Poetas potiguares
Felix Contreras
Para Horácio Paiva,
Diógenes da
Cunha Lima,
Joao
Charlier Fernandes
e Aluizio Azevedo
Junior,
encarnação da
alta poesía potiguar.
Estive ali, os conhecí, lembro seus
nomes, raros, estranhos: Rizolete, Aluízio, Diulinda, Drika, Gilvânia, Ceiçao, Josimey, Kacianni,
Leocy, Chumbo; outros, com cheiro de
Roma e Grécia: Diógenes, Horácio… e tanto
como seus nomes é a sua poesia que se faz única, singular, poesia filha da
melhor lírica local e mundial, mas, onde está a grandeza dessa poesia potiguar?
Na qualidade! Poesia que expressa a beleza de um caju vermelho, imenso, poesia
que pegou a magia e o mistério de um rio, onde, embaixo, o Saci—fiel ao que vê
e ouve dos humanos— sonha com o mar, as
ondas e canta, baixinho, devagarzinho, para poetas, mulheres e homens, que
tecem a identidade e o fascínio de versos cativantes, que copulam nas redes com
a plenitude de uma terra farta da graça, de uma região do mundo onde flamejam,
noite e dia, as bandeiras da poesia.
Profícua Noiva do Sol, Terra de Canaã
entre luas e mares. Terra com tradição lírica e gulosa de vida, terra onde mora
o Saci, num arrabalde exótico do rio e guarda num cofre a magia verbal desses
poetas e suas crenças, superstiçoes, lendas, mitos, ditos e raízes populares.
E na vastidão de suas terras
interiores, um sertão de minguadas chuvas e nutrição, mas, pai de um folclore extraordinário,
impressionante, acima da noite norte-rio—grandense. Poetas que querem as portas do verbo comer
sempre abertas, com direito a estar submersos no Clair de Lune, de Verlaine a Castro
Alves, Olavo Bilac, Shakespeare, e Machado de Assis: Auta de Souza, Othoniel
Menezes, Edinor Avelino, Palmira Wanderley, José Bezerra Gomes, Jorge
Fernandes, Zila Mamede, Gilberto Avelino, Miguel Cirilo, Luís Carlos Guimarães,
Sanderson Negreiros, João Bosco Campos, Eduardo Gosson, Walfran de Queiroz,
Horácio Paiva, Diógenes da Cunha Lima, Maria Rizolete Fernandes, Anchieta
Fernandes, Roberto Lima de Souza, Lívio Oliveira e novos que se vão agregando: Marcos
Antônio Campos, Marcos Cavalcanti, Diulinda Garcia, Aluízio Azevedo Júnior, José
Ivam Pinheiro, Jânia Souza, Anchella Monte, Lúcia Helena Pereira, David
Medeiros, Geralda Efigênia, Gilvânia Machado, Maria Vilmaci Viana, Suely Magna
Nobre, Moacir de Lucena, Paulo Caldas Neto, Rosa Regis, Zelma Bezerra, João
Charlier Fernandes, Drika Duarte, Ceiçao
Maciel, Josimey Costa, José de Castro, João Andrade, Kacianni Ferreira, Leocy
Saraiva, Chumbo Pinheiro, Leonam Cunha, e
a bancada de Macau, terra lírica, de alvas salinas, naquele encontro fascinante
de sal, mar, sertão e poesia, onde estive a convite de Horácio Paiva, do alto
de sua torre azul, que distribuía bênçãos a Alfredo Neves, Saddock Albuquerque,
Getúlio Moura, Tião Maia, José Ribamar Filho, João Vicente Guimarães, Daniel
Násser, Michelle Paulista e Sheila Bezerra!... Que todos esses nomes, que hoje
residem em meu coração, jamais sejam esquecidos e que não sejam palavrões no
sertão, que prova a todo momento que o azul não é patrimônio exclusivo do mar.
Sim, estive ali, na extensa costa
branca entre Natal e Macau, nessas praias, bençãos de Deus, e comi, com minha
amada Leda, ginga com tapioca e cavaquinho frito com cachaça, para depois realizar
o convite do amor, agasalhados pela areia mesma num despido azul, dignos dos
elogios venturosos de Ulisses!
Sim, li esses poetas potiguares nas
tardes macias da fazenda de um Poeta irmão!
Conheci essa terra magnífica e seus
poetas de nomes raros, estranhos, até então, para mim, mas donos de uma poesia
filha da melhor lírica local e do mundo, de larga inspiração e qualidade,
cativante, com a plenitude de uma terra farta de graça e beleza!
Poesia sempre em crescimento, atenta
ao homem brasileiro das dunas, dos mares nordestinos e de fora. Uma poesia que
conhece de perto a luta pela sobrevivência, o ímpeto calado da flor nascendo, a
miséria, as sombras e a luz da aurora na trilha do caminho.
(Felix Contreras – Tradução de
Horácio Paiva).
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