quarta-feira, 12 de agosto de 2015


MIGUEL MOSSORÓ, MEU CAMARADA DE CASERNA

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

Vivíamos o ano de 1959 quando fomos convocados para o serviço militar obrigatório no 16º Regimento de Infantaria. O Comandante Geral era o Tenente-Coronel, depois General, Dióscoro Gonçalves Vale.
O Brasil vivia momentos de paz, ordem e progresso.
Alí, no mês de janeiro, jovens potiguares se apresentavam e puderam viver um período de civismo e igualdade.
Dentre esses jovens estava Miguel Joaquim da Silva, oriundo da capital do Oeste (Mossoró).
Após as primeiras instruções, cada um de nós recebia encargos de trabalhar em algum setor. Eu fui destacado, na condição de bom datilógrafo, para atualizar as alterações dos militares da minha Companhia (CCS), notícia que se espalhou e logo estava eu fazendo de todo o Regimento.
Com a fama de ser bom de “máquina” fui destacado para a Seção Mobilizadora, comandada pelo Tenente Carvalho onde atualizei todos os reservistas do 16ºRI o que fiz até o fim do meu tempo de conscrito e até pedi permissão para complementar o serviço, já paisano, tendo recebido autorização e assim deixei tudo absolutamente atualizado.
Miguel Mossoró passou a ser o motorista do Jeep do Comando e realizou incontáveis missões. Tive a oportunidade de participar de algumas delas.
Miguel era uma pessoa querida de todos e quando terminamos nosso período ele continuou e chegou à graduação de Sargento até ir para a reserva.
Todos os anos nos reencontrávamos na obrigação de confirmar endereço e muito tempo depois ele ingressou na política, no PTC – Partido Trabalhista Cristão onde participou de várias campanhas ganhando notoriedade pelos seus projetos arrojados e pela veemência no combate aos corruptos e criminosos que aportavam a Natal.
Sobre ele escreveram: “Com sonhos extravagantes, parecia até Dom Quixote de La Mancha, personagem de seu xará Miguel de Cervantes, em busca de sua amada Dulcinéia, chamada Prefeitura de Natal.
Terminadas as convenções, aparecem os candidatos a prefeito: Carlos Eduardo (PSB), Luiz Almir (PSDB), Miguel Mossoró (PTC), Fátima Bezerra (PT), Ney Lopes (PFL), Dário (PSTU) e Leandro (PHS).
É dado o sinal de partida para o grande pleito. Os meios de comunicação caem em campo entrevistando os candidatos, sempre com a velha e conhecida pergunta: você tem Plano de trabalho para administrar Natal? Uns respondiam saneamento básico, outros, transportes coletivos, saúde, segurança, etc.
Uma emissora de televisão entrevista Miguel Mossoró fazendo a crucial pergunta: “Miguel Mossoró, o senhor já tem seu Plano de trabalho para administrar Natal? Ele responde: tenho sim, senhor. O repórter pede, então, que ele mostre para os telespectadores o Plano. Foi aí que a coisa pegou. Miguel se contorce todo, coça a cabeça, gagueja e sai com essa: “não posso, o Plano está dentro de cofre bem seguro, guardadinho para ninguém copiar”. Inicia-se aí, a figura cômica e controversa do candidato Miguel Mossoró, ou simplesmente Mossoró.”
Era um homem simples. Deixará seu nome registrado na história. Combateu o bom combate e foi chamado para morar junto do Criador.

Minhas homenagens. Carlos Gomes, (ex-Cabo 404  – CCS, 16º RI./1959)

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