Uma vida sem Covid Daladier
Pessoa Cunha Lima Reitor do UNI-RN
No jornal Folha de S. Paulo, uma matéria prendeu minha
atenção, a começar pelo título: “Uma vida sem Covid”. Assinada
pela jornalista Luísa Pécora, a recente produção se refere a
depoimento de uma brasileira que mora na Nova Zelândia, casada
com um neozelandês. O casal estava no Havaí quando a pandemia
se agravou, em março de 2020, e resolveu regressar, ou para São
Paulo, onde morava, ou trocar as passagens para a Nova Zelândia.
Os dois seguiram a lógica a favor da segunda opção, por
anteverem maior controle da pandemia em um país pequeno e com
cerca de 5 milhões de habitantes. Essa decisão, porém, não foi tão
fácil, pois, do dia para a noite, tiveram de largar tudo em São
Paulo, e foram morar do outro lado do mundo, sem ao menos se
despedirem da família e dos amigos, levando somente uma mala
de viagem.
“Se fosse possível a um cidadão brasileiro entrar agora em um
avião, cruzar o Oceano Pacífico e pousar na Nova Zelândia, a
sensação seria a de desembarcar não em outro país, nem em
outro planeta, mas em 2019”. É assim que começa essa excelente
produção jornalística, como se fora uma ficção científica, na qual o
ser humano retorna a tempos já vividos. Tempos nos quais eram
frequentes os apertos de mãos, os abraços e beijos de afeto, as
comemorações, as festas e aglomerações sem máscaras. E a
brasileira, também jornalista, diz que foi dessa maneira, sem medo
de ser feliz, que ela celebrou a Páscoa de 2021, mesmo com
saudades do seu país, e com lembranças das tormentas que
afligem o Brasil, causadas pela Covid-19. Ela aborda um índice
pouco conhecido, voltado para a Segurança Global em Saúde
(GHS, na sigla em inglês), que, em outubro de 2019, rankeou 195
países quanto à capacidade de lidar com pandemias ou epidemias.
O Brasil foi considerado o 22º país mais preparado, e a Nova
Zelândia o 35º. Em janeiro de 2021, o mesmo instituto elegeu a
Nova Zelândia como o país que melhor lidou com a Covid 19,
enquanto o Brasil ocupou uma das últimas posições.
A reportagem muito se detém no papel do governo
neozelandês no controle da pandemia, com ênfase para as ações
da jovem presidente do pais Jacinda Ardern, de 40 anos. Logo nos
primórdios da pandemia, ela fechou as fronteiras do país e
decretou rígido lockdown nacional, por seis semanas, e, ao mesmo
tempo, concedeu ajuda financeira às empresas e aos
trabalhadores. Além de outras medidas eficazes, o país criou
programa de vacinação no qual não faltam doses conforme o
planejado. No dia 30 de março passado, a Nova Zelândia registrou
dois casos novos, e o Brasil, com população 40 vezes maior,
registrou 84.000. Não é à toa que a revista Nature escolheu o
nome de Jacinda Ardern entre os 10 mais destacados do mundo
em 2021. Afinal, até o presente, a Nova Zelândia registra 26
mortes e um total de 2.600 casos de Covid 19. A premiê
neozelandesa recomenda: “Sejam fortes e sejam generosos”.
Texto publicado na Tribuna do Norte em 29/04/2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário