SEXTA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2012
UMA VIAGEM INESQUECÍVEL – Terceira Parte
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
. . . Por fim, chegamos ao hotel e após retirada
a bagagem, fomos à recepção para as providências
de praxe. Naquela ocasião já sonhando com
um banho quente que certamente nos traria alguns
momentos de merecido relaxamento. Passados
alguns instantes, notamos a ansiedade da
recepcionista que, não obstante intensa procura,
não conseguia encontrar nossos vouchers. Mais
uma vez, fomos tomados pela preocupação.
Alguns minutos depois, a recepcionista nos
informava que infelizmente estávamos no hotel
errado. Ao questionar quanto ao nome do hotel
que constava em nossos vouchers, descobrimos
que o taxista havia nos deixado no endereço
solicitado: Hotel Neruda. Entretanto, para nossa
surpresa, a reserva havia sido feita para o hotel
Neruda Express, localizado do outro lado da
cidade.
Em nossos rostos, o semblante da
decepção. A recepcionista muito gentilmente,
providenciou outro taxi, e finalmente
conseguimos chegar ao hotel correto.
No dia seguinte, saímos pra o único local que, como
já disse, encontrava-se em pleno funcionamento.
O Costanera Center, um shopping moderno e
com muitas lojas, entre elas a famosa
Falabella, a maior loja de departamento do país.
Além de se situar próximo ao hotel em que
estávamos hospedados, sua localização era
facilitada, pois faz parte do complexo que inclui
um centro comercial, dois hotéis e 2 torres de
escritórios. A maior delas, denominada Gran
Costaneral, que encontra-se em fase de
acabamento é considerada a mais alta da
América Latina, com mais de 300 metros
de alturas e setenta andares, e pode ser vista
de quase toda a cidade.
Complexo Costanera
De volta para o hotel, encontramos um barzinho,
que contrariando todas nossas expectativas,
encontrava-se funcionando. Aproveitamos para
“afogar” nossas mágoas com um bom chope
da marca Cristal, de ótimo sabor e leveza.
Naquele momento, o bendito barzinho nos
pareceu, um oásis em pleno deserto de Atacama,
ou mesmo aquela tábua de salvação do naufrago
em desespero.
Deserto de Atacama-Chile
Após conversas amenas e algumas incertezas
quanto ao dia seguinte, solicitei ao simpático
garçom que nos atendia, a “dolorosa”,
que também é utilizada naquele país. Em seguida,
dirigi-me ao caixa onde pretendia pagar a conta,
utilizaria cartão de crédito. Ao receber a nota para
pagamento, notei que ele havia me entregue dois
papeis. Verificando um deles, tive um susto!
Estava escrito em grandes letras PROPINA.
Imediatamente pensei! Será que voltei para o
Brasil e não percebi? Ou será que foram as
canecas de chope avidamente consumidas que
me deixaram aturdido? Mas eu não havia bebido
tanto assim. Lembrei que alguém havia dito
que o álcool consumido a grandes altitude,
potencializa o seu efeito. Como a cidade de
Santiago fica a 576 metros, acima do nível
do mar, seria uma explicação razoável.
Enquanto me questionava com aquele papel
na mão, o garçom se apressa em informar:
Señhor, isso é a taxa de serviço.
Então, aliviado, percebi que ainda
continuava no Chile e que a tal PROPINA,
tão praticada em nosso Brasil, era apenas
o nome usado pelos chilenos, para definir
taxa de serviço.
Restaurante do Hotel Neruda Express
No outro dia, tomávamos o café da manhã
quando notei que minha esposa esmerava-se em
gestos, na tentativa de fazer o garçom entender
o que ela procurava em meio à diversidade de
guloseimas dispostas na mesa do restaurante.
A procura era por um simples saquinho de chá.
Após alguns trejeitos, contudo sem obter sucesso,
eis que surge uma brasileira, que estava no
restaurante, e acompanhava de sua mesa, todo
o esforço de minha esposa, na tentativa de se
fazer entender. Logo a acode com seus
conhecimentos lingüísticos e lhe explica a
pronuncia correta.
