HÁ 86 ANOS
Em 07 de junho de 1927, pelas mãos de Mãe Quininha e Doutor Mariano Coelho, na cidade de Caicó, vinha ao mundo MOACYR GOMES DA COSTA, filho do Dr. José Gomes da Costa e D. Maria Ligia de Miranda Gomes, que veio a ser o arquiteto que criou o "Poema de Concreto Armado", Estádio de futebol que recebeu o nome de "Machadão" demolido pela insensatez de Governantes mal orientados.
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O menino Moacyr teve uma infância normal, mas sem fartura, cercado do carinho e do desvelo dos muitos familiares do lado dos Miranda e dos Gomes da Costa.
Por circunstâncias profissionais, seus pais vieram para Natal e aqui se desenhou a sua mocidade, entre as dunas das cercanias de Natal e o rio Potengi, enriquecida pelos amigos e pelos devaneios e sonhos bem sonhados, de criar asas e buscar o seu lugar ao sol.
No ano de 1934, com sete anos de idade, morou na Avenida Deodoro, em uma das casas de propriedade dos “Palatinic”, no quarteirão entre a Ulisses Caldas e a João Pessoa. A avenida tinha apenas pequeno trecho calçado e no centro passavam os trilhos do bonde elétrico que chegava até o alto da ladeira do sol.
Natal deveria ter em torno de 30 mil habitantes.
Outra coisa prazerosa que papai adotava em sua vida era de aproveitar os períodos de veraneio, que ocorreram em variados locais. No tempo de Moacyr, Fernando e Leda, em Areia Preta, em casa vizinha ou próxima à da família do General Rolindino Maciel. Foi época em que a infância tinha um sabor diferente, pela convivência mais aconchegante dos pais, irmãos e amigos. Em outro tempo, já Moacyr ausente, veraneamos em Barra do Cunhaú (Penha) e na Redinha, nesta por muitos anos, até ocorrer a morte trágica do nosso cunhado José de Morais Gondim, quando a vida familiar tomou novos rumos.
Em 1935, fixamos residência no bairro da Ribeira, esquina da Av. Duque de Caxias com a Nísia Floresta.
Da Ribeira a família foi residir em uma casinha acanhada no baldo, última casa da 13 de Maio, nº 890 (hoje Princesa Izabel), por curto período, pois a casa não cabia todos os seus integrantes.
Nesse período Moacyr estudava no Colégio Pedro II, do saudoso Professor Severino Bezerra, na Ribeira, ao lado do Teatro, depois para o curso ginasial do Atheneu da Avenida Junqueira Aires, em 1939.
Em seguida passamos a morar na Rua Felipe Camarão, onde nasceu Socorrinho, em 1942, vizinho à família Gosson.
]Nova mudança, desta vez para a Rua Princesa Izabel, vizinho a Paié e Vozinha (Aline), defronte do Colégio 7 de Setembro, do Professor Antônio Fagundes e a casa da conhecida e estimada parteira Dona Adelaide, que trouxe ao mundo parte dos irmãos.
O Brasil entra na guerra e Natal tornou-se famosa, conhecida como “Trampolim da Vitória”, na defesa do continente na 2ª Guerra Mundial.
A guerra recrudescia no mundo inteiro e cada vez mais ameaçadora. A cidade vivia constantemente em estado de alerta, com as noites em “black-out”, obrigando as pessoas a fazerem abrigos antiaéreos, com o céu rasgado por holofotes rastreando possíveis inimigos e os nossos aviões fazendo patrulhamento nas costas, voando pela cidade, deixando a população em permanente estado de tensão. A esse tempo papai exerceu o cargo de Delegado de Ordem Social e Cascudinho o de Secretário de Segurança, tendo acesso às informações oficiais, nos deixando ainda mais amedrontados.
Nesse ínterim Moacyr arranjou um emprego de escritório na Base Aérea americana, pois era bom datilógrafo e falava um pouco de inglês, enquanto papai, já melhorando da doença, foi incentivado pelos amigos a prestar exame para a Magistratura, ainda no leito, sendo conduzido nos braços, logrando aprovação e nomeação para Juiz de Direito da Comarca de Santana do Matos, distribuindo os filhos mais velhos entre os parentes, em razão da fase de estudos. Isso durou muito tempo, pois papai era Juiz de morar realmente nas Comarcas e foi sucessivamente sendo promovido para Angicos, Penha (Canguaretama), Macaíba até chegar em Natal.
À esse tempo, papai conseguiu comprar uma casinha na Rua Otávio Lamartine, onde nasceu Zezinho – o último dos filhos, mas teve de vendê-la para pagar dívidas de um irmão (Pedro Gomes), que assumira a titularidade da firma Gomes & Cia. Ltda., mas não transferiu os papéis. Isso foi uma grande perda, principalmente porque até então o magistrado era pessimamente remunerado.
Voltando no tempo, em 1945 termina a guerra – papai Juiz de Penha (Canguaretama) e Moacyr desempregado face à desativação da base americana. Surge a ideia de ir para o Rio de Janeiro estudar, recomendado pelo tio Luiz, então engenheiro bem sucedido, que recebeu nosso irmão mais velho, deu-lhe emprego em sua empresa e a orientação necessária para o aprendizado profissional e da vida – foi na verdade o alicerce em que edificou os objetivos maiores daquele jovem sonhador, sem onerar o já combalido orçamento da família.
Com tudo isso, nunca descurou dos estudos no velho Atheneu, ampliando seus conhecimentos e habilidades no desenho, concluindo o ciclo básico para tentar a Universidade.
Na escola regular, se sobressaiu pelo seu traço nos desenhos ilustrados dos seus cadernos, o que atraiu a atenção da família, inclusive do Tio Luiz Gomes da Costa, já então consagrado engenheiro na Capital Federal.
Desde então, já despontava como promessa de um futuro arquiteto, com a ajuda desse tio vencedor no Rio de Janeiro.
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Pequenos trechos de um livro que estou escrevendo em homenagem a esse homem extraordinário, que terá por título "O menino do poema de concreto".
PARABÉNS MOACYR.
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