quarta-feira, 31 de julho de 2013

A MORTE AQUI É TANTA

Marcos Dionisio Medeiros Caldas - RN:

  • Em 2012, segundo a secretária de segurança, tivemos a ocorrência de 940 homicídios em todo o Estado. Desses, 444, foram em Natal e 143, em Mossoró.

    Para termos uma idéia da Guerra Civil na qual o RN está imerso, já a 14 de Abril, o estado já alcançava o número de 470 homicídios, metade das ocorrências do ano passado.

    Já em 27 de maio, Natal também chegava aos 222 homicídios que vem a ser metade dos 444 de 2012.

    Em Mossoró, já em 16 de maio, era alcançada a metade da quantidade de 2012.
    Esses números são parciais. Pode haver uma leve elevação.

    Em 2013, até o final de Junho, um elenco de 839 Homicídios era listado no RN, dentre estes, 294 em Natal e 99 em Mossoró.

    Esta semana, faltando confirmar alguns dados, Mossoró já ultrapassou 109 e Natal já está com, pelo menos 339 homicídios. Parnamirim com 65, Macaíba com 59, SGA com 34, Ceará Mirim com 29, Extremoz com 13, São José de Mipibú com 17 e Nísia Floresta com 17, acompanham a evolução macabra da morte matada na Região Metropolitana.

    Na virada de Junho para Julho, participei de uma Audiência da Governadora com o CNJ e apresentei parte desses números fazendo o recorte com a população de jovens e adolescentes vítimas de homicídios, mas sem deixar de passar a oportunidade de evidenciar a Guerra Civil na qual já vivemos há alguns anos e que foi amplificada no atual Governo.

    A apresentação de dados tão cruciais perante a colenda representação do CNJ não teve o escopo de causar escândalo nem de ferir suscetibilidades, mas de apresentar uma realidade cruel que infelicita o RN.

    Tive a nítida impressão que a Governadora fora apresentada a esses números pela primeira vez em sua inteireza e sem subterfúgios. Tivesse qualquer dúvida quanto à correção de lhe apresentar esses dados, no momento daquela impressão de novidade que tive, foram dissipadas. Os governos infelizmente padecem daquele isolamento que Gabriel Garcia Marques tratou no Outono do Patriarca.

    Não faz tanto, o genocídio que ocorre em Mossoró foi creditado a presença naquele município de Fernandinho Beira-Mar que estava no inexpugnável Presídio Federal.
    As matérias jornalísticas trazidas ao público dando conta de cortes no orçamento da Segurança talvez explique a situação a qual estamos chegando. As dificuldades financeiras apresentadas pelo Governo são mais componentes a afligir nossa população, desesperada, violentada e submetida a uma inaudita insegurança social.

    Procurei ser educado e diplomático ao apresentar os bárbaros números que coletamos e sensibilizar corações e mentes presentes na sala. Logo a seguir, os números que estamos apresentando exaustivamente por anos, foram expostos com mais amplificação e autoridade pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), dando conta de que a violência contra os jovens potiguares e a população em geral saiu perigosamente de qualquer controle.

    Mas, por mais que tenha sido cuidadoso, cometi um equívoco na aludida reunião. Falei que já no mês de Agosto, o estado do Rio Grande do norte alcançaria os 940 homicídios de 2012.

    Como no verso de João Cabral de Melo Neto, “a morte aqui é tanta”, que ainda neste mês de Julho atingiremos a marca total do ano passado, É possível, inclusive, que já tenhamos atingido neste final de semana mesmo.

    Talvez esses números tenham alguma influência na queda verificada no segmento turístico do Rio Grande do Norte, além da eterna falta de divulgação do estado e das suas belezas, subaproveitando até a mídia proporcionada por um folhetim televisivo global.

    São números que precisam "bulir" com as pessoas e as Instituições.
    São números que destroem famílias, desfalcam comunidades e fragilizam a saúde mental da população.
    Como começam a dar prejuízo, talvez agora "sensibilizem” corações, mentes e as calculadoras dos gerentes.

    RIO GRANDE DE MORTE, sem sorte e sem NORTE.

    Marcos Dionisio Medeiros Caldas
    Conselho Estadual de Direitos Humanos/RN
    Comitê Popular da Copa – Natal 2014

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