BIOGRAFIA DE JACOB RABBI
RAÍZES DA CEARÁ-MIRIM ESCONDIDA - CONHEÇA A HISTÓRIA DE JACOB RABBI
Existe uma unanimidade entre os historiadores sobre o caráter violento e desnecessário dos massacres promovidos pelos batavos, e seus aliados janduís, na Capitania do Rio Grande.
Existe uma unanimidade entre os historiadores sobre o caráter violento e desnecessário dos massacres promovidos pelos batavos, e seus aliados janduís, na Capitania do Rio Grande.
A
execução dessas matanças foram comandadas, como já foi demonstrado,
pelo judeu-alemão Jacob Rabbi, que veio para o Brasil com o conde João
Maurício de Nassau, em 1637, originário de Waldeck.
Para
Câmara Cascudo, ele era violento e astuto, cruel e sem escrúpulo,
saqueador e mandante de assassinatos, é a figura mais sinistra e
repelente do domínio holandês no Nordeste brasileiro, denegrida e
acusada por todos os historiadores do seu tempo".
Olavo de Medeiros Filho completa o perfil de Jacob Rabbi, afirmando que o judeu-alemão possuía "certa cultura, poliglota (pelo menos falava os idiomas alemão, holandês, português, tupi e taraiui).
De sua pena deixou uma crônica famosa, ou relação de viagem contendo
preciosas informações sobre a geografia da capitania, bem como sobre a
etnografia dos tapuias".
Câmara
Cascudo chama a atenção para outro aspecto: "todos os assaltos, saques,
tropelias, morticínios dos janduís rendiam gado, roupa, jóias, ao amigo
Rabbi". Como resultado, o judeu conseguiu acumular uma pequena fortuna.
Jacob
Rabbi permaneceu durante quatro anos vivendo entre os selvagens. Com o
passar do tempo, crescia a afinidade entre o europeu e os tapuias, Rabbi
foi assimilando os costumes nativos. Passava por um processo de
indianização. De fato, na interpretação de Câmara Cascudo, "o sórdido e
desconfiado europeu inteligente e branco, que era por dentro um cariri
autêntico, desde o temperamento aos costumes diários".
Rabbi vivia com uma nativa,
de nome Domingas, num sítio de sua propriedade, chamado "Ceará".
Segundo Olavo de Medeiros Filho, "o sítio corresponde atualmente à
localização denominada Araça, ribeira do Ceará-Mirim entre Massagana e Estivas.
No
massacre de Uruaçu, foi morto João Lostau Navarro, sogro de Gardtzman
que, revoltado, decidiu se vingar, afirmando "que o mundo nada perderia
se desembaraçassem de semelhante canalha". Chegou, inclusive, a entrar
em contato com dois homens para que matassem Jacob Rabbi. Primeiro foi
com Wilhelm Jansen, que colocou uma série de dificuldades. A outra
pessoa foi Roeloff Baron, que concordou em realizar a sinistra missão,
caso recebesse ordens do Alto Conselho Secreto. Nesses contatos,
portanto, Gardtzman não conseguiu efetivar seu intento. Mas não desistiu
de eliminar Rabbi.
Mais
adiante, convidou o seu desafeto para uma reunião, com a finalidade de
promover um entendimento e esquecer as mágoas passadas. O judeu-alemão
aceitou, finalmente, participar de uma ceia que aconteceria na casa de
Dirk Mulden Van Mel, a qual, segundo Câmara Cascudo, estava localizada
nas proximidades de Refoles. Olavo Medeiros afirma que a casa de Muller
"fica à margem direita do então chamado riacho Guajaí (água dos
caranguejos), entre os distritos de Igapó e Santo Antônio do Potengi.
Dista cerca de 10,5 km da matriz".
Ainda
participaram desse encontro outros militares: Wilhelm Becke, Roulox
Baro, Jacob de Bolan, Denys Baltesen, Johannes Hoeck, Wilhelm Tenberghe
etc.
Após
a realização da conferência ente os dois desafetos, Gardtzman saiu
primeiro. Pouco depois é que Rabbi saiu. E não demorou muito tempo para
que se ouvissem dois disparos de fuzil. Caía, mortalmente ferido, Jacob
Rabbi. A vítima recebeu, além dos tiros, golpes de sabre que deformaram
partes do cadáver.
Ficou provado, mais, uma vez, que a violência provoca violência, Jacob Rabbi, que praticou assaltos e crimes, sendo um dos responsáveis, pelos massacres de Cunhaú e Uruaçu,
morreu como conseqüência do ódio, tendo seu corpo deformado por golpes
de sabre. Olavo Medeiros descreve a situação em que o corpo foi
encontrado: "Um dos tiros penetra-lhe do lado esquerdo do corpo,
fazendo-lhe um ferimento muito profundo, em que Muller pudera introduzir
até o fim dos seus dedos. A outra bala varara-lhe o lado direito das
costelas falsas. Seis golpes de armas branca haviam-lhe deformado o
rosto, a cabeça e o braço direito. Um dos olhos do cadáver estava
aberto; as suas algibeiras achavam-se voltadas e esvaziadas. Faltava-lhe
um anel de ouro, que ainda trazia no dedo quando se retirara da casa de
Muller". O crime ocorreu na noite de 4 de abril de 1646.
Jacob Rabbi foi sepultado no lugar onde morreu. Gardtzman, ao ser informado do crime, cinicamente disse:
- "Antes ele do que eu".
Apesar
de ter negado se o mandante do crime, ficou provado que houve um acordo
entre Gardtzman e Bolan para matar e depois roubar os bens de Jacob
Rabbi. Domingas foi despojada, totalmente, dos bens de seu companheiro. Os janduís, decepcionados, voltaram para o sertão. Não houve mais morticínio na Capitania do Rio Grande.
FONTE: tribunadonorte.com.br
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