No espanhol o “ch” se pronuncia “tche”.
Impasse resolvido, mais um conhecimento
que lhe foi útil quando desembarcou na Argentina.
Maurício - o guia
A intervenção dessa mineira de Uberlândia, que
estava acompanhada de mais três outras amigas
em viagem de turismo, terminou por nos prestou
uma grande ajuda. Com a continuação da
conversa e as devidas apresentações, ela nos
informa que havia contratado, quando ainda
estava no Brasil, um guia turístico que fora
recomendado por outras amigas, que
utilizaram seus serviços quando estiveram
em Santiago. Foram muito bem atendidas e
por esse motivo o recomendara. Foi então que
conhecemos o Maurício, um simpático chileno,
proprietário de uma van, que há vários anos
trabalha por conta própria, como guia turístico.
O mais importante é que era de total confiança.
Estrada para a comuna de Pirque
Acertamos com ele, para o dia seguinte, já que
as amigas embarcariam de volta ao Brasil naquela
madrugada, uma visita a vinícola Concha y Toro,
um dos passeios mais solicitados pelos turistas
em visita aquele país. No dia seguinte após o café
da manhã, desta feita sem nenhum atropelo
quanto à solicitação do chá, partimos para
o passeio. O caminho que nos leva até a
vinícola é muito interessante. Primeiro tivemos
a oportunidade de conhecer as “comunas”,
mais pobres de Santiago.
Comuna de Pirque
Quando saímos dessa área, o cenário mudou
radicalmente. A todo instante nos deparamos com
belíssimas paisagens que se sucedem durante
todo o percurso. Após 45 minutos de viagem,
chegamos em Pirque, uma “comuna”- como são
denominados os bairros naquele país -, situada
na região metropolitana de Santiago, no Valle
del Maipo, residência da família Concha y Toro.
hoje é a maior companhia vinícola do Chile.
Foi nesta localidade que se deu a redescoberta
da uva Carménère, originária da região de
Bordéus, França, considerada extinta nos
parreirais europeus, dizimados por praga.
Sua condição de sanidade no Chile, onde hoje é
exclusividade, deveu-se a situação geográfica
do país, cercado por cordilheiras e o oceano
pacífico.
Entrada da vinícola Concha Y Toro
Durante a visita, fomos acompanhados por
uma guia, que primeiro nos conduz a uma reserva
florestal de propriedade da vinícola e em
seguida aos parreirais onde tivemos a oportunidade
de ver as uvas ainda em formação. A guia nos
explicava em um “portunhol” bastante compreensivo,
todo o processo de confecção do vinho, desde o
plantio das parreiras, que inclusive tivemos a
oportunidade de caminhar entre elas, até o seu
armazenamento nas grandes adegas.
Após o esmagamento das uvas, a
fermentação é feita em tanques de inox com
remontagens regulares para conseguir a melhor
cor, taninos e extração. A maturação é feito em
pipas de carvalho americano ou francês, de acordo
com o tipo de vinho que se deseja envelhecer.
O Cabernet Sauvignon, por exemplo,
descansa e amadurece por um período de oito
a doze meses nos famosos tonéis de carvalho francês.
Adega - Concha Y Toro
Por ocasião da visita ao porão da adega, em
meio a milhares de barris, dispostas sistematicamente
lado a lado, em dado momento o visitante é
surpreendido com uma pequena história teatralizada,
no mais autêntico estilo fantasmagórico, da origem
do vinho Casillero del Diabolo.
Adega
Após deixar o ambiente totalmente escuro,
Após deixar o ambiente totalmente escuro,
imagens são projetadas em um canto da adega.
Acompanhadas de sons estereofônicos, uma
gravação narra ao estilo, Mister M, personagem
narrado por Cid Moreira, a lenda desse famoso
vinho. A altura do som propagada naquele
ambiente escuro e fechado foi capaz de assustar
incautas senhoras.
(continua na próxima sexta-feira)
(continua na próxima sexta-feira)
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