UM
LIVRO INTERESSANTE
Por: Carlos Roberto de
Miranda Gomes*
Neste
último sábado, chuvoso, adquiri o livro “Às Armas Camaradas”, do autor
potiguar-pernambucano Natanael Sarmento, editado pela Sarau das Letras.
O
interesse pelo assunto me fez consumi-lo em uma única tirada, fazendo
intervalos estratégicos entre as notícias das Olimpíadas do Rio de Janeiro,
incluindo a tarde-noite esplendorosa da vitória do futebol brasileiros sobre o
alemão.
Como
é do meu costume, fiz anotações essenciais, daí a razão de não querer livros
emprestados, pois não me domino para rabiscar as observações no próprio texto
impresso, sinal da minha atenção e interesse pela obra.
Em
particular, renovei a passagem que envolve o meu avô Xavier Miranda, aquele que
abrigou o Governador em sua casa da Av. Duque de Caxias, quando ao começar o
tiroteio, fez-se a retirada estratégica das autoridades do Teatro Carlos Gomes,
onde estava ocorrendo uma solenidade, como também da citação da Rua São Tomé,
por onde se deu início a ação beligerante do movimento, que me abrigou tantas
vezes nos bate-papos com os amigos daquela localidade.
O
livro, bem detalhado e organizado na sequência cronológica dos fatos, revela
nomes, estatísticas, mas não se liberta da inclinação nítida para a esquerda,
mercê da vivência com antigos Camaradas da Revolução Proletária, fazendo, também,
reflexões sobre momentos contemporâneos.
Ao
dizer isso não estou a discriminar a obra, apenas levando pequenas lembranças
para o seu aperfeiçoamento no caminho da Justiça. Por exemplo:
a)
Bate forte na figura de João Medeiros
Filho, de ideologia contrária ao esquerdismo, postura que merece respeito, pois
Jesus foi sacrificado a mando dos seus próprios conterrâneos – uma questão de
sentimento e interpretação dos fatos sócios-políticos da época. O velho
causídico foi um grande tribuno, um advogado de primeira linha e um intelectual
respeitado, atributos não revelados. Sobre a “criação” do mito do soldado Luiz
Gonzaga, considerado uma fraude pelo autor, entendo pertinente que a nossa
briosa Polícia Militar desenvolva uma pesquisa a respeito, para a elucidação
final do episódio;
b)
Dinarte de Medeiros Mariz, igualmente de
ideologia de direita, mas um cidadão que deu incontestável cobertura aos
perseguidos do Golpe de 1964, possibilitando as suas sobrevivências financeiras
e recomendações favoráveis para influenciar os seus julgamentos naquela ordem
de exceção, atitude reconhecida pelos perseguidos em depoimentos gravados na
OAB/RN quando na minha gestão realizei a fundação do “Comitê em Defesa da Vida”,
mas ignorados na obra;
c)
Houve um esquecimento de dar relevância a
dois causídicos que fizeram a defesa de grande número de presos, apesar de não
professarem o credo vermelho – Djalma Aranha Marinho e Raimundo Nonato
Fernandes;
d)
Apesar de narrar os fatos dos que
enriqueceram com dinheiro do Banco do Brasil jogados em seus quintais, não se fez
o esforço de pesquisar os seus nomes;
e)
Senti a falta do registro da ação do nosso querido Aldo
Tinôco, figura emblemática da nossa terra, que ainda permanece entre os
viventes, Graças a Deus.
Respeito a diretriz do trabalho, pois cada escritor tem
a sua visão dos acontecimentos e este livro, em particular, acrescenta, e muito,
à história da Insurreição Comunista de 1935.
Recomendo a sua leitura. História é isso mesmo, sempre
inconclusa e por tal razão encantadora!
______________________
*escritor da ANRL, AML,
ALEJURN, UBE-RN, IHGRN,
INRG, MHV(OAB-RN).
Nenhum comentário:
Postar um comentário