A
EDUCAÇÃO PELA COERÇÃO – Como Reconstruir a Ditadura
Geniberto
Paiva Campos - Brasília – DF – agosto,
2015
(Nazi fascismo, a doença infantil do
Neoliberalismo)
1.
Duas recentes decisões do Congresso Nacional
nos colocam a pensar sobre o presente e o futuro imediato do Brasil: a redução
da maioridade penal, aprovada em segunda votação pelo plenário da Câmara e um
projeto, aceito pela Comissão de Educação do Senado, que obriga os pais de
alunos a comparecerem pessoalmente às escolas para acompanhar o desempenho
educacional dos filhos. Com penas draconianas para os pais “infratores”. Correndo
por fora, projeto recente de um deputado prevê severa punição para professores
que “discutirem política em sala de aula”.
A primeira impressão é de
incredulidade. Será possível que tal nível de intolerância e estupidez tenha
contaminado o comportamento dos chamados representantes do povo? Estaríamos,
então, caminhando inexoravelmente para um estado policial, através da criação
de um aparato legal retrógrado, medieval? Incabível em escolas do século 19. E
total e absolutamente inadequado para as primeiras décadas do século 21, onde a
Tecnologia da Informação se introduz gradativamente no aprendizado, fulminando conceitos
e paradigmas seculares do ensino tradicional. E num momento em que o acesso à
informação é livre e a interatividade entre emissor e receptor de notícias e
dos fatos políticos e sociais é total, através de novos (e anteriormente
impensáveis) meios eletrônicos.
Por que obrigar pais de
alunos a comparecerem pessoalmente às escolas, sob as penas da Lei? Não
existiriam outros meios de acompanhar a evolução escolar moderna, senão com a
presença obrigatória dos pais dos alunos? Estaria em tramitação secreta no Congresso uma
lei proibindo ou restringindo o uso de computadores, celulares e smart phones e
da Internet em todo o território
nacional? Afinal, essas geringonças eletrônicas poderiam estar destruindo a
família brasileira...
E por que proibir e punir
com os rigores da Lei, os professores que discutirem política em sala de aula?
Quem vai fiscalizar e definir o que é “política”, numa sociedade de consumo de
um mundo globalizado?
O Conservadorismo
brasileiro, expressão local do Neoliberalismo, parece, ensandeceu
definitivamente. Jogar a juventude brasileira nos cárceres e nas masmorras
prisionais, sem qualquer finalidade recuperação. Senão como torpe vingança da
elite socioeconômica sobre pobres, negros e desvalidos em geral, nos quais
coloca, precoce e implacavelmente, o estigma de criminosos. A consciência do
povo brasileiro, em sua sabedoria, percebe que a redução da maioridade penal é
uma lei feita sob medida para o andar de baixo da pirâmide social.
2.
No início do século 20, uma frase de conteúdo
crítico, quase ferino, sobreviveu a décadas de evolução histórica: “ o
esquerdismo é a doença infantil do comunismo”. Atribuindo aos
“esquerdistas” sentimentos e
comportamentos intolerantes, negação do direito de pensar diferente dos adversários, radicalismo
e dogmatismo inconsequentes, vendo no diferente um inimigo. Enfim, a negação da
racionalidade democrática.
Decorrido um século, esse
estigma se inverte, politicamente. Abstraindo completamente as fundamentais lições
dos fatos transmitidas pela História Contemporânea, a Elite brasileira vai às
ruas, sob o pretexto de incontida e indignada campanha
contra a Corrupção. Mas, paradoxalmente, pregando o Golpe e defendendo soluções
truculentas fora da Legalidade Democrática e do Estado de Direito. Numa clara
manifestação de corrupção da Política e da Cidadania, recentemente expressas
através do sufrágio universal, agora negadas pelos que se acham acima da lei e
das normas inscritas na Constituição do país. Dessa forma impedindo a evolução
natural do Processo Civilizatório, nunca é demais repetir.
Talvez seja apropriado
colocar algumas questões bem atuais: “- o
nazi fascismo é a doença infantil do Neoliberalismo?” Aonde o Congresso Nacional e os movimentos de
rua da classe média – sempre aos domingos - pretendem chegar com tais ações? Seria correto
supor tratar-se da adoção, sutil, indolor, por meio de movimentos “políticos”, de leis e editos
votados às pressas, em madrugadas sombrias, de um novo regime ditatorial na nossa pátria,
como sempre dormindo, tão distraída?
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