Ciro José Tavares adicionou
Lembremos uma grande poeta e um poema maravilhoso.
IGNOTA SAUDADE
Adelle de Oliveira.
IGNOTA SAUDADE
Adelle de Oliveira.
Esta grande saudade eu não sei de que veio,
E nem sei porque foi que se infiltrou em meu seio.
Numa noite de lua, eu olhava enleada,
sobre os rolos, na praia, a esquecida jangada,
que a procela, ulular, destroçara e partira,
e que um bom pescador para ali conduzira.
E cismei, vendo os paus carcomidos, lodosos,
que é das lendas gentis, que é dos sonhos radiosos,
tantas vezes ouvidos no alto mar pelo estio,
na voz doce e sutil de um pescador tardio,
quando a brisa, a soprar, toda vela enfunava?
Ia a lua subindo e eu cismava, cismava.
De repente, no espaço, um claro som magoado
fez-se ouvir e eu pensei num país encantado,
cheio de estranha luz e de estranha harmonia.
De uma flauta era a voz que eu docemente ouvia,
um soluço, um queixume agora, um trilho, agora
uma nota que ri, outra, depois, que chora.
Manso, o vento do mar, encrespando as ondinas,
e deixando, depois, exalações marinas,
ora trazia o som, ora ao longe o levava.
Ia a luz subindo e eu cismava, cismava.
Insondável mistério, o coração humano.
Tudo, tudo passou e já fez mais de um ano,
e hoje, olhando ao luar muito branco e suave,
eu senti, dentro em mim, como um canto de um’ave,
que tentasse alegrar a prisão solitária,
a saudade vibrar os solfejos de um’ária,
mas saudades de que? Do claro som magoado,
que eu ouvi e pensei num país encantado,
ou da brisa a passar, muito de leve, ungida
do acre cheiro do mar, na jangada esquecida?
Esta grande saudade eu não sei de que veio,
e nem sei porque foi que se infiltrou em meio seio.
E nem sei porque foi que se infiltrou em meu seio.
Numa noite de lua, eu olhava enleada,
sobre os rolos, na praia, a esquecida jangada,
que a procela, ulular, destroçara e partira,
e que um bom pescador para ali conduzira.
E cismei, vendo os paus carcomidos, lodosos,
que é das lendas gentis, que é dos sonhos radiosos,
tantas vezes ouvidos no alto mar pelo estio,
na voz doce e sutil de um pescador tardio,
quando a brisa, a soprar, toda vela enfunava?
Ia a lua subindo e eu cismava, cismava.
De repente, no espaço, um claro som magoado
fez-se ouvir e eu pensei num país encantado,
cheio de estranha luz e de estranha harmonia.
De uma flauta era a voz que eu docemente ouvia,
um soluço, um queixume agora, um trilho, agora
uma nota que ri, outra, depois, que chora.
Manso, o vento do mar, encrespando as ondinas,
e deixando, depois, exalações marinas,
ora trazia o som, ora ao longe o levava.
Ia a luz subindo e eu cismava, cismava.
Insondável mistério, o coração humano.
Tudo, tudo passou e já fez mais de um ano,
e hoje, olhando ao luar muito branco e suave,
eu senti, dentro em mim, como um canto de um’ave,
que tentasse alegrar a prisão solitária,
a saudade vibrar os solfejos de um’ária,
mas saudades de que? Do claro som magoado,
que eu ouvi e pensei num país encantado,
ou da brisa a passar, muito de leve, ungida
do acre cheiro do mar, na jangada esquecida?
Esta grande saudade eu não sei de que veio,
e nem sei porque foi que se infiltrou em meio seio.
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