INVERSÃO DE VALORES
Nestes últimos tempos, os Valores que sempre foram, historicamente,
considerados como eternos, hoje, são mais variáveis que a Moda. A Virtude, a Verdade,
a Moral, a Honestidade, o Belo, a Arte são tão volúveis, hoje, como os
caprichos e as manias do Homem. Hoje, uma coisa é inadmissível, amanhã já não o
é. A Virgindade, por exemplo, era virtude que atingia as eminências da
santidade mais requintada, virgindade, hoje, é palavrão, é palavra descabida, é
motivo de gracejo. E, quando uma jovem tenta manter-se pura, dizem logo: “CASTA
QUAM NEMO ROGAVIT”. O Trabalho era exaltado como ato heroico e enobrecedor,
atualmente, é condição servil e causa de empobrecimento e penúria. Antigamente,
havia o Homem justo, solidário, sincero,
verdadeiro, “ADEO VERITATIS DILIGENS ERAT UT NE IOCO QUIDEM MENTIRETUR” – Amava
tanto a verdade que, nem por brincadeira, mentia. Presentemente, há o Homem cuja
inteligência está se divorciando do espírito, sendo porta aberta para um mundo
de maldades. Homem irresponsável que, a todo custo, busca o dinheiro sujo,
definido muito bem por Giovanni Papine, como “excremento do satanás”.
Infelizmente, a “AURI SACRA FAMES” continua a se fazer sentir com todo o seu
vigor. Parece que o Poeta Virgílio, ao escrever essas palavras, em verso, vivia
os dias de hoje: - “QUID NON MORTALIA PECTORA COGIS, AURI SACRA FAMES”! – A que
não levas os corações humanos, ó amaldiçoada fome do dinheiro! Também o Poeta latino Horácio procura mostrar quanto é
preferível viver sem ambições excessivas, aproveitando, sensatamente, as boas
coisas da vida e chama tudo isso de “AUREA MEDIOCRITAS”.
Sabe-se que roubar é crime, a Lei condena e pune, e que a Sociedade
reprova e não assimila. Porém, hoje, roubar do Estado, dilapidar os Bens
públicos, fazer falências fraudulentas, realizar desfalques tornam os seus
autores impunes e mais conhecidos. O povo está à espera de quem lhe assegure a
vida e a propriedade. Está também exausto de medo, acuado em suas próprias
casas, agredido pela concupiscência e lascívia da marginalidade impune. “CRUDELIS
UBIQUE LUCTUS, UBIQUE PAVOR, ET PLURIMA MORTIS IMAGO” – Por toda a parte, o
sofrimento cruel, por toda a parte, o pavor e a múltipla presença da morte
(Eneida, II, 368-369). O Ensino Médio que sempre se constituiu a espinha dorsal
de qualquer projeto educativo, hoje, encontra-se em estado deplorável. Houve um
tempo em que se falava dele como “Curso de Humanidades”, a designação tinha
raízes nobres, vinha da tradição cultural do Ocidente, preocupada, antes de
tudo, com a Formação Moral do Homem. Era o Estudo das Letras Clássicas,
considerado como Instrumento de Educação Moral.
A Escola Média do Presente necessita de urgente reequacionamento, de
uma restauração da seriedade escolar e o resgate do seu Magistério afogado no
despreparo e na injustiça salarial. Temos, hoje, um País de doentes sem
hospitais e de hospitais sem remédios. Temos um País onde a corrupção é a Regra
e a honestidade, a Exceção. Que Deus conscientize a todos desta Nação e os faça
reviver os Valores Morais tão antigos e tão nobres, sustentáculos de um Povo e
de uma Pátria. E, numa análise do que foi o Passado e do que é o Presente,
lamentavelmente, encontramos, como costumamos dizer, Carvão em vez de Tesouro –
“CARBONEM PRO THESAURO INVENIMUS”. Esta
é a triste realidade; parece-nos que não devemos omitir
nada – NOS NIHIL VIDEMUR DEBERE PRAETERMITTERE. Mas, diante de tudo isto, ainda
temos Esperança de dias melhores, porque “Esta é a Ditosa Pátria, Nossa Amada”,
Nosso Bem Primeiro, cujo valor só apreciamos, devidamente, quando somos d’Ele
privados.
José
Ferreira da Rocha
Escritor
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