Cartas de Cotovelo- Tempo de verão
2025
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Embora desmotivado por alguns
episódios egoísticos e insanos de pouquíssimos moradores da nossa praia (Grupo
do Ódio), ainda persisto em escrever as minhas Cartas de Cotovelo.
Aqui, tenho a paz do silêncio, do
espaço e do tempo para contemplar a natureza e fazer múltiplas leituras, pondo
em dia o meu acervo de livros recentes adquiridos, como os dos estimados Osair,
Alexis Peixoto, Teimoso Zen (Claudionor de Oliveira Júnior) e uma coletânea
organizada por Hérnan Reyes Alcaide sobre o Papa Francisco, tendo por ponto
central “A Esperança”.
Ler tantos livros, na mesma
oportunidade é um antigo vício herdado do desembargador José Gomes: “meu filho,
quando estou cansado de uma leitura, separo o livro e começo outro, fazendo um
revezamento produtivo”. Ele tinha razão, misturo narrativas, romances,
polêmicas, com a renovação da esperança, causa maior da minha, já vetusta, vida
de leitor.
Quando as tramas de um romance
atingem o clímax, aborto a leitura para meditar o seu desfecho - nem sempre aquele
que eu esperava.
Daí, no passar a outro texto, faço
marcas e grifos, também para uma meditação.
Na obra sob o Papa Francisco, que
veio na sequência de outra sobre Leão XIV (ótima), anotei: “A Esperança
pertence aos pobres. Não é uma virtude para quem tem a barriga cheia”.
É uma verdade incontestável: “A
pobreza se apresenta a nós diariamente, desafiando-nos com os seus inúmeros
rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela
violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e
da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e
pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio
e pela miséria, pela migração forçada. Por
isso que a Esperança está naquela pobreza que tem o rosto de “mulheres, homens
e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas
do poder e do dinheiro”. (mensagem do
Papa Francisco para o Dia mundial dos pobres 19/11/ 17).
A transcrição pode parecer longa, mas
não teria outras palavras para definir este assunto. Assino embaixo.
Vivemos no presente a globalização da
indiferença e da cultura do “eu”.
Na minha longa jornada de professor
sempre demonstrei que, no sentido geral, o estado é uma criação da sociedade,
para ofertar controle e retorno da riqueza de forma democrática, organizada e
eficiente.
Contudo, hoje ele agride o seu
criador - o povo, escravizando-o através de tributos e ações que não vêm em seu
efetivo proveito, senão em desfavor por dispender mais, além da sua capacidade
contributiva - dentro disso estão os desvios e o protecionismo eleitoreiro, não
democrático.
Ensinei errado todos esses anos? A
teleologia apregoada nas normas tem nova interpretação: não se respeitam mais
os princípios da impessoalidade, publicidade, imparcialidade e moralidade, em
todos os espaços da estrutura estatal.
As ideologias proclamadas sob
pretexto de boas intenções, do efeito democrático e republicano, nos afastam da
realidade e nos impedem de avançar.
Os donos do poder declaram a força da
democracia quando o povo grita por liberdade. Apenas jogo de palavras.
Conclamo todos a abrirem os olhos
para a verdade e varrer “o cheiro de naftalina política e espiritual” daqueles
que cultuam o “eu”.
Insisto em afirmar: nós os pobres,
sem o poder, só temos uma alternativa – A Esperança verdadeira.
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