sábado, 15 de julho de 2023

 

Tortura

BERILO DE CASTRO
Leio no nosso matutino diário, que o nosso Estado está incluído entre os cinco maiores do país, em se tratando de tonturas nas prisões.
O assunto faz lembrar o meu pai, o Coronel PM Antônio de Castro.
Quando foi para a reserva remunerada, com uma grande família para sustentar e, um ganho miserável, suas contas não fechavam e não conseguia sair do sufoco
Foi então, lembrado pela minha mãe, para procurar o seu compadre, o então, governador Dinarte Mariz.
Foi ao Palácio Potengy, sendo muito bem recebido pelo seu compadre, a autoridade máxima do Estado.
A conversa foi mais um pedido. Externou sua difícil situação financeira. O dinheiro era curto, a família grande e as contas não fechavam, nem a pau.
Ao ouvi-lo, atenciosamente, o compadre, chamou o seu secretário e pediu que providenciasse uma colocação, um emprego, para melhorar as finanças do velho amigo e compadre.
Voltou para casa e, ficou aguardando o chamado para assumir o seu novo emprego.
Dias depois foi comunicado pelo secretário do Governador para receber a”boa” notícia do novo emprego.
Alegria total, felicidade na família. Minha mãe o arrumou todo, o perfumou com uma cheirosa lavanda. Era só alegria!
Ao chegar no gabinete, o secretário do Governador deu a notícia: o senhor vai assumir a delegacia da Ribeira. Papai, tomou um susto, por se tratar de uma delegacia mais movimentada, cheia, entupida de problemas.
Conhecida como a Delegacia dos cabarés. Só bronca! Quentíssima !
Ao chegar em casa deu a notícia a minha mãe, que nada gostou. Mas a escassez de dinheiro, a necessidade do momento falaram mais alto.
Assumiu, e começou a botar a casa em ordem. Na equipe de investigadores, tinha um famoso, muito famoso e bem conhecido na cidade, pelo o uso e abuso de suas torturas. Despertava os presos pela madrugada para as sessões de torturas, com a sua famoso e pesada palmatória.
Na arrumação da sua nova ocupação, foi informado do tal expediente do famoso e malvado investigador civil.
Mandou chamar o investigador e fez ver ao policial civil a sua forma, a sua maneira de trabalhar. Que não admitia de forma e espécie alguma tonturas em sua delegacia. Nem pensar! Longe daqui!
O investigador permaneceu calado durante a conversa, demonstrando uma certa insatisfação por não mais poder continuar com sua farra desumana de torturas.
Hoje, fico triste em saber que o meu Estado, encontra-se entre os cinco que mais torturam em prisões no país.
Inconcebível! Torturas, jamais!!!!


Enviado do meu iPhone

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