nós a revermos as nossas atitudes. Seguimos Jesus - mas, será que é o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus rei dos pobres e humildes, o Jesus cumpridor da profecia de Zacarias? Ou inventamos um outro Jesus - poderoso nos moldes da nossa sociedade, com força, poder e prestígio, conforme o mundo entende esses termos? Essa semana foi o ponto culminante de toda a vida e missão de Jesus - das suas opções concretas em favor dos oprimidos, do seu desafio à religião oficial que escondia o verdadeiro rosto de Deus, das consequências políticas e econômicas da sua proposta de uma sociedade justa e igualitária, manifestação concreta da chegada do Reino de Deus. Tudo isso levou os poderosos, romanos e judeus, a tramarem a sua morte. É importante lembrar que a paixão e morte de Jesus foram consequência da sua vida - é impossível entender o que significa a Semana Santa sem ligá-la com o resto da vida de Jesus e com a sua proposta para a sociedade e para os seus seguidores. Jesus não morreu - foi morto porque incomodava, como continua a incomodar ainda hoje os que continuam com o sistema opressor que é a expressão do anti-Reino, mesmo quando disfarçado com discurso religioso, como se fazia no Templo.
Nos adverte um canto usado nas celebrações de hoje: “Eles queriam um grande rei, que fosse forte, dominador. E por isso não creram n’Ele e mataram o salvador!” Realmente acreditamos no rei dos pobres e oprimidos, ou só fazemos um folclore no Dia de Ramos, bonito, mas totalmente desvinculado da mensagem verídica e profunda do profeta Zacarias e do evangelho de hoje?
Padre Tomaz Hughes SVD
Nenhum comentário:
Postar um comentário