domingo, 29 de abril de 2012


VAMOS POETAR?
Efigenia Oliveira


"Sou Negro
Sou Banto
Sou Sudanês
Sou gente
Sou pessoa
Minha Pátria: O mundo
Minha terra: Áfricas.
Tenho identidade
Tenho nome
Nasci do ventre
Nasci gente
Sou Negro
Negro Africanidades.
Negro por natureza.
Sou Negro
Tenho cultura.
Tenho história
Sou negro
Sou pessoa como você.
Sou negro
Voce!!!!
Negro eu sou.
Você eu não sei.
Honro a minha cor
A minha raça.
Negro de verdade
de lutas.
de histórias
Não sou negro de escravidão
Sou Negro de raça
de vida
Negro de história.
Negro que colonizou o mundo.
NEGRO COM MUITA HONRA.
Negro das Minhas Áfricas."


HÁ MAR E SERTÃO
Ivam Pinheiro

Há mar
no amar
e no sertão
do Seridó - sol
e ar mais ama
e rama que há
seria dó no ás
no ser tão belo
que feito elo
junta sertão
e cais de açude
outra margem
do amar no ar
para o ser mar
sonho não ilude
ser-tão só – luz
Salgado gole.

Sol, sal e suor
sede de viver
sal não engole
o suor e a uva
mas, vida ver
paz e amor
lá vem chuva
água explode
e sutil eclode
tanta paixão
água passa mar
mar da água e ar
volta para amar
no mar e sertão
do meu coração.
MOTE

“EXISTIR”, É PRIVILÉGIO.

“VIVER”, É MARAVILHOSO.

GLOSA

Não diria sortilégio,
Coisa sobrenatural,
Mas, entre o bem e o mal,
“EXISTIR”, É PRIVILÉGIO.

No “direito”, ele é egrégio
De algo mui curioso:
Nascer vivo, é venturoso,
Já tem direitos civis.
Mas a jornada é quem diz:
“VIVER” É MARAVILHOSO.

Wellington Leiros



NO TEMPO DA MINHA INFÂNCIA
(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal


Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria


A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade


Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração


Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido


Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir


Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança


No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado


Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria


Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira


Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado


Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos


Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras


Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão


Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé


Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar


Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão


Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia


O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço


E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira


Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar


Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade


Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança


A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...
_____________
Colaboração da leitora Maria Bandeira de Melo
Créditos: http://br.photaki.com/pictures-criancas-brincando-p1

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