sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A INFÂNCIA QUE EU VIVIA


No email enviado por Elvys Buriti não consta o nome do autor. Mesmo assim, vale a pena remeter. Abs. Odúlio Botelho.

A INFÂNCIA QUE EU VIVIA

Sou do tempo que menino
Dava a bênção todo dia
Botava lixo pra fora
Serviço pequeno fazia
Se mandasse ir comprar pão
Com briga ou com confusão
Dava a gota, mas ia

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal

Acordava logo cedo
Ia pra escola estudar
Comia lanche lá mesmo
Corria e ia brincar
De meio-dia voltava
Tomava banho, almoçava
No meio do mundo ia andar

Lá pras cinco, cinco e meia
Chegava todo grudento
Os pés da cor de carvão
Pescoço todo nojento
Tomava banho e comia
Novela boa assistia
E voltava pro movimento

Pro movimento da rua
Que parecia não parar
Esconde esconde, pega pega
Uma bola pra chutar
Abria o tampo do dedo
Ia pra casa com medo
Da bronca que ia levar

No outro dia ia pra escola
Devagar e manquejando
E no recreio parado
Vendo os meninos jogando
O curativo arrancava
E a dor eu disfarçava
Já tava no mei brincando

Brincadeira tinha muitas
Não faltava opção
Toca, pipa, futebol
Barra bandeira, garrafão
Virava guarda ou Doutor
Bombeiro ou professor
Com muita imaginação

Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir

E os amigos que eu tinha
Viveram alegremente
Pois não tinha tanta droga
Marginal ou delinquente
A liberdade era demais
Porém tinha nossos pais
Pra botar prumo na gente

Afinal infância, é cabelo lavado
Na chuva que limpa a calçada
É noite de céu estrelado
Se brinca, na terra molhada
É gude correndo na lama
É a mamãe estressada

Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cowboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...

Hoje em dia os meninos
Acordam de meio-dia
Vão pra escola zangado
Com cara de rebeldia
E jamais vão entender
Como era bom viver
A infância que eu vivia.

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