Foi ontem, no DIA DA POESIA, que encontrei THIAGO DE MELLO na entrada do Palácio da Cultura.
Não forcei o encontro, foi realmente um acaso e ele já estava à minha frente e estirou a mão no que de pronto correspondi com a expressão "é uma honra conhecê-lo". Ele retrucou, "honra não, satisfação". Repeti: "é realmente uma honra". Subi a escadaria e fui me postar no salão onde ele iria proferir uma palestra.
Não me aproveitei para tirar nenhuma fotografia com ele, embora conduzisse uma máquina. Se alguém nos fotografou nesse instante, ficaria muito feliz em receber uma cópia. Aliás, nem citado fui entre os presentes, como tantas outras pessoas, apesar de pertencer a tantas confrarias e presidir uma Comissão da Verdade.
Gostaria agora, longe dos seus olhos, reafirmar porque disse ser uma honra conhecê-lo. Primeiro a sua poesia encoraja; depois o seu exemplo de vida se reflete; terceiro pela coragem de pedir exoneração de um cargo da Diplomacia por não concordar com os princípio de uma ditadura servir de espelho para a sociedade; por último, apenas para não me tornar enfadonho, porque bebi de sua fonte de sabedoria desde quando Presidente da OAB/RN, quando em 28 de agosto de 1989 lancei um Manifesto criando o "Comitê em Defesa da Vida", para defender os oprimidos da violência e encontrei a força dos seus versos:
"Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida, e que de mãos dadas, trabalharemos todos pela vida verdadeira".
(Art. I dos Estatutos do Homem - Thiago de Mello).
Estando eu já no outono da vida, ouví-lo foi motivo de renovação das forças para enfrentar a mesma luta da minha juventude, agora no comando da "Comissão da Verdade da UFRN", na busca da verdade real embaçada nos percalços da intolerância de um período de quebra da liberdade.
O dia de ontem proporcionou momentos de grandeza e beleza - ainda nas escadarias, um coral encantador ornava o espetáculo, seguido da poesia cantada por Liz Nôga. Registre-se que durante o seu cantar\Thiago pôs a mão sobre o peito, num delicado gesto de atenção.
Depois, já no primeiro andar, a Sinfônica de Goianinha abrilhantou a festa, restrição apenas para o número do seu repertório tirado da apologia à Meca dos Estados Unidos (Nova Iorque). Não sei se por coincidência, mas num breve momento o poeta da amazônia retirou-se do recinto.
A Mesa composta com a Governadora Rosalba, Secretária de Cultura Isaura, Presidente da ANRL Diógenes, Franklin Jorge, o grande anfitrião da Pinacoteca do Estado e Públio representando o Prefeito de Natal.
E vem a saudação magistral do nosso Paulo de Tarso, que permitiu a Thiago, ao ouví-lo, movimentar as mãos como estivesse regendo os sons da palavra, numa métrica emocional. Foi divino para quem prestava a atenção. Aliás, nem todos, pois alguns estavam ali para cumprir o protocolo e foram saindo de "fininho", atitude criticada pelo palestrante.
Agora a palestra - mais de hora e meia, num silêncio de templo divinal, que me deu forças a ficar em pé fotografando, por cerca de uma hora, sem sentir o cansaço da idade e das pernas trôpegas que já me atormentam.
Terminou, não tive o atrevimento de cumprimentá-lo, despedi-me somente de Franklin, com um abraço silencioso. Estava emocionado e revigorado.
Obrigado Thiago de Mello - o meu respeito pelas suas lutas em favor da amazônia, do Brasil e do humanismo.
"Fica decretado que agora vale a gratidão".
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