Minhas Cartas de Cotovelo – verão de 2021-9
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Segunda-feira amanhece continuando com a chuva que vem caindo nessas últimas 48 horas. No veraneio, contudo, tudo é válido, tudo é bom, pois o resguardo da caminhada permite a introspecção para leituras, pensamentos e meditação. A propósito estou lendo o excelente e instigante livro Jean Mermoz, do nosso conterrâneo Roberto da Silva.
A minha tarefa diária mereceu hoje uma nova conotação – a vintenária mesinha de plástico, amiga confidente de longo curso, mas que está chegando ao tempo de aposentação.
Com o tempo perdeu o viço, o brilho e até a cor, deixando transparente a sua velhice, com rugas e alguns cortes profundos que demonstram a dificuldade de suportar o peso do meu computador e do meu corpo quando me debruço pensativo.
Mesmo que dificulte a serventia, não será desprezada de nenhuma maneira, ficará no meu quarto da praia, coberta com um pano apropriado, um pequeno jarro com flores nativas da região e um retrato da minha inesquecível Thereza, que sempre fazia dela uso para escrever seus pensamentos.
Muitos leitores poderão pensar que meu comportamento com um objeto já indica a decrepitude de cuidar de uma coisa tão trivial. Replicarei perguntando, quem de vocês, que gosta de escrever, não tem um movelzinho especial assim, onde a familiaridade descamba numa intimidade e cumplicidade? O amor também existe no apego às coisas que trazem satisfação – uma mesinha cai bem nesse tipo.
Não sei se a saudade exigirá a sua presença na varanda do primeiro andar. Se tal acontecer, convocarei a mesinha, hoje tão meiga e fraquinha, como são as coisas que o tempo cuidou de conservar. Mas o farei com o cuidado, como quem cuida de um cristal.
Procurei na internet alguma poesia, pensamento, comentário sobre alguém que amou um objeto do seu cotidiano e nada encontrei. A ordem materialista não comporta sentimentalismos – isso só acontece com os que são sensíveis, Graças a Deus.
Tio Carlos, foi com muita emoção que lhe o seu texto: sensível, reflete seu zelo, cuidado e Gratidão sentimentos que extrapolam às coisas tangíveis, beijam a alma e querem ficar no tempo e na memória exatamente pela força e cumplicidade que foi/É/sempre será...
ResponderExcluirPARABÉNS!!!!👏👏👏👏👏👏
Quando Eu crescer quero ser igualzinha a você...admiro demais!!!😍
ResponderExcluirÉ verdade, amigo, só seres sensíveis, especiais, sabem eternizar o afeto, seja por alguém ou algo que lhe seja, particularmente, caro.
ResponderExcluirHá um texto que, de uma certa forma, me remete ao valor afetivo que dedicamos à algumas coisas e, especialmente, a alguém.
"Na minha época tudo era feito para durar, os móveis, os carros, os eletrodomésticos, o amor, a amizade.
E quando estragava, a gente remendava, costurava, reformava. Hoje não, hoje tudo é deixado de lado, jogado no lixo, tudo tem que ser novo, mesmo que seja frágil, que não valha a pena. Saudade de quando a vida passava mais devagar, as coisas tinham valor e sonhávamos com um tempo onde o mundo seria melhor para todos, este tempo que nunca chegou e, deste jeito, nunca chegará."
Um saudoso abraço.
Didi Avelino
Sempre profundo e sensivel o querido Professor e amigo Dr. Carlos.Avante!
ResponderExcluirAdmiro a sua sensibilidade
ResponderExcluirNão vejo como materialismo amar algo que fez parte da nossa vida e da nossa história
Eu mesma conservo objetos que estão comigo
a mais de trinta anos
Até mesmo plantas
O valor material é o que menos importa
PARABÉNS AMIGO
Aninha Nina
ResponderExcluirPapai penso como vc e mamãe, graças a este pensamento sigo em frente em razão da saudade que sinto da minha alma gêmea. Ao ver a casa de vcs, os materiais que me faz sentir a presença dela, o seu escritório, biblioteca e muito mais continuo firme aqui na Terra. Sei que muitas pessoas n concordam, respeito mas não me importa, quando um sabe de si e a vontade de ser feliz. Te amo❤❤❤😚🌹
ResponderExcluirQuerido Irmão Carlos,olhando seu relato sob a mesinha que conserva ao lado da sua cama,senti o mesmo com as minhas que conservo até hoje é que tem muita serventia, pois guardo
ResponderExcluirobjetos antigos inclusive os óculos do nosso pai,para que me dê mais incentivo à leitura.
Desejo a você Carlos,muitos anos de vida, e com a memória de um grande escritor.
Um abraço da sua irmã Lêda