´
por Ivan Maciel de Andrade - Advogado
O Eclesiastes modelou uma verdade que está acima da sabedoria filosófica e científica: “nada há de novo debaixo do sol” (1.1). Tanto na política internacional, como nos quadrantes nacionais. Por exemplo, a guerra entre israelenses e palestinos é o que pode haver de mais antigo e repetitivo na história recente da humanidade (o Estado de Israel foi fundado em 1948). Existem as incessantes provocações recíprocas. De um lado, os toscos foguetes palestinos são, em sua grande maioria, facilmente interceptados pela força aérea e terrestre israelense. Enquanto isso, os potentes e certeiros foguetes e aviões de combate israelenses, em ataques maciços e massivos, acertam fria e meticulosamente os seus alvos, matando sobretudo civis e, dolorosamente, em grande número, mulheres e crianças. De sobra, provocam a destruição de hospitais e de prédios que serviriam de esconderijo a terroristas e onde, por sistemática coincidência, funcionam órgãos do governo palestino. De vez em quando surge uma luz (enganosa, como sempre) no final do túnel, representada pela possibilidade de um consenso entre esses dois povos – histórica, religiosa e culturalmente inimigos – em torno da criação de um Estado Palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Mas essa esperança tão subitamente surge, quanto rapidamente se desfaz.
E, hoje, a convivência pacífica tornou-se quase que utópica, esfarrapado sonho de pessoas de boa-fé que acreditam em soluções nas quais prevaleçam a lucidez e o espírito de tolerância. Os Estados Unidos apoiam as ações militares de Israel sob argumento de que são praticadas como autodefesa e preservação de seu território. Apenas, quando corpos de palestinos, brutalmente retalhados, são exibidos nos noticiários televisivos mundiais, a Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e o presidente Obama reprovam os “excessos” cometidos por Israel pela utilização de “forças desproporcionais”. Mas apontam como únicos e odiosos culpados a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e seu partido Fatah, os líderes do Hamas e da Jihad Islâmica.
E o que há de novo, em termos políticos, no Brasil? Lula continua como uma espécie de Gulliver no país de Lilipute, para relembrar a sátira de Johathan Swift, preenchendo o mapa do poder no país com os seus afilhados. O próprio Lula se vangloria de ter feito um “poste”, chamado Dilma Rousseff, presidente da República. E ela não é uma presidente que dependa do poder e da glória de seu criador – o antigo líder dos metalúrgicos de São Bernardo (SP). Mas uma presidente que tem seu governo aprovado por mais de 60% dos brasileiros. E que demonstra estar decidida a concorrer à reeleição e – por enquantro – tem todas as chances de ganhar, mesmo enfrentando lideranças jovens e promissoras, como são o mineiro Aécio Neves e o pernambucano Eduardo Campos. Mas Lula surpreende: há pouco, fez do “poste” Haddad o prefeito de São Paulo.
Cada vez, nos dias atuais, dedico-me mais frequentemente à releitura de livros que me fascinaram em fases iniciais da minha formação intelectual. É um hábito que se consolida, sem prejuízo da preocupação e curiosidade em manter-me atualizado com os lançamentos que surgem e em particular com o que existe de experimental, de esteticamente novo. A sensação – pelo prazer (e novas descobertas) da releitura – é de que estou lendo esses “clássicos da literatura universal” pela primeira vez. E para que essa sensação se torne mais real e mais forte, procuro intencionalmente despojar-me das impressões que apesar da erosão do tempo se conservaram na memória e na sensibilidade. Reconheço, para minha surpresa, que algumas delas ainda continuam tão nítidas e marcantes que se tornaram, na verdade, insubstituíveis. Acresce que as lembranças provocadas pelos novos contatos com alguns personagens e a trama ficcional a que pertencem me causam profunda emoção. Isso acontece porque elas conduzem a um reencontro mágico com o tempo em que esses livros me causaram o assombro das primeiras descobertas literárias...
Nenhum comentário:
Postar um comentário