quarta-feira, 10 de setembro de 2014

EU PECADOR, NOS 75 ANOS DE VIDA

Sou natalense da antiga Rua Nova, hoje Av. Rio Branco, nascido na mesma época em que surgiram os primeiros pruridos do sangrento conflito da 2ª guerra mundial, quando as tropas nazistas invadiram a Polônia, utilizando-se das ofensivas-relâmpago dos aviões stuka e tanques blindados que, em menos de um mês, derrotaram as forças polonesas. (setembro de 1939).

Meus pais então moravam na Av. Rio Branco, centro dos xarias. De lá, pelos idos de 1942, fomos para a Rua Felipe Camarão, onde assisti o desfile de caminhões enormes dos exércitos brasileiro e americano vindos da Ribeira e transitando em direção ao Tirol. Nesse período conheci os Black out´s. Em seguida, já no findar da guerra, fomos em 1945 morar na Rua Otávio Lamartine, quase vizinhos à Igreja de São Judas Tadeu e em frente a um quartel onde existiam resquícios de armas de guerra.

Mas a paisagem da minha vida logo foi modificada para a placidez e o bucolismo das pequenas cidades do interior, para onde eu segui na companhia dos meus pais, ele um Juiz que morava nas Comarcas. Aí encontrei a primeira luz do meu caminho emocional, entre a natureza e o silêncio das noites em penumbra que me forçavam a criar estórias do meu devaneio. Só voltei a Natal em 1948 e daqui não saí mais.

Não sei bem explicar a razão da minha primeira inclinação telúrica - a música. Mas estudei na Escola do Maestro Waldemar de Almeida, próximo ao Cinema Rex e abracei, até 1955, a carreira artística, dividindo os palcos, particularmente da Rádio Poti, com outros cantores infantis como Odúlio Botelho, Edmilson Avelino, Paulo Eduardo Moura, Elino Julião e José Filho e convivi com grandes compositores e cantores nacionais e estrangeiros, dos quais destaco Dosinho e Chico Elion, Paulo Molin, Agnaldo Rayol, os meninos do Trio Irakitan, Haroldo/Hianto de Almeida, Bienvenido Granda, José Monjica, Tito Schippa e os artistas consagrados da época Luiz Gonzaga, Augusto Calheiros, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Déo e Sivuca. Certamente esse pendor musical não veio da tradição familiar do meu velho Doutor José Gomes, mas deve ter sido da Dona Ligia, descendente dos Albuquerque Maranhão, onde pontificaram estadistas, mas também um mecenas da educação e da cultura – Alberto Maranhão, que cultuava a música e o teatro.
O destino permitiu que hoje fizesse parte da Academia Macaibense de Letras, ocupando a cadeira nº 02, cujo Patrono é Alberto Maranhão e como membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Liga de Ensino de Natal, que o mecenas ajudou a fundar.
E por que essa prosa toda, saída do nada. É que hoje completo 75 anos de vida e estou feliz, convivendo em regime de armistício com algumas enfermidades cruéis. Mas Deus é mais forte e me mantém ativo, permitindo que possa auxiliar várias entidades culturais, ainda que sem remuneração, com um prazer que é a razão do meu viver.
ABRAÇO A TODOS E AGRADEÇO A DEUS TER PERMITIDO QUE COMEMORE MAIS UM ANO DE VIDA, NA FELICIDADE DO MEU LAR, COM MINHA COMPANHEIRA DEDICADA, FILHOS, FILHAS, GENRO E NORAS E SOBRETUDO DOS SETE MARAVILHOSOS NETOS, MAIOR RELÍQUIA DA MINHA VIDA E DE QUEBRA ALGUNS POUCOS, MAS FIÉIS AMIGOS.

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