segunda-feira, 18 de março de 2019


ATOS DE AMIZADE E DE AMOR
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

         A rotina em um quarto de hospital nos leva a refletir sobre a vida e as pessoas que transitam diariamente pelos seus corredores e, como ignorávamos tantas coisas interessantes e significativas para o cotidiano.
        Como todos sabem, minha THEREZINHA guarda leito no Hospital da Unimed há 20 dias e o passar desses dias oferece momentos marcantes, particularmente para mim, por razões variadas que tentarei narrar para registro dos amigos e da família.
        Primeiramente é ter o efetivo conhecimento de quanto ela é querida, chegando a impressionar os servidores do hospital que comentam: “ela é médica?” Porque não estamos acostumados a ver tanta visita. Os telefonemas e mensagens recebidas são registros permanentes da amizade concreta.
        Depois, reconhecemos o desvelo do corpo médico, enfermagem, pessoal prestador dos diversos serviços, que não medem esforços para dar à paciente o que possível for para uma permanência menos sofrida, mas não simplesmente pelo dever funcional, porém pelo afeto e carinho que demonstram cotidianamente, dando forças para amenizar os momentos mais difíceis e a esperança de uma breve recuperação.
        Nunca passei por essa rotina, mas já estou adaptado. Mais que isso, psicologicamente gratificado por instantes íntimos que confortam, como a alegria de dar alimento à paciente, colherada por colherada, até se ver o fundo do prato ou da xicara, tal qual fazíamos com os filhos pequenos, imitando o aviãozinho com a colher e vendo o sorriso gratificante da alimentada. A leitura de livros e a contação de causos e históricas reconfortantes.
        O hospital nos deixa mais humanizados, mais responsáveis e mais cristãos por variados motivos. Nele se confundem a responsabilidade, a amizade e o amor, formando uma nova família com fortes laços de emoções.
        A parte espiritual é outro vetor confortante. Reconhecemos as maravilhas de Deus, de Jesus e das muitas Marias que nos cercam em livros, imagens, preces, orações, visitas de amigos de várias religiões, ofertando a comunhão, os passes e as palavras salvadoras do Evangelho, sem nenhum conflito de crenças, dando a certeza de que todos somos irmãos em Cristo e que se aproxima o tempo em que reinará na terra uma só Igreja e um só Pastor.
        Mesmo no ensejo de adversidades, foram gratificantes e emotivas as comemorações dos nossos 56 anos de casados. A presença da Igreja, da família e de muitos amigos em momentos de profundo agradecimento pela dádiva do Criador. Emoções, muitas emoções, que compensam as dores e preocupações da paciente, sempre compreensiva, sorridente e agradecida.

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