Esta é minha homenagem ao notável escritor, poeta, dramaturgo e imortal da ABL, o maranhense Ferreira Gullar, falecido na manhã deste domingo, no Rio de Janeiro. Em 2002 o Gullar foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, mas não chegou a ser laureado. Além de um dos seus belos poemas, complemento a postagem, em comentário, com o link registrando a notícia do óbito e apresentando breve biografia do insigne mestre. É importante que assistam aos quatro vídeos inseridos no texto. A literatura nacional experimenta mais uma grande perda! R.I.P.

TRADUZIR-SE
Ferrreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Faço das palavras de Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho o meu sentimento.