domingo, 21 de agosto de 2016


UM LIVRO INTERESSANTE
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes*
Neste último sábado, chuvoso, adquiri o livro “Às Armas Camaradas”, do autor potiguar-pernambucano Natanael Sarmento, editado pela Sarau das Letras.
O interesse pelo assunto me fez consumi-lo em uma única tirada, fazendo intervalos estratégicos entre as notícias das Olimpíadas do Rio de Janeiro, incluindo a tarde-noite esplendorosa da vitória do futebol brasileiros sobre o alemão.
Como é do meu costume, fiz anotações essenciais, daí a razão de não querer livros emprestados, pois não me domino para rabiscar as observações no próprio texto impresso, sinal da minha atenção e interesse pela obra.
Em particular, renovei a passagem que envolve o meu avô Xavier Miranda, aquele que abrigou o Governador em sua casa da Av. Duque de Caxias, quando ao começar o tiroteio, fez-se a retirada estratégica das autoridades do Teatro Carlos Gomes, onde estava ocorrendo uma solenidade, como também da citação da Rua São Tomé, por onde se deu início a ação beligerante do movimento, que me abrigou tantas vezes nos bate-papos com os amigos daquela localidade.
O livro, bem detalhado e organizado na sequência cronológica dos fatos, revela nomes, estatísticas, mas não se liberta da inclinação nítida para a esquerda, mercê da vivência com antigos Camaradas da Revolução Proletária, fazendo, também, reflexões sobre momentos contemporâneos.
Ao dizer isso não estou a discriminar a obra, apenas levando pequenas lembranças para o seu aperfeiçoamento no caminho da Justiça. Por exemplo:
a)   Bate forte na figura de João Medeiros Filho, de ideologia contrária ao esquerdismo, postura que merece respeito, pois Jesus foi sacrificado a mando dos seus próprios conterrâneos – uma questão de sentimento e interpretação dos fatos sócios-políticos da época. O velho causídico foi um grande tribuno, um advogado de primeira linha e um intelectual respeitado, atributos não revelados. Sobre a “criação” do mito do soldado Luiz Gonzaga, considerado uma fraude pelo autor, entendo pertinente que a nossa briosa Polícia Militar desenvolva uma pesquisa a respeito, para a elucidação final do episódio;
b)   Dinarte de Medeiros Mariz, igualmente de ideologia de direita, mas um cidadão que deu incontestável cobertura aos perseguidos do Golpe de 1964, possibilitando as suas sobrevivências financeiras e recomendações favoráveis para influenciar os seus julgamentos naquela ordem de exceção, atitude reconhecida pelos perseguidos em depoimentos gravados na OAB/RN quando na minha gestão realizei a fundação do “Comitê em Defesa da Vida”, mas ignorados na obra;
c)   Houve um esquecimento de dar relevância a dois causídicos que fizeram a defesa de grande número de presos, apesar de não professarem o credo vermelho – Djalma Aranha Marinho e Raimundo Nonato Fernandes;
d)   Apesar de narrar os fatos dos que enriqueceram com dinheiro do Banco do Brasil jogados em seus quintais, não se fez o esforço de pesquisar os seus nomes;
e)   Senti a falta do registro da ação do nosso querido Aldo Tinôco, figura emblemática da nossa terra, que ainda permanece entre os viventes, Graças a Deus.
Respeito a diretriz do trabalho, pois cada escritor tem a sua visão dos acontecimentos e este livro, em particular, acrescenta, e muito, à história da Insurreição Comunista de 1935.
Recomendo a sua leitura. História é isso mesmo, sempre inconclusa e por tal razão encantadora!
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*escritor da ANRL, AML, ALEJURN, UBE-RN, IHGRN, INRG, MHV(OAB-RN).

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