sexta-feira, 18 de setembro de 2015



INVERSÃO DE VALORES

Nestes últimos tempos, os Valores que sempre foram, historicamente, considerados como eternos, hoje, são mais variáveis que a Moda. A Virtude, a Verdade, a Moral, a Honestidade, o Belo, a Arte são tão volúveis, hoje, como os caprichos e as manias do Homem. Hoje, uma coisa é inadmissível, amanhã já não o é. A Virgindade, por exemplo, era virtude que atingia as eminências da santidade mais requintada, virgindade, hoje, é palavrão, é palavra descabida, é motivo de gracejo. E, quando uma jovem tenta manter-se pura, dizem logo: “CASTA QUAM NEMO ROGAVIT”. O Trabalho era exaltado como ato heroico e enobrecedor, atualmente, é condição servil e causa de empobrecimento e penúria. Antigamente, havia o Homem justo, solidário,  sincero, verdadeiro, “ADEO VERITATIS DILIGENS ERAT UT NE IOCO QUIDEM MENTIRETUR” – Amava tanto a verdade que, nem por brincadeira, mentia. Presentemente, há o Homem cuja inteligência está se divorciando do espírito, sendo porta aberta para um mundo de maldades. Homem irresponsável que, a todo custo, busca o dinheiro sujo, definido muito bem por Giovanni Papine, como “excremento do satanás”. Infelizmente, a “AURI SACRA FAMES” continua a se fazer sentir com todo o seu vigor. Parece que o Poeta Virgílio, ao escrever essas palavras, em verso, vivia os dias de hoje: - “QUID NON MORTALIA PECTORA COGIS, AURI SACRA FAMES”! – A que não levas os corações humanos, ó amaldiçoada fome do dinheiro! Também o Poeta  latino Horácio procura mostrar quanto é preferível viver sem ambições excessivas, aproveitando, sensatamente, as boas coisas da vida e chama tudo isso de “AUREA MEDIOCRITAS”.

Sabe-se que roubar é crime, a Lei condena e pune, e que a Sociedade reprova e não assimila. Porém, hoje, roubar do Estado, dilapidar os Bens públicos, fazer falências fraudulentas, realizar desfalques tornam os seus autores impunes e mais conhecidos. O povo está à espera de quem lhe assegure a vida e a propriedade. Está também exausto de medo, acuado em suas próprias casas, agredido pela concupiscência e lascívia da marginalidade impune. “CRUDELIS UBIQUE LUCTUS, UBIQUE PAVOR, ET PLURIMA MORTIS IMAGO” – Por toda a parte, o sofrimento cruel, por toda a parte, o pavor e a múltipla presença da morte (Eneida, II, 368-369). O Ensino Médio que sempre se constituiu a espinha dorsal de qualquer projeto educativo, hoje, encontra-se em estado deplorável. Houve um tempo em que se falava dele como “Curso de Humanidades”, a designação tinha raízes nobres, vinha da tradição cultural do Ocidente, preocupada, antes de tudo, com a Formação Moral do Homem. Era o Estudo das Letras Clássicas, considerado como Instrumento de Educação Moral.

A Escola Média do Presente necessita de urgente reequacionamento, de uma restauração da seriedade escolar e o resgate do seu Magistério afogado no despreparo e na injustiça salarial. Temos, hoje, um País de doentes sem hospitais e de hospitais sem remédios. Temos um País onde a corrupção é a Regra e a honestidade, a Exceção. Que Deus conscientize a todos desta Nação e os faça reviver os Valores Morais tão antigos e tão nobres, sustentáculos de um Povo e de uma Pátria. E, numa análise do que foi o Passado e do que é o Presente, lamentavelmente, encontramos, como costumamos dizer, Carvão em vez de Tesouro – “CARBONEM PRO THESAURO INVENIMUS”.  Esta é a triste realidade; parece-nos que não devemos omitir nada – NOS NIHIL VIDEMUR DEBERE PRAETERMITTERE. Mas, diante de tudo isto, ainda temos Esperança de dias melhores, porque “Esta é a Ditosa Pátria, Nossa Amada”, Nosso Bem Primeiro, cujo valor só apreciamos, devidamente, quando somos d’Ele privados.

José Ferreira da Rocha

Escritor

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