quarta-feira, 6 de março de 2019






CARNAVAL, CINZAS E ESPERANÇA
Por Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

        Vem de longa data a minha atração pelo Carnaval. Jovem ainda, brinquei nos clubes de Natal, com quepe de comandante de navio, camisa listrada, saí por aí. Depois ingressei na escola de samba Deliciosos na Folia, comandada pelo saudoso Odeman. Posteriormente, na época de vestibular fizemos um bloco chamado “Feras”. Vem o casamento, os filhos e a folia continuou nas inesquecíveis matinés do América Futebol Clube, com a minha Therezinha e a meninada que foi chegando de mansinho: Rosa, Tereza Raquel, Carlinhos e Rocco e com eles os agregados Ernesto, Valéria e Daniela e os 7 netos Lucas, Victor, Raphael, Gabriela, Maria Clara, Carlos Neto e o danadinho do Guilherme.
        Com mais algum tempo, nosso carnaval passou a ser em família, principalmente na praia de Cotovelo, onde sempre tinha um dia de mela-mela organizado por Daniela de Roquinho.
        Este ano de 2019 tudo prenunciava novo encontro, agora com a novidade da promoção da Cotovelada da PROMOVEC, já em seu 3º ano. Compramos os apetrechos e na semana antecedente ao Carnaval tivemos a surpresa de súbita enfermidade da nossa Matriarca que, no espaço de 24 horas foi forçada a um internamento hospitalar, recomendado pelos seus competentes médicos Gilmar, Marcos Vinícius e Carlos Dutra e lá passamos o Carnaval 2019.
        Todos os anos, na quarta-feira de cinzas costumo fazer um artigo sobre a semana de alegria e festa, sempre lembrando, a título simbólico, a famosa e antiga valsa, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, gravada em 02 de fevereiro de 1942:
Carnaval da Minha Vida


Quarta-feira de cinzas, amanhece,

Na cidade há um silencio que parece,

Que o próprio mundo se despovoou,

Um toque de clarim, além distante,

Vai levando consigo, agonizante,

O som do carnaval, que já passou,

E repetem-se as cenas de costume,

Cacos dispersos, de lança perfume,

Serpentina e confete, pelo chão,

É a máscara, que a vida jogou fora,

Mostrando que a alegria foi-se embora,

Nos rastros da passagem da ilusão.


Minha vida também, durou três dias,

Alimentada pelas fantasias,

Recordação da minha vida inteira,

Um retrato, uma flor, uma aliança,

Na maior festa da minha esperança,

Que também teve a sua quarta feira,

Hoje, ante o silencio sepulcral,

Dos despojos de mais um carnaval,

Confronte este cenário à minha dor,

O que ontem, pra mim foi iluminado,

Hoje são restos imortais do passado,

Cinzas, do carnaval do meu amor.

            Pois bem, este ano a coisa foi bem diferente, invertemos as fases – de um Carnaval de Cinzas, uma quarta-feira de esperança, forrada pela total solidariedade dos amigos, parentes e por toda a equipe do Hospital da UNIMED, todos solícitos nas orações, visitas, prestação de serviços com amor, dando alento à paciente e levando-a mais próxima para uma recuperação, com as bênçãos do Criador.
           Nada a reclamar, tudo a agradecer.











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