AS COXINHAS DE GALINHA – Berilo de Castro
AS COXINHAS DE GALINHA –
Certa tarde-noite de quinta-feira, conversa
boa e animada rolando em mesa de bar. Ambiente relaxante depois de um
dia de puxado de trabalho.
Um casal amigo se aproxima e toma
assento.Traziam e saboreavam belas e apetitosas coxinhas de galinha.
Animada conversa sobre música, política, futebol, a Operação Lava Jato, a
Lista de Rita das Mercês, curtíamos os bons papos e
comentários de Gaspar no Cova da Onça, na velha, querida e abandonada
Ribeira. Tudo beleza! Tudo nos conformes!
De repente e sem esperar, começa a tomar
conta do recinto, apesar da boa ventilação presente, um cheiro
desagradável; o bicho vinha rasteiro, quente, de baixo para cima,
silencioso, com duração prolongada e irresistível.
Incomodava e sufocava até balão de oxigênio.
Todos na mesa, tomados de franco desconforto
ambiental, olhando um para o outro com certa desconfiança, procurando
identificar o autor da vexatória presepada.
Nessas alturas, o acompanhante do casal,
inquieto, desconfortável e envergonhado, não suportando mais o fartum em
suspensão, desabafa e rompe ( bate na coxa da querida companheira e diz
alto e em bom som):
— Mulher, maneire aí, que as coxinhas
começaram a fermentar e evaporar com força. Do jeito que vai, daqui a
pouco não vai ficar mais ninguém na mesa.
Pare de tanto flatar, pelo amor de Deus!
Berilo de Castro –
Escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário