RELEITURAS POÉTICAS
BIZÂNCIO
(o poema
reescrito)
A noite
guardo-a
comigo
Não perdi
Bizâncio
Dos conflitos
afasto
armas e
olhares mortais
e tudo que
destrói pelo ódio
Não perdi
Bizâncio
como quer
a crônica
medieval tardia
que sobrepõe
império
a império
num jogo de
ilusão
e fantasia
E longe do
assédio das disputas
vejo-a perene
com as
flâmulas
do heroísmo
de quem ama
Mortos?
o oráculo diz
que não há mortos
ou sequer a
morte
Há uma cruz:
in hoc signo vinces
Há um escudo
para o tempo
e não são
surdas essas muralhas
abertas à
memória
Nas cisternas
repletas
a água entoa
o som imóvel
o cântico do
silêncio
E continuam a
comover-me
a tarde
púrpura
o declínio do
sol no ocidente
o acender das
luzes no terraço sobre o Bósforo
o abraço da
noite.
Horácio
Paiva
MEU SERTÃO DE
ANTIGAMENTE
O fogão era a lenha; O café era torrado em casa, batido no pilão; A panela era de barro; O sabão era em pedra, de oiticica; O banho era de cuia e de balde; O vaso de sanitário era de cimento e latrina; A lâmpada era o candeeiro, a piraca e a lamparina; A geladeira era o pote e a moringa; O bebedouro era a 'quartinha'; A piscina era o açude; O carro de lixo era a carroça; O sapato era a sandália de couro; A televisão era o rádio de marca ABC; A fechadura era a tramela; O supermercado era a bodega; O baile era o assustado; O mosquiteiro era o esterco de boi; O refrigerante era o ponche de limão; O carro era a carroça e o jumento.
No dia da cultura
|
Assim, sinto
O poeta quando escreve Nem sempre é livremente. Se expõe a sua dor, Muitas vezes é lentamente. O poeta, às vezes, sai A voar e então cai A chorar e então, mente... E negando a sua dor, O poeta, então inventa Caminhos para emoção Ser certeira e, argumenta: “Minha dor é quase nada Se ela for comparada, Muito pouco representa.” Daí passa a descrever Uma dor universal, Escondendo o que era seu De maneira divinal E com mundo e dividida, Por muitos e entendida, De maneira natural. Por isso eu sou feliz Independente de tudo. Minha dor é quase nada, Eis porque me calo e mundo O sentindo de um poema, Não me importa qual o tema, Não me importa o absurdo! Oliveira do Cordel |
Olhei um moribundo e nele não encontrei
o Homem.
Fechei os olhos e sai em busca do humano....
Vi lá adiante vários seres conversando.
Disse: - São homens,pois falam de guerra e fomentam o ódio.
Aproximando-me li nos seus rostos que eram apenas maquete
de um ser com alma.
Continuei a andar....
Já não mais queria ir, pois em todos os palácios,
em cada convento, em todo clero, em toda igreja,
em cada metrópole, eu procurara o Homem e não o achara.
Onde ele estará? Quem o escondera?
Senti então, que em todo lugar está o Homem.
No clero infame e santo na igreja autocrática e nos conventos indolentes,
nas metrópoles cruéis.
Mas porquê não o via antes?
Talvez por causa dos olhos, afinal "a importância do homem está no nosso olhar e não no homem olhado".
Francisco Martins
Fechei os olhos e sai em busca do humano....
Vi lá adiante vários seres conversando.
Disse: - São homens,pois falam de guerra e fomentam o ódio.
Aproximando-me li nos seus rostos que eram apenas maquete
de um ser com alma.
Continuei a andar....
Já não mais queria ir, pois em todos os palácios,
em cada convento, em todo clero, em toda igreja,
em cada metrópole, eu procurara o Homem e não o achara.
Onde ele estará? Quem o escondera?
Senti então, que em todo lugar está o Homem.
No clero infame e santo na igreja autocrática e nos conventos indolentes,
nas metrópoles cruéis.
Mas porquê não o via antes?
Talvez por causa dos olhos, afinal "a importância do homem está no nosso olhar e não no homem olhado".
Francisco Martins
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