UMA VIAGEM INESQUECÍVEL –
Parte II (Ormuz Barbalho Simonetti)
-continuação -
... Seu filho resolve que acompanharia o pai,
para ajudá-lo nas providências, na certeza que
chegariam ao Chile no dia seguinte. Enquanto
a aeronave taxiava, recebe uma mensagem
do guichê da TAM para interromper a
manobra e aguardar. Na confusão criada
por não poder embarcar, meu amigo
esqueceu que o documento de identidade
de sua esposa estava com ele. Sem a posse
desse documento, ela não passaria pelo balcão
da emigração no Chile, e teria que retornar
ao Brasil. Poucos minutos depois, um dos
tripulantes dirige-se a ela e lhe entrega o
documento que um funcionário da companhia
viera às pressas entregar no avião. Inicia-se
novo taxiamento e mais uma vez é
interrompido. Os passageiros já começavam
a se perguntar o que estaria acontecendo
quando novamente o mesmo tripulante,
com cara de poucos amigos, entrega a
esposa do meu outro amigo sua identidade,
que também havia ficado com ele e que
certamente acarretaria o mesmo problema
no desembarque.
para ajudá-lo nas providências, na certeza que
chegariam ao Chile no dia seguinte. Enquanto
a aeronave taxiava, recebe uma mensagem
do guichê da TAM para interromper a
manobra e aguardar. Na confusão criada
por não poder embarcar, meu amigo
esqueceu que o documento de identidade
de sua esposa estava com ele. Sem a posse
desse documento, ela não passaria pelo balcão
da emigração no Chile, e teria que retornar
ao Brasil. Poucos minutos depois, um dos
tripulantes dirige-se a ela e lhe entrega o
documento que um funcionário da companhia
viera às pressas entregar no avião. Inicia-se
novo taxiamento e mais uma vez é
interrompido. Os passageiros já começavam
a se perguntar o que estaria acontecendo
quando novamente o mesmo tripulante,
com cara de poucos amigos, entrega a
esposa do meu outro amigo sua identidade,
que também havia ficado com ele e que
certamente acarretaria o mesmo problema
no desembarque.
Ufa! Enfim partimos. Lá estava
eu, com a cabeça a mil, me perguntando
como seria o desembarque em Santiago,
já que eu era cego de guia, em se tratando
de outro país. Mas, nada podia fazer.
Dentro daquele enorme avião, me sentia
menor que um grão de mostarda diante
do que me aguardava. E, como se
diz lá pelo interior do mato, estava
literalmente pelo beiço. Como não
adiantava estrebuchar, entreguei a Deus!
eu, com a cabeça a mil, me perguntando
como seria o desembarque em Santiago,
já que eu era cego de guia, em se tratando
de outro país. Mas, nada podia fazer.
Dentro daquele enorme avião, me sentia
menor que um grão de mostarda diante
do que me aguardava. E, como se
diz lá pelo interior do mato, estava
literalmente pelo beiço. Como não
adiantava estrebuchar, entreguei a Deus!
As horas se passavam e a preocupação
me atormentava. Eu, no papel de
“Cadinho”, personagem da novela
Avenida Brasil, responsável pelas
três mulheres sem saber o rumo que tomaria.
me atormentava. Eu, no papel de
“Cadinho”, personagem da novela
Avenida Brasil, responsável pelas
três mulheres sem saber o rumo que tomaria.
De repente, não mais que de repente,
o local foi tomado por um enorme mau
cheiro. Minha esposa que sofre de cefaléia
e não pode sentir fortes odores, logo
ficou preocupada. Depois de curta
investigação, notamos que a passageira
sentada na poltrona ao lado, uma americana
de aspecto sinistro, que tinha embarcado
em São Paulo, havia tirado as meias dos
pés e as brandia como se quisesse secá-las.
O odor era tão forte que os passageiros
mais próximos, entreolhavam-se como
se não acreditassem na cena grotesca
que presenciavam.
o local foi tomado por um enorme mau
cheiro. Minha esposa que sofre de cefaléia
e não pode sentir fortes odores, logo
ficou preocupada. Depois de curta
investigação, notamos que a passageira
sentada na poltrona ao lado, uma americana
de aspecto sinistro, que tinha embarcado
em São Paulo, havia tirado as meias dos
pés e as brandia como se quisesse secá-las.
O odor era tão forte que os passageiros
mais próximos, entreolhavam-se como
se não acreditassem na cena grotesca
que presenciavam.
Isso nos fez lembrar outro episódio
semelhante quando embarcamos de Natal
para São Paulo. Minha esposa, que
integra a estatística de 42% da população
brasileira que tem medo de voar de avião,
ficou mais tranqüila quando identificou,
no passageiro que sentou na poltrona
do seu lado, um provável pastor evangélico.
O homem ao se sentar, sacou de uma bíblia
e começou a lê-la mentalmente. Com uma
hora de vôo o indivíduo já dormia
profundamente. Começamos então a
sentir um forte mau cheiro, que mais
lembrava comida estragada. Instantes
depois, descobrimos que o responsável
por exalar aquele mau cheiro era o pastor,
que de boca aberta e dormindo a sono
solto, incontinenti, impregnava o
ambiente com um hálito devastador,
daqueles capazes de acabam comício de
interior.
semelhante quando embarcamos de Natal
para São Paulo. Minha esposa, que
integra a estatística de 42% da população
brasileira que tem medo de voar de avião,
ficou mais tranqüila quando identificou,
no passageiro que sentou na poltrona
do seu lado, um provável pastor evangélico.
O homem ao se sentar, sacou de uma bíblia
e começou a lê-la mentalmente. Com uma
hora de vôo o indivíduo já dormia
profundamente. Começamos então a
sentir um forte mau cheiro, que mais
lembrava comida estragada. Instantes
depois, descobrimos que o responsável
por exalar aquele mau cheiro era o pastor,
que de boca aberta e dormindo a sono
solto, incontinenti, impregnava o
ambiente com um hálito devastador,
daqueles capazes de acabam comício de
interior.
Faltando pouco tempo para a
aterrissagem, passa um comissário
de bordo e distribui com os “passageiros
estrangeiros” que desembarcariam em
Santiago, um formulário escrito em
espanhol. Depois vim saber que se
tratava de uma DECLARAÇÃO DE
ADUANAS. Embora identificando
algumas palavras, não conseguia
entender completamente o que estava
escrito naquele papel.
aterrissagem, passa um comissário
de bordo e distribui com os “passageiros
estrangeiros” que desembarcariam em
Santiago, um formulário escrito em
espanhol. Depois vim saber que se
tratava de uma DECLARAÇÃO DE
ADUANAS. Embora identificando
algumas palavras, não conseguia
entender completamente o que estava
escrito naquele papel.
Quando se viaja para outro país,
os amigos que por ventura lá já estiveram,
logo se apressam em informar o endereço
de onde se faz boas compras, onde se
localizam os bons restaurantes, os locais
de visitas indispensáveis, os melhores
passeios etc. Infelizmente, não se
preocupam em informar ao passageiro
de primeira viagem, como era o nosso
caso, e ainda por cima viajando por
conta própria, isto é, sem contar
com os serviços de uma agência de
viagens, que, para se adentrar em
outro país, é necessário passar pela
policia de emigração. Aquele papel
entregue pelo comissário de bordo -
Declaração de Aduanas -, é justamente
para ser preenchido com os dados do
viajante, e que serão confrontados com
os documentos de identidade, no
guichê da emigração. Após esse
procedimento, a entrada é autorizada
através de um carimbo, que determinará
inclusive, os dias que o indivíduo
poderá permanecer no país. A guarda
desse documento é de vital importância,
pois, por ocasião da saída do país, o
mesmo documento será exigido.
O seu extravio acarretará enormes
problemas e nesse caso, a solução passará
inevitavelmente pela Embaixada.
os amigos que por ventura lá já estiveram,
logo se apressam em informar o endereço
de onde se faz boas compras, onde se
localizam os bons restaurantes, os locais
de visitas indispensáveis, os melhores
passeios etc. Infelizmente, não se
preocupam em informar ao passageiro
de primeira viagem, como era o nosso
caso, e ainda por cima viajando por
conta própria, isto é, sem contar
com os serviços de uma agência de
viagens, que, para se adentrar em
outro país, é necessário passar pela
policia de emigração. Aquele papel
entregue pelo comissário de bordo -
Declaração de Aduanas -, é justamente
para ser preenchido com os dados do
viajante, e que serão confrontados com
os documentos de identidade, no
guichê da emigração. Após esse
procedimento, a entrada é autorizada
através de um carimbo, que determinará
inclusive, os dias que o indivíduo
poderá permanecer no país. A guarda
desse documento é de vital importância,
pois, por ocasião da saída do país, o
mesmo documento será exigido.
