É um costume dos que já
ingressam na idade provecta ficar garimpando saudades dos tempos vividos, os
bons e os traumáticos.
Hoje, após a leitura
dos jornais da cidade, marquei na TN notícias, comentários e artigos que me
conduzem a um passado de relembranças amenas e agradáveis – no Jornal de WM
temos logo duas: a carta de Edson Nery da Fonseca na qual faz comentários
oportunos sobre a cidade de Natal e cercanias, louvando-se da condição de neto
de um potiguar, assim se manifestando:”Até afinal que ti vim ver de perto!/Eu,
que de tão longe já te conhecia/por um lado todo emocional!.../qualquer coisa
como badalar de sinos!/Estudos na Escola com outros meninos – Rio Grande do
Norte, capital Natal”. Encantou-se pela beleza das praias, com as dunas
ondulantes...encantou-se com a geografia humana, com Newton Navarro, Dorian
Gray, Auta de Sousa, Nísia Floresta, Jorge Fernandes, Zila Mamede, Sanderson
Negreiros, Luís da Camara Cascudo e Veríssimo de Melo. No findar de sua
crônica, ao contemplar o Memorial a Zila enaltece a pedra onde está inscrita a “Canção
do Afogado” e afirma: “Implorei em silêncio, Zila, irmãzinha, tu és hoje
estrela brilhante lá do alto-mar,/Manda à minha angústia existencial um raio de
tua quente eternidade.
Ainda Woden transcreve
carta trivial de Nemésio Morquecho, que abrigou em seu bar “Granada” tantos
boêmios, ouviu tantas confidências e gravou história andaluza nas campinas
resplendentes da costa natalense.
No passar das páginas
tenho o encontro com Sanderson Negreiros, que evoca um diário recheado dos
devaneios do grande Santiago Dantas, ídolo dos estudantes de Direito na velha
Faculdade da Ribeira do meu tempo e que, mesmo numa breve passagem por esta
dimensão da terra, deixou marcas profundas. Ainda Sanderson invoca o nosso
Cascudo, dele registrando o tempo em que de seus olhos já escapava a tristeza
de viver, sabendo que a vida não é um jogo – nós é que estamos em jogo,
afirmando: Deus não joga dados – já se disse.
Por fim, entre tantos
outros artigos, uns críticos outros técnicos, me deparo com reminiscências
cravadas na lembrança de Ticiano, através do seu amigo de infância Jahyr
Navarro e os encontros na “venda de D. Sofia” traçando os sonhos da travessia
do Potengi a nado, remar em suas águas na baiteira de seu Zezinho, subir o
morro caçando passarinhos com baladeiras até avistar o mar, bater peladas nos
quintais, lembrando os tempos que não voltam mais. “Ao deixá-lo pela última
vez, caminhei, mas já desprovido das lágrimas de esperança, que há muito
estavam ressequidas de tanto umedecerem meus olhos em incessantes despedidas”.
Desculpem se me deixei
levar pelos escritos dos outros, mas é que eles escreveram o que gostaria de
tê-lo feito se tivesse a capacidade de encantar os leitores com expressões ricas
de emoção e reveladoras de um passado que também foi meu.
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