quarta-feira, 1 de maio de 2024
Relíquias de Santa Teresinha
Padre João Medeiros Filho
As relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus estarão expostas à visitação, de um a
cinco de maio próximo, na Arquidiocese de Natal (RN), mormente no Carmelo de Emaús
(Parnamirim). Guardamos com carinho lembranças materiais inestimáveis de nossos pais e
pessoas queridas. Assim age a Igreja com os restos mortais dos santos e beatos, bem como
objetos por eles usados. São sinais indicativos para a veneração dos fiéis. De Leão XIII a
Francisco, os pontífices manifestaram encantamento com o testemunho cristão da Santa de
Lisieux. Esta entrou para a vida religiosa, aos quinze anos de idade, com o beneplácito de Leão
XIII. “É a maior santa dos tempos modernos”, declarou Pio X, exaltando a profunda
espiritualidade da jovem carmelita. Um dos últimos atos desse Pontífice foi abrir o processo de
beatificação da jovem religiosa. Bento XV introduziu a expressão teológica “infância
espiritual”, referindo-se à vivência mística de Thérèse Martin. Ela seguiu o ensinamento do
Mestre: “Se não vos converterdes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18, 3).
A infância espiritual consiste na confiança em Deus e no entregar-se nas mãos do Pai.
Pio XI chamava Teresa de Lisieux “Estrela do meu pontificado.” Mesmo antes de
ocupar o trono de Pedro, devotava-lhe profunda reverência. Elevou-a à honra dos altares, aos
17 de maio de 1925, constituindo-a padroeira das missões, em 14/12/1927. Desde cedo, o
culto àquela eleita de Deus se fez presente no RN. Nosso terceiro bispo diocesano, Dom José
Pereira Alves e o primeiro arcebispo metropolitano, Dom Marcolino de Souza Dantas,
dedicavam-lhe especial devoção. O primeiro educandário feminino de Caicó, construído em
1925 pelo Cônego Celso Cicco recebeu, por sugestão de Dom José Pereira, o nome de Santa
Teresinha. Em 1930, Dom Marcolino inaugurou o Santuário do Tirol, elevando-o
posteriormente à condição de paróquia. Apôs o nome da santa carmelitana como copadroeira. Ela marcou tanto a piedade dos fiéis, a ponto de denominarem até hoje Igreja de
Santa Teresinha, geralmente omitindo Nossa Senhora das Graças, também co-patrona.
Pio XII manteve correspondência assídua com o Carmelo de Lisieux. Enquanto
cardeal, ali esteve diversas vezes a fim de presidir solenidades. Em 1934, foi designado legado
papal “a latere” no Congresso Eucarístico Internacional de Buenos Aires. Levou consigo uma
relíquia de Teresa à qual confiara a sua missão. Durante o tempo em que viveu no Vaticano,
mantinha contato com as carmelitas Pauline (Madre Agnes) e Celine (Ir. Geneviève), irmãs
biológicas de Teresinha. “Esta discípula do Menino Jesus nos conduz ao porto seguro”, assim
se expressou João XXIII. Na audiência geral de 16 de outubro de 1960, proclamou: “Ela foi
grande por ter sabido, na humildade, simplicidade e constante abnegação, colaborar para o bem
de inúmeros fiéis.” Paulo VI chegou a afirmar: “Nasci para a Igreja no dia em que Teresinha
partiu para o céu.” Reconheceu que a humildade é o espaço do amor. A intimidade com Deus
inspira a transcendente caridade. João Paulo I, quando Patriarca de Veneza, fez uma conferência
por ocasião do centenário do nascimento de Teresa, escrevendo-lhe uma carta em seu livro
“Illustrissimi”. Confessa ter lido “História de uma alma”, aos dezessete anos.
Em 1977, ao proclamá-la Doutora da Igreja, João Paulo II efetivou o sentimento
de seus predecessores. Na audiência geral de 6/4/2011, Bento XVI pronunciou
significativa alocução sobre Teresinha. Antes de morrer, rezou como ela, olhando para o
crucifixo: “Meu Deus, amo-Te.” O ato de amor, expresso no último suspiro, traduzia o
incessante balbuciar de preces de Teresa e Joseph Ratzinger. Em 2023, por ocasião do
sesquicentenário de nascimento da Santa de Lisieux, Francisco dedicou-lhe a Exortação
Apostólica “C’est la confiance”. Assim escreve: “Em nossa existência, onde muitas
vezes, nos dominam medos, desejo de segurança humana, necessidade de ter tudo sob
controle, a entrega a Deus liberta-nos de cálculos obsessivos, preocupação constante com
o futuro e medos que nos tiram a paz.” “Teresa do Menino Jesus é um mimo de Deus para
nós, suas crianças”, pregou Dom Nivaldo Monte, por ocasião do centenário natalício
(1973) da filha dos Santos Luiz e Zélia Martin. “Sede, portanto, perfeitos como vosso Pai
celestial é perfeito” (Mt 5, 48), recomendou Cristo aos discípulos
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