A CONSERVAÇÃO COMO NECESSIDADE
PERMANENTE
Valério Mesquita
O
exercício perene da conservação deve ser revelada em todos os seguimentos da
atividade humana. Seja pública ou privada. Como navegar – conservar é preciso.
A conservação dos bens administrativos, culturais, patrimoniais, econômicos,
morais, de uma sociedade dignifica a própria condição de humanidade. Os
ativismos do processo da atual gestão pública de muitos prefeitos e
governadores, têm induzido manter a estrutura urbana e suburbana das cidades em
completo descaso e predação incessantes. É raro o gestor público que recupera
obra herdada do seu antecessor. O prejuízo é contundente para a família e a
comunidade. Seria inveja mórbida? Monocratismo perverso, porque não está ali
refletido o seu ego?
O
ser humano está em constante evolução como tudo no planeta e no universo. Mas,
o que existe de bom e de bem, em favor da sociedade, e ainda de belo, de amor à
vida, não pode ser desdenhado. Tapar buracos em ruas e estradas; conservar as
escolas e os hospitais, deixando-os aptos a prestar os seus serviços; conservar
as ruas limpas, iluminadas, abastecidas com água e gás; conservar, restaurando
o patrimônio histórico da cidadania popular dos seus casarões; conservar a
conquista da ética, dos direitos individuais, lembrando o passado com gratidão,
alegrando-se com o presente e encarando o futuro sem medo; conservar as crenças
cristãs principalmente aquelas nascidas do Novo Testamento; conservar a
natureza, as praças e os jardins que os outros construíram é sempre preferível essa
conduta do que o mito administrativo de ser único.
Não
sou conservador, nem tradicionalista. A conservação que me refiro não é hostil
às inovações políticas ou sociais. Mas àquelas que propugnam resguardar de
danos, decadência, deterioração, prejuízo, etc., os prédios do domínio da
união, estado e municípios constituídos de edificações tombadas pelo patrimônio
histórico ou não. Observe o caro leitor, a situação das repartições oficiais
hoje, frente, fundo, verso e inverso. São construções de vinte, trinta,
quarenta anos passados. Compare com as de outros entes federativos. Natal, que
já recebe e divulga suas potencialidades turísticas; armazena em suas ruas, praças
e logradouros, lixo, fezes, fedentina, drogas, violência e corrupção.
Conservação, por conseguinte, invertida da que se espera e se propõe.
Por
fim, tudo é relativo. Tem causa e efeito. O orçamento estadual é hoje refém do
colossal tamanho da máquina funcional, verdadeiro monstro Leviatã do qual falou
o teórico político filosofo inglês Thomas Hobbes no século XVII. Sem comentar
os desperdícios do estuário caudaloso da má gestão explícita e implícita que
sempre atormentaram os governantes de todos os níveis (de federal à municipal),
depreende-se que é difícil e distante o conserto ou reparo da máquina. O
arcabouço legalista que gerou todo esse emaranhado é um “nó de jabá”
indesatável, catimbado, mijado em cima porque foi criação do homem, pelo homem
para o homem. Fisiológico, pantagruélico, corporativo, elitista, fome zero.
(*) Escritor.
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