terça-feira, 21 de janeiro de 2025

DE VALORES LITERÁRIOS* Por José Nicodemos Sono demorando a chegar, fico impaciente e vou à estante a escolher alguma coisa para distrair o tempo. Batem-me os olhos, à primeira vista, no Ficções Fricções Africções de Franklin Jorge. Pronto, eis o livro, mais do que tudo, para renovar-me no gosto da prosa limpa desse grande escritor nosso. Dos poucos, pouquíssimos, autores potiguares que ainda leio, e de leitura que posso dizer freqüente. Dele, disse muito bem o nosso (de Mossoró) Jaime Hipólito Dantas, "um artista da palavra". A propósito, quem que, por estas bandas e além delas, escreveu, ou escreve, melhor do que Jaime, contista e ensaísta literário melhor entre os melhores? E fique bem claro: exigente como era, e mais positivo, não lhe fez Jaime favor de amizades. Não lhe era do temperamento o falsear valores em nome desses rompantes, sem outro propósito que não fosse o de afagar a mediocridade vaidosa. Bem; não esqueci o que ia dizendo. Seja: a leitura do Franklin Jorge, não como espantalho da insônia, no que cometeria um sacrilégio literário, e sim pelo prazer estético que esse grande escritor costuma trazer-me, até num simples bilhete. Pois bem; estou a pensar neste momento em que escrevo, na facilidade com que escritores medíocres, ou bem abaixo disso, conseguem grande público, inclusive com destaque em resenha crítica, algo assemelhada ao brilho de colunas sociais. E penso isso sem abrir mão da minha maneira franca de encarar as coisas, isto da louvação fácil, isto é, como traição de mim mesmo. Se não gosto... Uma digressão para largo elogio ao Ceará fazendo compor a lista de autores para o exame vestibular os seus melhores autores, em prosa e verso, antigos e contemporâneos. Aos quais, justiça lhes seja feita, em nada ficam a dever, prosadores, Franklin Jorge, do Ceará Mirim, e os mossoroenses Jaime Hipólito Dantas e Dorian Jorge Freire. No universo mágico da poesia - R. Leontino Filho. E nós, aqui em Mossoró, particularmente? Ah, nem se fale. Uma vez que se deu vez a escritor prata da casa, em programa do vestibular, foi para humilhar os legítimos valores locais. O que digo? Diminuir a própria cidade, com o perdão da palavra franca. Não sei fazer do sambenito gala, é isto. Bem; deixem-me volver à arte do grande escritor nosso, que é esse enorme Franklin Jorge. *Transcrito do jornal De Fato [Mossoró, 24 de novembro de 2011] *Não lembro.quem aqui, me fotografou. Nem onde, exceto que essa camisa de cambraia de linho tinha grandes botões de madreperola ocultos no ombro. ******************** Franklin Jorge MEMORIAL NO CEARA-MIRIM O Professor Severino Martiniano me surpreendeu com um pedido. A criação de uma espécie de Memorial que tornasse acessível aos.neus Conterrâneos parcela,. por mínima que seja, do que produzi em termos culturais em pouco.nais de 5 Década de produção literária e jornalistica voltada para as Artes e, em especial, para as Artes Literárias e Jornalisticas. É a segunda tentativa sua nesse sentido..Na primeira, há uns dez ou quize anos, ele pretendia instalar meu acervo entao ainda mais volumoso do wue é hoje, no belo Palacete já Centenário que dei origem ao Colégio Santa Águeda, hoje transformado em Memorial de uma Freira que fez história no Ceara-Mirim. Não demonstrei grande interesse e a ideia morreu no nascedouro... Agora ele retorna com a mesmo ideia, alegando a.minha condição de ente anônimo na terra de meu nascimento e a importância do Acervo wue smealhei em snos de trabalho "modesto e criterioso", conforme as palavras do grande escritor Walmir Ayala em um artigo publicado, há uns 40 anos, no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, acerca de meu trabalho de divulgaçãoda Cultura Brasileira. Dessa vez me senti mordiscado pela Mosca Azul, embora já nao tenha saúde nem ânimo para empreendimentos que exijam de mim.nris do que isso dar sem grandes sacrifícios ou prejuízos à minha saúde abalada por uma sucessão de Isquemias que alteraram a minha cognição [ontem um médico que consultei se referiu s uma espécie de Dislexia que dificulta o meu entendimento das coisas, além da perda de parte da audição, dos movimentos e da visão [essa em parte reversível, se eu puder dispor dos recursos necessários oara o tratamento]. Contudo, apesar dessa realidade de difícil superação, senti-me contagiado pelo entusiasmo de Martiniano, que se dispôs a procurar spoios para esse empreendimento. Logo me ocorreu c3der em Comodato meus 37 retratos, pintados por artistas como Fernando Gurgel. Etelanio Figueiredo, Sante Scaldaferri, Diniz Grilo, Gilson Nascimento, Rossini Euintas Perez Rehane Vatista. Cláudia Lange, entre outros, pinturas que eu.ptootio produzi- inspiradas mos Canaviais do Ceara-Mirim -, fac-similes de correspondência com grandes escritores e artistas, objetos e a reconstituição de meu estúdio de trabalho etc. Sobretudo pensei que, a droender de minhas condições intelectuais e físicas,.pudesse ministrar Oficinas e Laboratórios de Leitura Criativa e Produção de Textos Literários.e Jornalísticos que pudessem constituir uma atividade para-didática para alunos da Rede Fundamental de Ensino. Nao sei se isto é exequível em uma terra onde comumente gasta-se 200 para impedir-se que alguém ganhe 20... Em todo caso, louvo a ideia e a iniciativa generosa do Professor Severino Martiniano, que assim demonstra e prova a sua vocação de Educador consciente e inovador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário