K-XIMBINHO – Berilo de Castro
K-XIMBINHO –
“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o indescritível é a música”- Aldous HuxleyNa história da música brasileira, um potiguar natural de Taipu/RN tem destaque e reconhecimento nacionais como compositor, arranjador, clarinetista, saxofonista e maestro, seu nome artístico: K- Ximbinho.
Sebastiao de Barros nasceu em Taipu/RN,
em 20 de janeiro de 1927. Filho de Pedro Barros, comerciante, e Joana
Bernardino de Barros.
Desde cedo demonstrava seus dotes
musicais quando usava com destreza a improvisada gaita de bambu para
seus amigos na praça da sua cidade. Sua aguçada curiosidade e o seu
despertar pela música instrumental lhe renderam certos broncas por parte
do seu pai, quando lhe aplicava severos castigos (surras) devido às
constantes fugas para ouvir a banda de música da cidade, fato que mais
tarde lhe inspirou para a criação da música “O Surrão” (Dicionário da
Música do Rio Grande do Norte – Leide Câmara – p. 284, ano 2001).
No ano de 1931, a família mudou-se para
Natal, fixando residência no bairro do Alecrim, na Rua Borborema, onde o
seu pai se estabeleceu comercialmente na Avenida 1. Depois se mudou
para o bairro das Rocas, local onde a família permaneceu por um longo
período, de 1938 até 1983.
Em Natal, K- Ximbinho participou da
Associação dos Escoteiros do Alecrim. Fez estudos de música no Colégio
Frei Miguelinho com o professor Luiz Soares, seu grande incentivador
musical. Fundou juntamente com os colegas estudantes secundaristas –
Protásio de Melo, José Martins e outros – o conjunto de jazz, o
Pan-Jazz, com o qual se apresentavam interpretando músicas americanas.
Casou no ano de 1935, com uma colega secundarista do Colégio Frei Miguelinho, de nome Estela.
Foi para o Exército Brasileiro, onde
cumpriu seu tempo de serviço obrigatório, período em que participou da
Banda de Música do Batalhão de Combate 21 como saxofonista, quando
conheceu o regente professor Cícero. Da amizade surgiu o convite para ir
para a cidade do Recife/PE, onde passou uma rápida temporada.
Afastado do serviço militar,
transferiu-se para a cidade de João Pessoa/PB, onde integrou a Orquestra
Tabajara, dirigida pelo maestro Olegário Luna Freire; com o
falecimento de Olegário, a orquestra ficou sendo regida pelo
músico/membro Severino Araújo, momento em que passou a ser chamada de
Orquestra Tabajara Severino Araújo.
No ano de 1942, transferiu-se para o Rio
de Janeiro/RJ, quando integrou a Orquestra do Maestro Fon-Fon e depois a
de Napoleão Tavares. Em 1945, voltou a fazer parte da Orquestra
Tabajara, quando essa se estabeleceu no Rio, ficando até o ano de 1949.
Estudou harmonia e contraponto com o
alemão Hans Joachim Koellrentter( professor de Tom Jobin), de 1951 a
1954, quando excursionou pela Europa (Itália), onde atuou como
instrumentalista.
Integrou a Orquestra Sinfônica Nacional,
da Rádio do Ministério de Educação e Cultura (MEC). Em 1978 venceu um
concurso de choros promovido pela TV Bandeirantes com “Manda Brasa”, sua
última composição.
Seu primeiro “choro”, um dos mais famosos, foi “Sonoroso” gravado pela Continental em parceria com Del Loro no ano de 1946.
Foi ativo e importante participante da
época famosa das danceterias cariocas, como a “Sachas”, “Dancing
Avenida”; fez parte também da fase incipiente da televisão brasileira,
como orquestrador da TV Globo na década de 1960.
Deixou uma rica musicografia na qual se
destacam: “Sonoroso”; “Eu quero é sossego”, em parceria com outro grande
músico potiguar, Hianto de Almeida; “Sonhando”, gravado pela
nossaqueridíssima Ademilde Fonseca; “A fonte secou”; “O samba de
Cartola”; “Perplexo”; “Tudo Passa”; o choro “Gilka”; o samba “Jura”, de
Senhô; e muitos outros que ainda hoje enriquecem e sonorizam muito bem
os nossos ouvidos.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 26 de junho de 1980.
Berilo de Castro – Médico e escritor
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