O fim do futebol-arte
BERILO DE CASTRO
Quem acompanhou as decisões dos campeonatos regionais
brasileiros, percebeu claramente que os
times, de uma forma geral, estão jogando um futebol que impera a força física,
o corpo a corpo, muita correria, muito choque pessoal. Impressionante! Inassistível!
Observa-se nitidamente, com pesar e tristeza, a ausência do futebol pensado, o futebol-arte, técnico, cadenciado e acadêmico; assim sendo, percebemos claramente o seu
desaparecimento, o seu final.
Não vemos mais o espetáculo do toque de bola refinado;
das belas e rápidas tabelas dos atacantes na pequena área dos adversários; dos
gols trabalhados com muito requinte; das
geniais criações de jogadas de meio de campo; das jogadas de mestres dos
zagueiros de área, saindo com a bola dominada e armando o jogo com o meio de
campo; do perfeito posicionamento da defesa na pequena área, nas jogadas altas.
O que temos assistido são jogadas feias e mal
elaboradas; bolas não dominadas e chutões
para o alto; jogadores com medo da bola, procurando a todo custo se
livrar o mais rápido possível das jogadas; passes errados em pequenas distâncias;
chutes dispersos; o feio e confuso agarra agarra, os abrações dentro da pequena
área no momento dos escanteios.
Não querendo ser saudosista, nem valorizar o passado,
somos obrigados a voltar na esteira do tempo para lembrar com orgulho e alegria do Flamengo de
Zico e Leandro; do Santos de Pelé e Zico;
do Palmeiras de Ademir da Guia e Luiz Pereira; do Cruzeiro de Tostão, Dirceu
Lopes e Nonato; do Atlético Mineiro de Reinaldo e Toninho Cerejo; do São Paulo
de Dino Sani e Kaká; do Botafogo de Garrincha, Newton Santos e Marinho Chagas; do Vasco da Gama de
Giovani e Romário; do
Fluminense de Rivelino e Pintinho; do Corinthians de Sócrates e Souza; o Grêmio de Porto Alegre com Ronaldinho; do Internacional
de Lula e Falcão, e, de outras grandes estrelas de épocas passadas.
Indiscutivelmente, perdemos a identidade e a referência.
Hoje, os admiradores e conhecedores do bom futebol
estão se valendo e recorrendo aos embates
europeus; o futebol da Liga dos Campeões da Europa
(Champions League), o
futebol-arte, aberto, pensado, técnico, planejado, que
empolga, emociona, enaltece o esporte mais popular do mundo.
Que bom, assistir e vibrar com as belíssimas apresentações dos ricos times
da Europa, como o Real Madri, o Barcelona, a Juventus, o Bayern de Munique, o
Chelsea e outros de iguais quilates.
Que
o futebol - arte volte às equipes brasileiras e,
assim sendo, possamos novamente assistir belos e empolgantes espetáculos, que tão bem caracterizaram e enriqueceram o
país que sempre foi lembrado e reconhecido como o berço maior do futebol
mundial - a terra do rei do futebol do
planeta - Pelé.
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