quarta-feira, 7 de dezembro de 2016



K-XIMBINHO – Berilo de Castro


K-XIMBINHO –
“Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o indescritível é a música”- Aldous  Huxley
Na história da música brasileira, um potiguar natural de Taipu/RN tem destaque  e reconhecimento nacionais como compositor, arranjador, clarinetista, saxofonista e maestro, seu nome artístico: K- Ximbinho.
Sebastiao de Barros nasceu em Taipu/RN, em 20 de janeiro de 1927. Filho de Pedro Barros, comerciante, e Joana Bernardino de Barros.
Desde cedo demonstrava seus dotes musicais quando usava com destreza a improvisada gaita de bambu para seus amigos na praça da sua cidade. Sua aguçada curiosidade e o seu despertar pela música instrumental lhe renderam certos broncas por parte do seu pai, quando lhe aplicava severos castigos (surras) devido às constantes fugas para ouvir a banda de música da cidade, fato que mais tarde lhe inspirou para a criação da música “O Surrão” (Dicionário da Música do Rio Grande do Norte – Leide Câmara – p. 284, ano 2001).
No ano de 1931, a família mudou-se para Natal, fixando residência no bairro do Alecrim, na Rua Borborema, onde o seu pai se estabeleceu comercialmente na Avenida 1. Depois se mudou para o bairro das Rocas, local onde a família permaneceu por um longo período, de 1938 até 1983.
Em Natal, K- Ximbinho participou da Associação dos Escoteiros do Alecrim. Fez estudos de música no Colégio Frei Miguelinho com o professor Luiz Soares, seu grande incentivador musical. Fundou juntamente com os colegas estudantes secundaristas – Protásio de Melo, José Martins e outros – o conjunto de jazz, o Pan-Jazz, com o qual se apresentavam interpretando músicas americanas.
Casou no ano de 1935, com uma colega secundarista do Colégio Frei Miguelinho, de nome Estela.
Foi para o Exército Brasileiro, onde cumpriu seu tempo de serviço obrigatório, período em que participou da Banda de Música do Batalhão de Combate 21 como saxofonista, quando conheceu o regente professor Cícero. Da amizade surgiu o convite para ir para a cidade do Recife/PE, onde passou uma rápida temporada.
Afastado do serviço militar, transferiu-se para a cidade de João Pessoa/PB, onde integrou a Orquestra Tabajara, dirigida pelo maestro Olegário Luna Freire; com o  falecimento de Olegário, a orquestra  ficou sendo regida pelo músico/membro Severino Araújo, momento em que  passou a ser chamada de Orquestra Tabajara Severino Araújo.
No ano de 1942, transferiu-se para o Rio de Janeiro/RJ, quando integrou a Orquestra do Maestro Fon-Fon e depois a de Napoleão Tavares. Em 1945, voltou a fazer parte da Orquestra Tabajara, quando essa se estabeleceu no Rio, ficando até o ano de 1949.
Estudou harmonia e contraponto com o alemão Hans Joachim Koellrentter( professor de Tom Jobin), de 1951 a 1954, quando excursionou pela Europa (Itália), onde atuou como instrumentalista.
Integrou a Orquestra Sinfônica Nacional, da Rádio do Ministério de Educação e Cultura (MEC). Em 1978 venceu um concurso de choros promovido pela TV Bandeirantes com “Manda Brasa”, sua última composição.
Seu primeiro “choro”, um dos mais famosos, foi “Sonoroso” gravado pela Continental em parceria com Del Loro no ano de 1946.
Foi ativo e importante participante da época famosa das danceterias cariocas, como a “Sachas”, “Dancing Avenida”; fez parte também da fase incipiente da televisão brasileira, como orquestrador da TV Globo na década de 1960.
Deixou uma rica musicografia na qual se destacam: “Sonoroso”; “Eu quero é sossego”, em parceria com outro grande músico potiguar, Hianto de Almeida; “Sonhando”, gravado pela nossaqueridíssima Ademilde Fonseca; “A fonte secou”; “O samba de Cartola”; “Perplexo”; “Tudo Passa”; o choro “Gilka”; o samba “Jura”, de Senhô; e muitos outros que ainda hoje enriquecem e sonorizam muito bem os nossos ouvidos.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 26 de junho de 1980.
Berilo de CastroMédico e escritor

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