NECO - MEU VIOLONISTA, MEU AMIGO
Odúlio Botelho – do IHGRN/ALEJURN/INRG
Revendo a crônica que
escrevi em homenagem póstuma ao grande Neco
do Violão, no dia de sua partida, há oito anos, reafirmo que ele foi uma das
melhores pessoas que conheci.*
Se o grande
Rafael Rabelo foi o monumental violonista das décadas de 1980/1990, tendo orquestrado e
acompanhado no seu violão de ouro os deuses da mpb, a exemplo de Nelson Gonçalves, Sílvio Caldas, Orlando Silva,
Altemar Dutra, Gal Costa, Paulinho da Viola, Claudionor Germano, Maria Betânia,
Caetano Veloso, Chico Buarque, Alceu Valença, Ney Matogrosso, enfim, todos os
astros do cancioneiro popular (tendo produzido inclusive o excelente CD
"Mestre Capiba" - BMG-Brasil), o grande Neco do Violão, nascido e
sepultado no vale do Ceará-Mirim foi o meu violonista predileto, desde 1952,
nos tempos da Rádio Poti de Natal e, de lá até o dia 23 de Setembro/2006, não
mais o larguei. Apenas quando Neco passou a residir no Recife, por duas
décadas, a nossa parceria musical deixou de existir formalmente, porque no
campo espiritual sempre estivemos unidos.
É verdade que parei de cantar por algum
período. Imposições da vida. Entretanto, com o retorno de Neco a Natal nos
reencontramos e, como não poderia deixar de ser, cultivamos uma amizade muito
mais madura do que nos tempos da juventude. Neco, em tempos idos, fez parte do
conjunto musical Vocalistas Potiguares, que marcou época na musicalidade
natalense, ao lado dos irmãos Sebastião e Roldão Botelho, Walter Canuto e
tantos outros, sendo esse um grupo musical que nada devia aos grandes conjuntos
brasileiros, entre os quais: Anjos do Inferno, Demônios da Garoa, etc...
Bem, estando
devidamente apresentado aos leitores o meu inesquecível amigo Manoel Guedes de Araújo, que veio
a este mundo pelas carícias de Dona Corina e de Seu Araújo no ano de 1931,
ascendeu para a glória da eternidade em 23 de setembro último, uma vez que
"há tempo de nascer e tempo de morrer", conforme o ensinamento do
Eclesiastes: 3:8, embora tenha nos deixado repletos de saudades sim, mas de
tristeza não.
Há um detalhe peculiar ao seu falecimento que
precisa ser levado ao domínio público. Neco partiu para o outro plano em paz
com Deus e nos braços de seus amigos. Comemorava-se, naquela ocasião, o
aniversário de uma pessoa muito especial - Fátima Guedes. Tocou o seu violão
durante uma tarde inteira, com o solo magistral do tecladista Sílvio Caldas.
Estava feliz e exultante no convívio dos seus fãs.
Nesse
ambiente festivo entendeu que deveria partir para o universo celestial, decisão que se amoldou ao que sempre praticou
durante a vida: com serenidade, discrição, simplicidade, indulgência,
paciência, amor, lealdade e paz. Faleceu nos braços dos seus amigos prediletos
- Zé Petit, José Perci, Sílvio Caldas (o juiz) Rubinho Botelho, Assis Câmara,
Walquíria de Assis, Arthunio Maux, Beto (filho de Evaniel), Carlos Alberto
Galvão de Campos e Odete, enfim, de todos aqueles que no dia festivo do
aniversário de Fátima estavam delirantes com os seus acordes maravilhosamente sonoros.
Parece que o grande momento estava preparado. Aqui na terra, comemorava-se a
alegria da vida, inclusive com a presença lírica do poeta e escritor Nei
Leandro de Castro.
No Céu, Deus certamente o estava esperando para
consagrá-lo na sua grandiosa benignidade. Resta, agora, agradecer ao Onipotente
por ter convivido com você, estimado Neco, o que foi inegavelmente uma dádiva.
Mas, é oportuno indagar com muita saudade: quem irá acompanhar-me quando eu for
cantar Violões em Funeral?
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*Crônica escrita em 23 de set. 2006 e publicada a pedidos.
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