quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

 

Cartas de Cotovelo- Tempo de verão 2025

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

Embora desmotivado por alguns episódios egoísticos e insanos de pouquíssimos moradores da nossa praia (Grupo do Ódio), ainda persisto em escrever as minhas Cartas de Cotovelo.

Aqui, tenho a paz do silêncio, do espaço e do tempo para contemplar a natureza e fazer múltiplas leituras, pondo em dia o meu acervo de livros recentes adquiridos, como os dos estimados Osair, Alexis Peixoto, Teimoso Zen (Claudionor de Oliveira Júnior) e uma coletânea organizada por Hérnan Reyes Alcaide sobre o Papa Francisco, tendo por ponto central “A Esperança”.

Ler tantos livros, na mesma oportunidade é um antigo vício herdado do desembargador José Gomes: “meu filho, quando estou cansado de uma leitura, separo o livro e começo outro, fazendo um revezamento produtivo”. Ele tinha razão, misturo narrativas, romances, polêmicas, com a renovação da esperança, causa maior da minha, já vetusta, vida de leitor.

Quando as tramas de um romance atingem o clímax, aborto a leitura para meditar o seu desfecho - nem sempre aquele que eu esperava.

Daí, no passar a outro texto, faço marcas e grifos, também para uma meditação.

Na obra sob o Papa Francisco, que veio na sequência de outra sobre Leão XIV (ótima), anotei: “A Esperança pertence aos pobres. Não é uma virtude para quem tem a barriga cheia”.

É uma verdade incontestável: “A pobreza se apresenta a nós diariamente, desafiando-nos com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e pela miséria, pela migração forçada.  Por isso que a Esperança está naquela pobreza que tem o rosto de “mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro”.  (mensagem do Papa Francisco para o Dia mundial dos pobres 19/11/ 17).

A transcrição pode parecer longa, mas não teria outras palavras para definir este assunto. Assino embaixo.

Vivemos no presente a globalização da indiferença e da cultura do “eu”.

Na minha longa jornada de professor sempre demonstrei que, no sentido geral, o estado é uma criação da sociedade, para ofertar controle e retorno da riqueza de forma democrática, organizada e eficiente.

Contudo, hoje ele agride o seu criador - o povo, escravizando-o através de tributos e ações que não vêm em seu efetivo proveito, senão em desfavor por dispender mais, além da sua capacidade contributiva - dentro disso estão os desvios e o protecionismo eleitoreiro, não democrático.

Ensinei errado todos esses anos? A teleologia apregoada nas normas tem nova interpretação: não se respeitam mais os princípios da impessoalidade, publicidade, imparcialidade e moralidade, em todos os espaços da estrutura estatal.

As ideologias proclamadas sob pretexto de boas intenções, do efeito democrático e republicano, nos afastam da realidade e nos impedem de avançar.

Os donos do poder declaram a força da democracia quando o povo grita por liberdade. Apenas jogo de palavras.

Conclamo todos a abrirem os olhos para a verdade e varrer “o cheiro de naftalina política e espiritual” daqueles que cultuam o “eu”.

Insisto em afirmar: nós os pobres, sem o poder, só temos uma alternativa – A Esperança verdadeira.

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