domingo, 18 de outubro de 2015

REMINISCÊNCIAS





É um costume dos que já ingressam na idade provecta ficar garimpando saudades dos tempos vividos, os bons e os traumáticos.
Hoje, após a leitura dos jornais da cidade, marquei na TN notícias, comentários e artigos que me conduzem a um passado de relembranças amenas e agradáveis – no Jornal de WM temos logo duas: a carta de Edson Nery da Fonseca na qual faz comentários oportunos sobre a cidade de Natal e cercanias, louvando-se da condição de neto de um potiguar, assim se manifestando:”Até afinal que ti vim ver de perto!/Eu, que de tão longe já te conhecia/por um lado todo emocional!.../qualquer coisa como badalar de sinos!/Estudos na Escola com outros meninos – Rio Grande do Norte, capital Natal”. Encantou-se pela beleza das praias, com as dunas ondulantes...encantou-se com a geografia humana, com Newton Navarro, Dorian Gray, Auta de Sousa, Nísia Floresta, Jorge Fernandes, Zila Mamede, Sanderson Negreiros, Luís da Camara Cascudo e Veríssimo de Melo. No findar de sua crônica, ao contemplar o Memorial a Zila enaltece a pedra onde está inscrita a “Canção do Afogado” e afirma: “Implorei em silêncio, Zila, irmãzinha, tu és hoje estrela brilhante lá do alto-mar,/Manda à minha angústia existencial um raio de tua quente eternidade.
Ainda Woden transcreve carta trivial de Nemésio Morquecho, que abrigou em seu bar “Granada” tantos boêmios, ouviu tantas confidências e gravou história andaluza nas campinas resplendentes da costa natalense.
No passar das páginas tenho o encontro com Sanderson Negreiros, que evoca um diário recheado dos devaneios do grande Santiago Dantas, ídolo dos estudantes de Direito na velha Faculdade da Ribeira do meu tempo e que, mesmo numa breve passagem por esta dimensão da terra, deixou marcas profundas. Ainda Sanderson invoca o nosso Cascudo, dele registrando o tempo em que de seus olhos já escapava a tristeza de viver, sabendo que a vida não é um jogo – nós é que estamos em jogo, afirmando: Deus não joga dados – já se disse.
Por fim, entre tantos outros artigos, uns críticos outros técnicos, me deparo com reminiscências cravadas na lembrança de Ticiano, através do seu amigo de infância Jahyr Navarro e os encontros na “venda de D. Sofia” traçando os sonhos da travessia do Potengi a nado, remar em suas águas na baiteira de seu Zezinho, subir o morro caçando passarinhos com baladeiras até avistar o mar, bater peladas nos quintais, lembrando os tempos que não voltam mais. “Ao deixá-lo pela última vez, caminhei, mas já desprovido das lágrimas de esperança, que há muito estavam ressequidas de tanto umedecerem meus olhos em incessantes despedidas”.
Desculpem se me deixei levar pelos escritos dos outros, mas é que eles escreveram o que gostaria de tê-lo feito se tivesse a capacidade de encantar os leitores com expressões ricas de emoção e reveladoras de um passado que também foi meu.



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