OI, PESSOAL,
O
artigo acima, que Diá nos enviou, mas se esqueceu de identificar, é
uma matéria de opinião da Folha de São Paulo de hoje, do jornalista
Bernardo Mello Franco (Pág. A 2).
Também
na mesma página, há um editorial sobre a Carta de Reconciliação, da
Santa Sé, sobre o Padre Cícero Romão Batista, de Juazeiro do Norte.
Muito interessante e que vale a pena ser lido. A Revista Isto É, desta
semana, trouxe matéria semelhante, sob o título "A Igreja faz as pazes
com Padre Cícero" (páginas 78/79).
Abs. Raimundo.
O BISPO DOS POBRES
BRASÍLIA - A ausência de
brasileiros na lista de vencedores do Prêmio Nobel costuma ser apontada como um
dos sintomas do nosso atraso. Muitos governos colaboraram para isso ao deixar de
investir em pesquisa e educação pública.
Outros preferiram
sabotar diretamente os candidatos daqui. Foi o que aconteceu com dom Helder
Câmara, indicado ao Nobel da Paz nos anos 70, durante a ditadura
militar.
Na semana passada, um
relatório divulgado pela Comissão da Verdade de Pernambuco mostrou como o regime
se mobilizou para impedir que o bispo fosse premiado. Os generais não perdoavam
sua luta pelos direitos humanos, contra a tortura e a favor dos mais
pobres.
A comissão localizou
documentos secretos do Itamaraty sobre a campanha contra dom Helder no exterior.
Telegrama de 1971 do embaixador Jayme de Souza Gomes, representante do Brasil em
Oslo, comprova a existência de um "programa de ação contra a candidatura do
arcebispo de Recife e Olinda".
Uma das táticas da
ditadura foi ameaçar empresários escandinavos, avisando que a premiação de dom
Helder poderia "por em risco os capitais estrangeiros" no
país.
No front doméstico, a
perseguição era mais bruta. Em 1969, a repressão torturou e matou o padre
Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar próximo do bispo. A imprensa foi
proibida de noticiar o crime, que comoveu milhares de fiéis.
A censura impedia
publicações sobre dom Helder, a não ser para criticá-lo. O escritor Nelson
Rodrigues, defensor do regime, costumava chamá-lo de "ex-católico" e "arcebispo
vermelho". "Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto
por que eles são pobres, chamam-me de comunista", reclamava o
sacerdote.
Há oito meses, o
Vaticano autorizou a abertura do processo de beatificação e canonização de dom
Helder. O bispo não ganhou o Nobel, mas pode virar santo. Feliz
Natal.
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Colaboração de Odúlio Botelho
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