segunda-feira, 16 de abril de 2012

O FORTE DOS REIS MAGOS

          O assunto me foi despertado por trabalho do meu confrade Luiz Gonzaga Cortez, que escreveu artigo a propósito da autoria do projeto do Forte dos Reis Magos, o qual, diferentemente das indicações divulgadas por pesquisadores, teria sido feito pelo engenheiro-mor Francisco de Frias Mesquita.
Apresentou documentos antigos que cuidam do assunto, dando azo para que a polêmica continue.
Estudando o tema, confesso o meu conhecimento superficial, mas compreendi que em verdade parece que a questão se coloca no seguinte patamar: a minha crença é de que o projeto é efetivamente do padre Gaspar de Samperes (ou Gonçalves de Samperes), e que teve a sua construção pelo engenheiro-mor Francisco de Frias Mesquita (1603-1634), quando adquiriu a atual conformação. Assim, no meu sentir, o engenheiro deve ter alterado a primitiva planta para dar-lhe um outro formato. Contudo, solicitei ajuda de Ivoncisio, que esteve em Portugal pesquisando o assunto e a resposta dele vai reproduzida em seguida. Por enquanto, o documento histórico que foi enviado por Cortez confirma que Francisco Frias foi o construtor. Isso não tem dúvida:

"Sobre o Forte: 1) Tavares de Lyra em História do Rio Grande do Norte (fls.31)"...se ordenou que Manuel Mascarenhas fosse por mar ao Rio Grande, na armada que veio de Pernambuco, e levasse consigo o Padre Gaspar de São João Peres, da Companhia, por ser grande arquiteto e engenheiro, para traçar a fortaleza, com seu companheiro o Padre Lemos, e o nosso irmão frei Bernardino da Neves, por ser muito perito em língua brasílica..." 2) Cascudo em "História do Rio Grande do Norte" 2ª ed. (fls.24): " A planta é do padre Gaspar de Samperes que fora mestre nas traças de engenharia na Espanha e Flandres, antes de entrar para a Companhia de Jesus,. É a forma clássica do forte maríotimo, afetando o modelo do poligno estrelado". 3) Pe. Serafim Leite S.J. em "História da Companhia de Jesus no Brasil - Cap. V - Rio Grande do Norte" (fls. 516): Nesta jornada foram dois padres: por Superior o Pe. Francisco de Lemos e por seu companheiro o Pe. Gaspar de S. Peres, ao qual nomeadamente pediu o Capitão pera lhe dar alguma boa traça do forte, que El-Rei lhe mandava fazer, como lha deu, porque sabia bem dessa arte e a exercitara, em Espanha e no Brasil, antes de entrar na Companhia, quando professava a milícia." 4) Hélio Galvão em "História da Fortaleza da Barra do Rio Grande" (fls. 53 -ítem 19 até fls. 56). O forte tem o traço do poligno estrelado denominado de " a Vauban" arquiteto militar francês, criador dessa forma de fortificação. Vicente de Lemos e Tarcísio Medeiros seguem as informações de Frei Vicente do Salvador em "História do Brasil - 1500 a 1627". a planta original e de Frei Gaspar de São João Peres, com o está enunciado pelos antigos historiadores, feito de pau a pique e taipa coma lama do rio que não resistiu as ondas do mar. A construção em pedra é de Frias. O holandez ocupou o forte inacabado já com o traçado de Francisco Frias de Mesquita, como conta Hélio Galvão em op.cit. Um abraço e a sua disposição." Ivoncísio

O assunto é palpitante e solicito os comentários dos pesquisadores.

Um comentário:

  1. Caro Miranda,

    Muito bom conhecer esses detalhes da história. Dia desses levamos nossos alunos do Curso de Ciências da Religião/UERN para uma aula de campo no Barco Chama Maré - no qual tivemos algumas aulas de Biologia e História do RN, navegando pelo Potengi...juntando o passeio e as informações de seu blog, posso dizer que aprendi mais do que nos livros didáticos bastante reducionistas! Fico com pena de nossos alunos que só leem pela metade, em fragmentos acríticos textos sem comprometimento algum.

    Parabéns!

    Abraço

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