O seu extravio acarretará enormes
problemas e nesse caso, a solução passará
inevitavelmente pela Embaixada.
Preenchemos o documento da
maneira que achávamos ser o mais
correto, porém, isso teve lá suas
conseqüências, quando apresentado
no guichê da emigração. A policial
chilena, muito mal humorada, talvez fosse
uma solteirona mal resolvida, pois era
desprovida de qualquer sinal de beleza
estética, terminou por se aborrecer, em
virtude da falta de alguns dados,
que tiveram que ser refeitos ou
complementados. Até que fosse
estabelecido um mínimo de
comunicação com aquela chilena
raivosa, falando apressadamente e em
um espanhol de difícil compreensão,
passamos por alguns momentos de estresse.
maneira que achávamos ser o mais
correto, porém, isso teve lá suas
conseqüências, quando apresentado
no guichê da emigração. A policial
chilena, muito mal humorada, talvez fosse
uma solteirona mal resolvida, pois era
desprovida de qualquer sinal de beleza
estética, terminou por se aborrecer, em
virtude da falta de alguns dados,
que tiveram que ser refeitos ou
complementados. Até que fosse
estabelecido um mínimo de
comunicação com aquela chilena
raivosa, falando apressadamente e em
um espanhol de difícil compreensão,
passamos por alguns momentos de estresse.
Enfim, resolvido mais esse problema,
tomamos um taxi, que tive o cuidado de
contratá-lo dentro do aeroporto, evitando
assim problemas futuros. Depois de nos
acomodarmos na van, já que éramos
quatro passageiros e bagagem de seis
pessoas, me dirigi ao motorista com
ares de viajante experiente: Hotel Neruda,
por favor! Sim señhor, respondeu o chileno.
tomamos um taxi, que tive o cuidado de
contratá-lo dentro do aeroporto, evitando
assim problemas futuros. Depois de nos
acomodarmos na van, já que éramos
quatro passageiros e bagagem de seis
pessoas, me dirigi ao motorista com
ares de viajante experiente: Hotel Neruda,
por favor! Sim señhor, respondeu o chileno.
Durante o percurso, uma distância
de 35 a 40 quilômetros, procurei manter
algum diálogo com o taxista, para ir
me familiarizando com o idioma.
Perguntei-lhe sobre a distância até o
centro da cidade, sobre a temperatura
e por fim sobre os pontos turísticos
mais visitados. Ele, ao contrário da
policial truculenta, muito educado,
procurava de todas as maneiras
atender aos meus questionamentos
e satisfazer, a medida do possível,
minhas curiosidades. Foi então que atônito,
descobri mais uma das nossas trapalhadas.
de 35 a 40 quilômetros, procurei manter
algum diálogo com o taxista, para ir
me familiarizando com o idioma.
Perguntei-lhe sobre a distância até o
centro da cidade, sobre a temperatura
e por fim sobre os pontos turísticos
mais visitados. Ele, ao contrário da
policial truculenta, muito educado,
procurava de todas as maneiras
atender aos meus questionamentos
e satisfazer, a medida do possível,
minhas curiosidades. Foi então que atônito,
descobri mais uma das nossas trapalhadas.
O dia 1 de novembro, Dia de Todos
os Santos, é feriado nacional. Em
seguida, o dia 2 – dia de finados -,
igualmente feriado, onde se reverencia
a memória dos mortos, como na
maioria dos países que têm como
predominância, a religião católica.
E o dia 3, sábado, nos informava
que o comércio funcionaria
precariamente em razão dos
feriados anteriores, ou como
costumamos chamar por aqui
de feriadão. Resultado: três dias
com praticamente tudo fechado em
Santiago. Somente os Shoppings,
como de costume, estariam em
pleno funcionamento. No afã da
viagem, esquecemos do mais
importante: o planejamento.
E como se diz aqui em nossa terra
“além de queda, coice!
os Santos, é feriado nacional. Em
seguida, o dia 2 – dia de finados -,
igualmente feriado, onde se reverencia
a memória dos mortos, como na
maioria dos países que têm como
predominância, a religião católica.
E o dia 3, sábado, nos informava
que o comércio funcionaria
precariamente em razão dos
feriados anteriores, ou como
costumamos chamar por aqui
de feriadão. Resultado: três dias
com praticamente tudo fechado em
Santiago. Somente os Shoppings,
como de costume, estariam em
pleno funcionamento. No afã da
viagem, esquecemos do mais
importante: o planejamento.
E como se diz aqui em nossa terra
“além de queda, coice!
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