Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-24
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
A FORÇA DO PROGRESSO
Em minha última passagem por Natal, forçosamente visitei as paisagens de costume do Barro Vermelho. Contudo, apesar de previsto, tomei um grande e emocional susto, quando diante de mim estavam as demolições das casas da Rua Meira e Sá, 118, 120 e 128, respectivamente de propriedade do meu sogro Rocco Rosso, do meu pai José Gomes da Costa e do meu tio Dr. Sérgio Guedes da Costa, para ali ser erguido o Residencial Rocco Rosso, denominação do edifício, escolhido democraticamente por sorteio.
Eram três edificações antigas, a mais longeva era a 118, do imigrante Rocco Rosso, que chegou ao Brasil no ano de 1926, passando por diversos estados, até chegar ao Rio Grande do Norte, em Natal, onde peregrinou por várias residências, de Parnamirim e Natal, até adquirir a casa que pertencia a família Bandeira; as outras duas são dos anos 40 e 50. Todas elas com muitas histórias de esperança, dor, projetos, sonhos, amores e desamores, doenças e desencarnes, alegrias, tristezas, certezas e incertezas, grandes momentos de fraternidade, estudos, enfim, luzes que clareiam o mundo, vidas que se criam e se apagam, nada mais, sonhos e devaneios – o que se foi prá nós não voltará jamais – agora é só saudade.
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ResponderExcluirApaguei o primeiro comentário, pois cometi um pequeno erro ortográfico...rsrsrs
ExcluirRealmente, primo, hoje só nos restam as felizes memórias dos bons tempos que vivemos mas, como você bem disse, este é o custo do progresso...vida que segue!
ResponderExcluirAssisti papai a demolição das casas onde viveram meus amados parentes, locais que eu sempre ia e o período mais feliz da minha vida, está com vc e mamãe, meus avós, tios e primos. A vida muda com o tempo infelizmente mas acredito que um dia, na espiritualidade, estaremos todos juntos🙏🌹
ResponderExcluirA demolição de uma Obra abarca a sua história e os personagens que alí viveram. A Rua Meira e Sá, casa 120 tem um significado enorme para mim É ponto de referência existencial, É búsola, É história, É começo e Despedida, É solidez e fragilidade. Nessa casa, ora demolida, nasceu a minha Mãe Elza o meu grande amor e exemplo de Vida, meus tios queridos bem como, o casal exemplo Zé Gomes e Lígia. A Memória de tudo que vivenciamos na Rua Meira e Sá jamais será esquecida está eternizada em nossos corações - lugar Sagrado, cantinho de Amor!
ResponderExcluirVovô e Vovó não nasceram na Casa 120 da Rua Meira e Sá porém, entenda-se, como (re)nascimento o Amor alí plantado...O AMOR dos dois veio junto em cada filho gerado. ❤❤.....
ResponderExcluirDr. Carlos Gomes obrigado pelas ótimas lembranças que o senhor me trouxe. Estou em Cotovelo, e agora à noite passei na Meira e Sá e não percebi as demolições. Infelizmente, ou não, esse é o preço do progresso. Lembro muito bem das peladas à tarde quase que diariamente, no quintal da casa de Dr. Sérgio Guedes e da maravilhosa D. Zizi. Muitas vezes pulávamos o muro pra pegar a bola que caía no seu quintal. Não me lembro de ter quebrado nenhum vidro de suas janelas, mas sei que incomodávamos o senhor com nossa gritaria.
ResponderExcluirFoi um tempo muito bom. Acho que, na minha faixa etária tinha uns 30 adolescentes na Meira e Sá e adjacências que participavam dessas peladas e levaram muitos dribles curtos e desconsertantes de Ricardo Guedes.
Eu nasci e me criei na Calistrato Carrilho. A Meira e Sá era meu ponto de passagem para o Colégio Municipal João XXIII, no balão. Era uma rua pulsante, com os campos de futebol particulares, mas principalmente por que era no início da rua que se montavam ininterruptamente os grandes circos e parques de diversão na Natal de então. Era um mês de alegria, renovável incessantemente. Era uma rua pacata, de pessoas dignas e pacíficas.
ResponderExcluirCorreção: NO BALDO
ResponderExcluirTio Carlos.
ResponderExcluirUma lembrança que tenho sempre viva em minha mente. Pois esses 3 endereços fizeram parte do cotidiano de minha vida, principalmente após os 10 anos quando fui morar como meus avós no n.120. Nessa casa conversei com flores do Jardim da casa de tio Sergio no 118 que davam para janela do meu quarto, fiz alguns poemas e fotografia. Quantas vezes pulei o muro para casa de D. Raquel para conversar e brincar com Osman e Ricco? Ou então guardar segredos com Wilma
E o quintal da casa 118? A sala de música onde aprendi a gostar de saxofone tocada por Tavico. O acordeon, o piano e tia Zizi com sua calma a nós acolher em suas largas varandas.
Tudo mágico e lindo, a biblioteca de meu avô, um mundo que me motivou a ler e estudar até hoje. Tantos livros e a sapiência de José Gomes a nós guiar.
Quantas vezes fui aos sábados com vovô a livraria universitaria na Rio Branco e lá ele me indicava a um dos livreiros para que eu escolhesse o que gostaria de ler, enquanto ele comprava os seus títulos de direito? Ou íamos ao cinema de arte, ele me deixava naquele que apresentava filme para criança/jovem e ia assistir os seus.
Meira e Sa 120, longe e tão perto da casa de minha mãe, Afrânio Peixoto, lugares de minha infância, de ternura, encanto e descobertas. De uma grande tristeza, a morte e o velório do meu pai em 23 de agosto 1964, 5 dias antes dos meus 10 anos, lembro a sala de estar grande e aquela pessoa querida deitada imóvel.. nunca esqueci... não conseguia chorar, tão pouco entender... cicatrizes que cultivo como tatuagem. Eternas.
Mas tinha muita alegria, nossa goiabeira no quintal, onde criava minha outra casa, com quarto, sala e Jardim, e dava para o telhado de onde víamos o mundo de cima, o azul do céu quase em nossas mãos.
Rua de sonhos e mágicas, do circo Thiany dos parques de diversões. Quantos espetáculos e roda gigante?
Já sentia saudade antes da demolição, por isso evitei muitas vezes passar em frente e relembrar.
A memória e o desejo de preservar o que é bom, é um arquivo cinematográfico. Basta fechar os olhos e sonhar.
Memórias chave do tempo e da existência.
Lembrarei sempre.
Um bj tio Carlos por nós lembrar.