sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


CARTAS DE COTOVELO – 2013.9

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista

Neste 23 passado, foi um dia de graça para mim. Logo cedo, no Supermercado Nordestão encontro-me com o Dr. Ernani Rosado e D.Madalena, que me entregaram cópia do filme “Amor de Outono” (Le Blé en Herbe), produção da Franco London Filme, sob direção de Louis Wipf, a que fiz referência em uma das primeiras Cartas de Cotovelo, edição 2013.
O filme é de 1954 e devo tê-lo assistido nesse mesmo ano, quando ainda adolescente e, seu enredo, muito bem se amoldava aos meus anseios, daí o haver incorporado aos meus devaneios juvenis, haja vista se passar com um jovem (Pierre-Michel Beck), mais ou menos da minha idade e num período de veraneio, como era do meu costume, lugar onde as aventuras afloravam com maior intensidade.
No meu comentário confundi o ator que encarnava o personagem “Philippe”, como se fora Gino Leurini, de origem italiana, quando foi o francês Pierre-Michel, contracenando com Nicole Berger, personalizando “Vinca”, que nutria por Phil um amor platônico, com a indiferença deste, até travar, por acaso, conhecimento com a “Madame Dalleray”, interpretado pela atriz Edwige Feuillère, de idade já madura, que protagonizou la prima volta do amor carnal de Phil.
Consumado o idílio, o jovem adolescente é imbuído de sentimentos diferentes, quando se depara com uma dupla situação, entre um amor inocente da menina-moça, ainda não assumido, interrompido por uma louca paixão, consumada com o encontro da sexualidade, que lhe proporciona o amadurecimento inusitado, que até então não cogitara.
Naquele momento de amor ele se desconhece ao olhar no espelho e em seguida toma quase que um banho de água benta disponível costumeiramente em pequenos santuários de estrada, muito comuns nas cidades europeias de então, como para lavar o espírito conturbado.
Voltando à razão, reconhece que tudo não passara de uma aventura e então tem a sua atenção despertada para a pureza de Vinca, coincidindo com o retorno de Dalleray à Paris.
Verifiquei, então, que havia retornado quase 60 anos no tempo. Fiquei com a paz de criança dormindo e, diferentemente dos dias comuns, só acordei depois das 8 horas.
Que belo presente!

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