Adoniran Barbosa
(1910-1982)
“Si o sinhô não está lembrado
Dá licença de contá
Que aqui onde agora está
Esse adifício arto
Era uma casa velha
Um palacete assobradado”
João Rubinato (Adoniran Barbosa) nasceu em Valinhos-SP, no dia 6 de agosto de 1910, filho de Francesco Rubinato e Emma Ricchini, imigrantes de Treviso, região de Vêneto-Itália. Trabalhadores da agricultura. Foi o sétimo filho da união conjugal.
Logo cedo, abandonou os estudos para trabalhar e ajudar a família. Seu primeiro emprego foi como entregador de marmitas; há relatos que quando a fome apertava, abria umas marmitas e comia um pouco de cada uma para amenizar o roi roi da barriga seca; trabalhou também como varredor em uma fábrica de tecidos, encanador, pintor, vendedor ambulante e garçom. Foi ainda metalúrgico-ajustador.
No ano de 1936 casou-se com Olga Krum, com quem teve uma única filha, Maria Helena Rubinato. A união foi desfeita judicialmente em 1943. Após o desquite viveu com Matilde De Lutiis, que o acompanhou até a morte; não tiveram filhos.
No início da década de 1930, já em São Paulo, depois de marchas e contramarchas, ingressou no meio radiofônico; depois de sofrer várias gongadas em programas de calouros.
Em 1933, foi aprovado no programa de Jorge Amaral cantando “Filosofia”, de Noel Rosa e André Filho.
Dois anos depois, venceu o concurso de música carnavalesca patrocinado pela Prefeitura de São Paulo, com a marchinha “Dona boa”, em parceria com J. Aimberê.
No ano de 1940, entrou para a Rádio Record, onde trabalhou como comediante no Programa Serões Domingueiras.
Adotou seu nome artístico: Adoniran Barbosa; o primeiro, “Adoniran”, em homenagem ao parceiro da boemia e funcionário dos Correios, e o segundo inspirado no cantor de samba que muito admirava e curtia: Luiz Barbosa.
Conheceu o produtor e escritor Oswaldo Moles, autor de peças humorísticas,, nas quais protagonizou o Zé Cunversa, o que muito veio a lhe ajudar para suas futuras composições.
Atuou nos filmes da Companhia Vera Cruz, como “O Cangaceiro” (1953). Apareceu ao lado de Mazzaropi e Marisa Prado. Surgiu em comerciais de Televisão e em telenovelas pela Tupi nos anos 1973 e 1974.
Compôs em parceria com o “poetinha” Vinicius de Moraes, em 1957, “Bom dia, tristeza”, interpretada primeiramente por Aracy de Almeida e depois por Maysa Matarazzo.
A convivência com o povo pobre, excluído socialmente, de imigrantes italianos dos bairros do Brás e do Bixiga, que falava um português errado, despertou a criação do enredo de suas composições, como é bem explícito na sua composição “Saudosa Maloca” (1951). Dizia: “Faço samba para o povo; com erros de português, porque é assim que o povo fala”. Seus sambas passaram a ter uma identificação puramente paulistana. São seus sucessos: “Saudosa maloca” (1951), “Malvina” (1951), “Joga a chave” (1953), “Samba do Arnesto” (1955), “As mariposas” (1955), “Iracema” (1956), “Trem das onze” (1965). Teve o conjunto musical “Os demônios da garoa”, o seu mais autêntico representante vocal.
Adoniran Barbosa faleceu no dia 23 de novembro de 1982, aos 72 anos, por parada cardiorrespiratória, em consequência de enfisema pulmonar.
Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Paz em São Paulo.
“Se eu perder esse trem/ Que sai agora às onze horas/ Só amanhã de manhã”.
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