CURRAIS
NOVOS, ARTE E CULTURA
Diogenes da Cunha Lima
Para chegarmos à arte e à cultura currais-novense, pedimos a bênção à
Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz. A grandiosa imagem da Santa impulsionou o turismo
religioso, que trouxe crescimento, emprego e renda.
O
Seridó sempre surpreendente. Currais Novos promove o FLIC, um festival
literário anual. No ano passado,
2021, esse evento foi dedicado ao poeta José Bezerra Gomes. Este ano, à memória
de Luís Carlos Guimarães. A primeira surpresa foi a feira de livros em
quantidade e variedade semelhantes às de Natal e Mossoró. Fizemos palestras
sobre a vida de Luís Carlos. O notável escritor e crítico de arte, Tarcísio
Gurgel, comentou sua obra. Genibaldo Barros lembrou a morte do poeta com um
poema, certamente, profético. Leide Câmara trouxe o resgate de um compositor e
músico, José Fernandes, que dedicou duas canções à sua terra.
Ouvi
palestra de escritoras com singulares que transmitiram emoção. Pude
parabenizar os intelectuais dirigentes da FLIC pela realização na Casa de
Cultura.
Outra surpresa, visitamos o Centro
Cultural, criado e dirigido pelo pesquisador William Galvão Pinheiro. Muita
coisa boa, histórica, o passado ali presente. Em uma parede, miniquadros, com
Dom Quixote, do desenhista e pintor Assis Costa, um artista que deveria ser
conhecido por todo amante de arte. Lembrou-me o também currais-novense
Francisco Iran, que fez admiráveis e admirados retratos, em nanquim, dos
patronos e imortais da Academia Norte-rio-grandense de Letras.
Fomos ouvir as histórias lúcidas, sobre pessoas da cidade, de dona
Olindina de Oliveira, em seus 102 anos. Ela reconheceu, beijou e segurou a mão
de Genibaldo.
Participante de tese de mestrado em São
Paulo, o casarão de 134 anos, construído pelo Capitão Antônio Florêncio de
Araújo, por determinação de seu pai, Laurentino Bezerra de Medeiros, na
propriedade Pau-Leite. A centenária casa tem muitos quartos, que foram aumentados na medida em que
nasciam filhos do construtor. É a única de sua época que tem sótão. Tudo
preservado, inclusive o tabuado da parte alpendrada. De lá, uma visão magnífica
do açude fronteiriço e da bela Serra do Chapéu, hoje conhecida como
Serra do Cruzeiro, com função religiosa e festas votivas.
O médico e acadêmico Mariano Coelho tem
a sua vida lembrada em sua residência-consultório de bela fachada. É a atual morada
do intelectual João Gustavo e guarda valiosos escritos antigos. Emprestou a
Genibaldo, para cópia, uma tese do doutor Mariano sobre obstetrícia, datada de
1924.
Desviamos da rota para a estrada de
barro, dirigida à região chamada Maxixe, para mais uma visita de caráter
cultural: conhecer um artesão chamado Ivan do Maxixe. Nos surpreendeu o rústico frontispício com a bela imagem de
um cavalo em alto relevo. A oficina guarda empoeirados tesouros
artesanais. Para aumentar sua renda, Ivan faz selas para cavalos, cada uma mais
bonita do que a outra. Adquiri uma pequena peça de cavalo em madeira para o
consultório da minha esposa.
Vale a pena uma visita e observação
minuciosa dos saberes e das artes da região. Para admirar um povo que valoriza
a cultura.
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