sábado, 12 de setembro de 2015

CRÔNICA DE UMA VIAGEM

   
Tadeu Arruda Câmara

DIÁRIO DE BORDO 

(Tadeu Arruda Câmara) 
Cansado da mesmice e curioso por conhecer outros lugares, interessei-me em fazer um cruzeiro de Buenos Ayres até as cidades Punta Del Leste e Montevidéu no Uruguai. Fui até à agência de turismo, fiz o pacote e aguardei o dia do embarque. 
Do dia do meu contrato até o dia do embarque, foi só de ansiedade: como seria o navio? O frio, o avião. Morro de medo de avião! 
Chegando o dia do embarque, peguei o voo para São Paulo. Lá pernoitei, seguindo viagem para Buenos Ayres. Tudo transcorrendo normalmente. Desci no aeroporto, um carro esperava-me com um motorista bem educado, levando-me até ao hotel. A entrada da cidade de Buenos Ayres é muito bonita, com muitas paisagens verdejantes. 
O hotel chamado de Vista Sol tinha um apelido de quatro estrelas, mas estrela mesmo só no banho. Um hotel antigo com precárias instalações. A primeira coisa que fiz foi correr para o banheiro, louco por um banho; a encanação muito antiga mostrava duas torneiras: uma, provavelmente, quente; e outra, fria, ambas em posições verticais. Sem indicação alguma, fui na sorte. Abri a primeira que jorrou um jato d’água quentíssimo. Aí foi o maior sufoco, a primeira vítima foi meu aparelho reprodutor. 
No outro dia, um carro me pega, levando-me até o porto onde um enorme e luxuoso navio me esperava. Era o MSC OPERA. Um navio com dois mil e duzentos turistas e setecentos empregados; um luxo indescritível. A área de lazer era um verdadeiro clube, com todo tipo de jogo, piscinas, bares, etc. 
O restaurante com comida farta servia um cardápio internacional a qualquer hora que você quisesse. Parecia um sonho, tudo era glamour. A tripulação educada, poliglota e sempre atenta aos meus pedidos. 
Na cabine muito confortável que estava, tinha uma varanda onde, nos quatro dias que passei a bordo, contemplava o nascer e o pôr do sol diariamente. Era aí a hora que mais doía a saudade de minha terra. 
Durante a noite, só festa. O navio com vários salões, teatro. Houve duas grandes festas, a do comandante e a dos italianos. Participei das duas. Muita gente bonita. 
A primeira visita do cruzeiro foi à cidade de Punta Del Leste. Uma cidade de porte médio. As praias, todas, são do rio Prata. Rio que, na sua parte mais larga, chega a 221 quilômetros. Um verdadeiro oceano! É o rio mais largo do mundo. Posteriormente, falarei das belezas deste lugar. 
Nossa segunda visita foi à cidade de Montevidéu. Muito bonita! E apesar de ser antiga, tem um povo agradável, bastante comunicativo. Foi lá onde aconteceu a primeira copa do mundo, em 1930, saindo vencedora a seleção uruguaia. 
Foram quatro dias a bordo no navio. Uma verdadeira cidade flutuante. Tudo ‘nos conformes’. Atendimento irretocável. Aquela impressão que a maioria de nós tem de que o navio balança, que enjoa, nada disso existe, só sabíamos que o navio navegava quando olhávamos para fora. 
Terminando o cruzeiro na cidade de Buenos Ayres, lá fiquei no hotel Colon. Muito bom, com excelente atendimento, situado no centro da cidade, mais precisamente na Praça da República. 
O povo argentino transparece sofrido, sem autoestima. A inflação dá sinais de retorno. 
Aquela história de que eles não gostam dos brasileiros, é verdade; e não só é pelo futebol não, é histórica. Pude constatar. A cidade não é feia, é uma São Paulo em menores proporções, com muitos prédios antigos. 
O tango é uma febre. É o que Buenos Ayres tem de melhor. Nas ruas, nas lojas é o que se escuta. 
Fui a um show de tango num teatro chamado “Senhor Tango”. Foi deslumbrante! O tango é, para os argentinos, o que o forró é para os nordestinos. 
Percorri quase Buenos Ayres toda. Fiz questão de sentir o povo. Conversava com todo o mundo. Notava o povo trancado quando se falava em política. Na opinião deles, somos desonestos, não só pelos ‘mensaleiros’: eles lembram muito o furto da Taça do Mundo Jules Rimet da Confederação Brasileira de Futebol, no ano de 1983, onde derreteram três quilos e oitocentos gramas de ouro puro. Esta taça foi quando o Brasil consagrou-se tricampeão mundial no México em 1970. 
Após dois dias de intensa movimentação em Buenos Ayres, retornei para o Brasil.

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