FELIPE CAMARÃO, O ÍNDIO POTI, PODE TER NASCIDO EM CEARÁ-MIRIM
PEDRO SIMÕES NETO
Matéria veiculada no “Jornal da Cultura de Ceará-Mirim”, de número 06, que circulou em agosto de 2010
O bravo índio Poti, depois batizado como Antônio Felipe Camarão, pode ter nascido em terras do Ceará-Mirim.
A maioria dos historiadores do nosso estado indica, de modo impreciso, a
“margem esquerda do Rio Potengi”, provavelmente a Aldeia Velha dos
Potiguares, hoje Igapó, como o local mais provável do seu nascimento.
Entretanto, boa parte dos estudiosos da História, mais comprometidos
com a investigação e a pesquisa, entre os quais Antônio Soares, Nestor
dos Santos Lima e o Barão de Studart, apontam a Aldeia Sede dos
Potiguares, ao invés da Aldeia Velha.
Segundo tais opiniões e a
tradição oral, o herói guerreiro teria nascido no “Siará”, mais
precisamente no local conhecido por “Valentim”, próximo ao Taboão e ao
Vilar, no quilômetro 30 da antiga Estrada de Ferro Central.
Na
verdade, a sede do aldeamento tinha o nome de Siará (ou Ceará) depois
rebatizada para Araçá, antecedendo a denominação depois conferida ao
próprio município – ou talvez tomada de empréstimo à antiga aldeia.
Sustentam os defensores da tese que, sendo o índio Poti um “tuxaua”,
chefe indígena, filho de chefe, teria nascido na aldeia capitânia, sede
do agrupamento índio. Para esses historiadores teria havido um equívoco
na determinação de Igapó como seu local de nascimento, em razão das
referências do batismo e do nascimento do índio Poti ter-se processado
em 1612, nas terras da Aldeia Velha, além da imprecisa data de
nascimento do nosso herói.
Felipe Camarão morreu em 1641, no mês de
agosto, no Arraial da Várzea, em Pernambuco, onde combatia os
holandeses. Em reconhecimento à sua bravura, foi-lhe concedido o título
de fidalgo da Ordem de Cristo, podendo usar o designativo “Dom” antes do
seu nome, além de manter o seu brasão de armas.
Toda a família de
Felipe Camarão era composta de notáveis no combate. Além dele,
destacaram-se alguns parentes, todos nascidos em Ceará-Mirim, tais como
Jacauna (nascido na Ilha Bela, conhecida como Ilha dos Cavalos), Zé
Costa (Nascido em Lagoa Grande) e Potiguaçu, além da própria esposa,
Clara, uma exímia guerreira.
Que esta breve e apressada provocação
possa conduzir os estudiosos da história da nossa terra a um maior
aprofundamento e busca da verdade histórica.
FONTES:
-
Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte,
vols. XXVII e XXVIII, cf notas e comentários de Antônio Soares, Nestor
dos Santos Lima e o Barão de Studart.
- Sena, Júlio de Magalhães – “Ceará-Mirim, exemplo Nacional”
- Cascudo, Câmara – História do Rio Grande do Norte.
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