quinta-feira, 11 de janeiro de 2018


FALÊNCIA DE DESEMPENHO

Valério Mesquita

A governabilidade no Rio Grande do Norte está no volume morto. A atuação pessoal do governante continua abaixo da crítica. É preciso humildade. Baixar o orgulho, a vaidade e dialogar com todos. Poderia ter feito isso antes, muito antes, há trinta dias atrás e aí poderia ter evitado que a crise tivesse ido tão longe. Inclusive, foram tomadas medidas extremas que somente puseram lenha na fogueira. Prisões de policiais, auxílios de recursos federais para pagamento de funcionários estaduais, enfim, toda uma parafernália de interpretação mal-assombrada da lei. A população do Estado ficou à deriva, sujeita a violência, a anarquia, quando, somente agora, foram tomadas medidas emergenciais para revelar o incêndio: diminuir o tamanho da máquina estatal (exoneração de cargos comissionados na órbita do poder executivo e diminuição do número de órgãos da administração direta e indireta). Que o Poder Executivo assuma sozinho as dimensões de tal cometimento é dever de ofício.
Na reunião com o mundo político estadual (deputados federais e senadores), lá na governadoria, numa atmosfera na qual, sorrisos punhais escondiam, outro dever de casa se impôs para a equação do problema a médio prazo: a venda do patrimônio público (ativos) e de empresas de economia mista. Aliás, existem algumas que somente servem para empreguismo. E sobre essa tarefa hercúlea o governador Faria ainda vai se entender com a Assembleia Legislativa. Nas entrelinhas, indaga-se qual a contribuição que os outros dois poderes ofertarão para encolher o tamanho da folha de pagamento? E também, com relação as transferências mensais de recursos, denominados duodécimos?
A paralização da polícia militar por atraso de salário e por outros motivos já do conhecimento público, chegou como uma onda no mar, desde quando se iniciou o atual governo. O piloto afirmou que seria “o governador da segurança”. Esse presságio, ao longo do tempo, foi se desarmando. O perigo dele estava no tom. Foi medíocre, vulgar e chato. Via-se a primeira futilidade pública, infantil para dá no que deu: luta social, perda de diálogo com as polícias civil e militar, vitimas inocentes (o povo), depredação do patrimônio e humilhação do Rio Grande do Norte na mídia social e televisiva de todo o país. Vive-se um tempo trágico, perdulário, verdadeiro obituário de omissões.
Tudo se deveu ao fraco desempenho do governador, que procura guilhotinar os antecessores pela massa falida. Se as providências pactuadas na reunião com a chamada classe política não forem implementadas criteriosamente, no primeiro trimestre toda essa baixaria se repetirá. Até porque a combustão é mais fácil no ano eleitoral. Reforma administrativa e política de investimentos são ajustes urgentes para que modifiquem a máquina estatal de forma abrangente, em todos os seus segmentos para suportar a carga funcional, previdenciária, de forma superavitária. Essas assertivas são obrigações de Robinson Faria, para que o seu nome não fique na história de pior governador eleito pelo povo do Rio Grande do Norte. Elas são exigências do Ministério da Fazenda desde quando pediu indevidamente dinheiro para pagar o funcionalismo.
Lembrem-se que a memória registra que a debilidade do governo revelou-se quando sacou o dinheiro da Previdência (IPERN) para pagar os servidores, ano passado. De agora em diante, acabou o show de strip-tease dos fundos estatais. É hora de mostrar competência e abolir privilégios.
No Ceará, por exemplo, governado por um petista, desde agosto de 2016, o gestor reduziu e equilibrou a magnitude do déficit em trinta por cento, obedecendo o limite da lei da responsabilidade fiscal. Todavia, aqui desde 2015, apesar de ser permanentemente advertido pelo TCE, deixou ficar em sessenta e sete por cento a ultrapassagem da L.R.F.
Ante todo esse descalabro, digo que a revolta dos policiais tem um fundo social, humano, porquanto atinge a bolsa, o estômago e a família - enfim, a vida. Se tivesse acontecido tal inoperância (atraso) nos salários das autoridades constituídas do Estado, o clamor do “mundo oficial” já teria pedido e votado o impeachment do verdadeiro responsável.


(*) Escritor 

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