Fortaleza, 26 de janeiro de 2016.
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Prezado(a) Internauta,
Geraldo Duarte acaba de sugerir o artigo Zé Corrimboque, publicado hoje, no DIÁRIO DO NORDESTE.
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Zé Corrimboque
Zé Corrimboque
Geraldo Duarte*
Anos 60. Modesta casa no bairro Damas. Sala tomada por amontoado de chifres caprinos e ovinos.
Em tosca mesa, Zé serrava as extremidades ocas, colocava-as ao Sol, polindo-as quando secas e cinzelando desenhos em baixo relevo.
De mesmo material, esculpia a tampa, perfurava-a e fixava uma tirinha de couro para facilitar a abertura do recipiente. Completava-se o conservador de rapé. Corrimboque ou cornimboque.
No quintal, a esposa, a outro produto dedicava-se. Moía fumo em rolo, torrava-o e pilava-o até obter fino pó. Findava a manufatura com a peneiração e a embalagem de porções em saquinhos de papel celofane. Era o rapé, conhecido também como torrado ou tabaco.
Filhos do casal faziam-se ajudantes nas tarefas e a família vivia feliz.
Abasteciam os mercados públicos e as tabacarias da Capital.
As “tabaqueiras”, de vários feitios e usuais desde o Brasil colônia, guardavam o artigo de feitura indígena nacional, provocador de espirros e aliviador respiratório, no afirmar dos tabaquistas.
Unidas às pontas dos dedos polegar e indicador, inseridas no corrimboque, retiravam diminuta quantidade, a “pitada”, que levada às narinas e sorvida provocava esternutações.
Em 1493, Frei Ramón Pane, monge franciscano, no retorno da segunda viagem de Cristóvão Colombo à América, conduziu a Espanha o rapé das Antilhas e o uso durou séculos nas cortes europeias.
Muitos insistiram que o artesão devia tornar-se industrial. Ele buscou o banco desenvolvimentista regional, mas este, na época, só financiava granjas.
Zé Corrimboque, galhofeiro, dizia: “Deus me livre de galinhagem. Meu negócio é chifre e tabaco!”.
*Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
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