Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-15
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Natal e suas cercanias – época de ouro
As cidades, de uma maneira geral, viveram sua época de ouro, assim considerado o período de calmaria política, o campo aberto para o divertimento na placidez de um período de equilíbrio econômico e o resurgimento da arte, do esporte e do lazer nas praias calmas e afrodisíacas.
Natal também teve o seu momento dourado, quando as Rádios Poti e Nordeste disputavam lideranças de audiência; os programas de auditório, as narrações esportivas existiam com êxito e todas as semanas tínhamos uma atração internacional de primeira ordem.
No campo social funcionavam a todo o vapor o Aero Clube, o América e o ABC, com seus bailes de gala, carnavais memoráveis. Nos Carnavais eram pontos marcantes, a passagem dos grandes blocos/escolas de samba da cidade, dentre os quais os Deliciosos na Folia, Azes do Rítmo, Imperadores do Samba, Aí vem a Marinha.
As atrações do esportes eram divididas entre as regatas no Potengi (Centro Náutico, Sporte Clube e Riachuelo); o velho Stadium Juvenal Lamartine realizava os seus renhidos campeonatos locais, as copas do Nordeste e as visitas de clubes do Rio e de São Paulo. O futebol de salão e o basquete eram competitivos.
Dentro desse contexto existiam as lutas de vale tudo, protagonizadas por vários atletas, liderados por três mais destacados: Bernardão, oriundo dos fuzileiros navais, com um físico invejável, eis que foi o melhor físico carioca em 1952, quando de passagem pelo Rio de Janeiro, o outro era Aderbal Bezerra, um gigante branco de quase dois metros e o japonês Takeo Yano, de estatura mediana, mas de uma técnica extraordinária, que empolgavam as plateias locais, além de outros, com menor fama.
Fora tudo isso, os cinemas estavam em alta com suas atrações diárias, notadamente as sessões do Cine São Luiz no Alecrim, com filmes de faroeste e sempre seguido por um seriado famoso: O homem Foguete, A Legião do Zorro e outros também aclamados pelo público. O Rex estreava os filmes do surrealismo italiano e francês, filmes mexicanos e outros, ainda, mais picantes, enquanto o Rio Grande trazia os Grandes Musicais de Hollywood, os filmes épicos de Cecil B. de Mille e as Chanchadas nacionais.
O lazer se fazia nas praias, de forma simples, mas muito frequentadas, com os “atletas” exibindo os seus físicos para as garotas, jogando frescobol, valendo registrar as mais badaladas – Redinha, Areia Preta, Circular, Ponta-Negra e Pirangi.
A religiosidade era respeitada e rigorosamente frequentada pelos jovens e pessoas de mais idade, nas diversas Igrejas Católicas e Evangélicas de Natal.
O civismo era cultuado com as paradas escolares e suas bandas marciais, destacando-se as do Colégio Marista, Escola Industrial (Técnica Federal), Colégio 7 de Setembro, Ginásio Natal, fora as paradas militares de 7 de Setembro.
Essas lembranças foram provocadas pelo meu estimado amigo e confrade Marcos Valério, com quem tive um papo saudosista – ele na cidade onde nasceu Carlos Gomes e eu, Carlos Gomes pau-de-arara na maravilhosa praia de Cotovelo. Momentos de devaneios e de saudades, onde você andava toda a cidade a pé, pois os ônibus circulavam até 23 horas e ninguém ousava atrapalhar o seu caminho, ou seja, aquilo que costumo chamar O tempo dos pardais nos verdes dos quintais.
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RECORTES:
Takeo Yano foi um grande ícone dessa época, foi quem trouxe o jiu-jítsu para o RN, quando ele aqui chegou as lutas já aconteciam, não se sabe ao certo mais provavelmente chegaram por aqui pelos lutadores da Marinha do Brasil, e dois deles foram Aderbal e Bernardão, tem registro de grandes combates nos arquivos do jornal A República, Diário de Natal e A Tribuna. Vendo esses registros, pesquisando e fazendo entrevistas com pessoas da época, foi que pude sentir a emoção que despertavam essas lutas aqui em Natal.Waldemar Santana, Pinheirão, Euclides da Cunha, Bernardão, Aderbal, Ivan Gomes, Touro Novo, Takeo Yano, e tantos outros, foram importantes ídolos desse esporte tão agressivo e fascinante para o público, era um misto de esporte e agressividade que despertava delírio no público.Eram homens de estatura e porte físico que fascinavam pela força e coragem.
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