terça-feira, 16 de abril de 2013


MISSÃO COMPRIDA, DEMISSÃO CUMPRIDA 
Devota dos tempos modernos, igreja demite monsenhor pela internet

Medeiros: agiram “à sorrelfa” para prejudicar monsenhor Lucas
Por Roberto Guedes
Foi por não ver méritos acadêmicos no novo diretor da Faculdade Dom Heitor Sales (FDHS), padre José Valquimar Nogueira do Nascimento que seu colega João Medeiros Filho, considerado um dos maiores valores intelectuais do Rio Grande do Norte contemporâneo, renunciou há poucos dias ao cargo de consultor acadêmico e assessor técnico da instituição.
Sem ter-se pronunciado a respeito em Natal, João Medeiros, que integra a Academia Norte-rio-grandense de Letras, explicou sua decisão numa “Nota de Esclarecimento ao Clero do Rio Grande do Norte e ao Povo de Deus” que encaminhou ao jornalista Marcos Dantas, responsável por um dos blogs mais lidos entre os editados em Caicó.
João Medeiros deixou seus cargos no último dia 1°, imediatamente depois de o arcebispo metropolitano, Dom Jaime Vieira da Rocha, haver exonerado o monsenhor Lucas Batista, vigário da paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, na zona sul de Natal, da direção geral da faculdade, que, sem ter autonomia financeira, é mantida pelo Instituto de Teologia Pastoral de Natal (Itepan).

Lucas: dedicação por dez anos e substituição intempestiva pelo Facebook da arquidiocese
Respeitado nacionalmente como orientador de projetos de criação de instituições de ensino superior, João Medeiros se exonerou também em solidariedade a Lucas, que soube de sua defenestração através da publicação do ato no perfil da Arquidiocese na rede social Facebook, sem que seus superiores o houvessem procurado para falar sobre o que os levou a esta decisão.
O que mais o motivou, porém, foi a preocupação em associar seu nome e sua “expertise” no campo das relações entre o ministério da Educação e instituições de ensino superior à entrega da faculdade a uma pessoa despreparada.
“O recém-nomeado, não obstante sua larga folha de serviços prestados à Igreja, não é detentor de diplomas oficiais para exercer o cargo de diretor geral de uma instituição de ensino superior. Pelo que é de domínio público, o aludido presbítero também não é técnico em assuntos educacionais e jamais dirigiu instituição oficial de ensino, devidamente credenciada e reconhecida pelos sistemas de educação”, diz João Medeiros, num trecho de sua nota.
Quanto à forma, ele a achou mais do que brusca. Lembrou que há menos de seis meses procedeu-se a uma renovação da portaria de nomeação do corpo diretivo e tudo levava a crer que a instituição andava bem.
“De repente, é divulgada de forma insólita e intempestiva no Facebook da arquidiocese a nomeação de um novo diretor da citada faculdade. É óbvio que houve um movimento, à sorrelfa, para retirar Monsenhor Lucas Batista Neto da direção da FDHS”, salientou. “A memória é muito curta e foi esquecido que, durante dez anos, Lucas batalhou para o credenciamento da faculdade e, agora, sob a alegação de ser um homem sobrecarregado, é dispensado sumariamente”, deplorou João Medeiros.

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